
Jaqueline Silveira
Quinto maior colégio eleitoral do Estado com 204.282 eleitores, Santa Maria, na Região Central, tem seis candidatos à Prefeitura. Polo de educação, a cidade abriga o segundo contingente militar do país e tem um orçamento de R$ 870 milhões em 2020.
Entre os seis candidatos que disputam o comando do município, dois deles representam a base do governo Jorge Pozzobom (PSDB). O próprio prefeito tucano busca a reeleição e seu atual vice, Sergio Cechin (Progressistas), também concorre ao cargo máximo. Até o começo de 2020, o indicativo era de que a dupla Pozzobom e Cechin se repetiria, entretanto, no mês de março, o Progressistas anunciou a candidatura própria e a relação entre prefeito e vice estremeceu, bem como com os aliados dos dois políticos. A rivalidade dos bastidores, inclusive, foi parar nas redes sociais.
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O vice de Cechin também é da mesma base. É o médico e vereador de primeiro mandato Francisco Harrisson (MDB), Dr. Fancisco, que até o mês de janeiro era o secretário de Saúde de Pozzobom. A disputa entre prefeito e vice provocou uma situação inusitada: ambas as coligações encaminharam o pedido de registro à Justiça Eleitoral com o Podemos como apoiador. A direção local da sigla decidiu apoiar Cechin, contudo, a cúpula estadual não concordou e promoveu a intervenção do Podemos em Santa Maria, aderindo à aliança de Pozzobom, que tem como vice o empresário Rodrigo Decimo (PSL), um estreante na política partidária.

Como as duas coligações enviaram os registros constando o mesmo partido, coube à Justiça Eleitoral decidir que o Podemos integrará a coligação de Pozzobom. Embora pequeno na cidade, o partido tem 17 parlamentares na Câmara dos Deputados, portanto com um tempo razoável no horário eleitoral gratuito.
Já sobre plataforma de governo, Pozzobom defende a continuidade do seu legado, prometendo recuperar os setores impactados pela pandemia. Já Cechin, nesses primeiros dias de campanha, tem focado em sua experiência para administrar a cidade do centro do Estado, uma vez que foi vereador seis vezes e duas vezes vice-prefeito.
PT aposta em nova liderança
Já o PT apostou em uma nova liderança para concorrer à prefeitura. Vereador de segundo mandato, Luciano Guerra foi o parlamentar mais votado nas eleições de 2016 com 4.215 votos. Ligado ao interior do município, Luciano é afilhado político da maior liderança petista em Santa Maria: o deputado estadual Valdeci Oliveira, que, em 2016, protagonizou com Pozzobom o segundo turno mais apertado do país, vencido pelo tucano por uma diferença de apenas 226 votos. Valdeci, inclusive, é o coordenador da campanha do candidato a prefeito. Desta vez, o PT não fechou coligação com agremiações alinhadas à esquerda como ocorreu em eleições anteriores. O aliado em 2020 é uma sigla de centro, o Partido Social Democrático (PSD), que contribuiu com o vice da chapa, o também vereador Marion Mortari (PSD), que, a exemplo do candidato a prefeito, é identificado com o campo. Como bandeira de campanha, Luciano prega uma gestão com foco na participação, na inclusão e no respeito à diversidade.

Um estreante e dois retornos à disputa
Presidente Municipal do PDT, o ex-vereador e radialista Marcelo Bisogno disputará pela segunda vez consecutiva a prefeitura de Santa Maria. Em 2016, ficou em quinto lugar com 12.515 votos. Bisogno, que foi assessor parlamentar da deputada estadual Juliana Brizola (PDT), construiu uma aliança com partidos identificados mais à esquerda. Seu vice será Fabiano Pereira (PSB), ex-deputado estadual e ex-secretário estadual da Justiça e Direitos Humanos e de obras nos governos Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (MDB), respectivamente. Ele chegou a ser cotado para concorrer a prefeito pelo PSB, a exemplo do que ocorreu no pleito de 2016, mas, ao final, foi confirmado como vice de Bisogno. O candidato pedetista tem entre as prioridades de seu plano de governo a desburocratização dos processos para estimular investimentos no município e a resolução das filas nos postos de saúde.
Pastor evangélico, Jader Maretoli (Republicanos) foi a surpresa do primeiro turno das eleições de 2016. Ele chegou em quarto lugar com 19.487 votos, representando um partido sem muita expressão em Santa Maria: o Solidariedade. Secretário adjunto de Esporte até o mês de março deste ano do governo Eduardo Leite (PSDB), Jader concorre com chapa pura e tem como vice a professora Maria Helena, também do Republicanos. A família e a gestão nas áreas social, de saúde e esporte são algumas das principais bandeiras do candidato do Republicanos.

Representante do Cidadania, o advogado Evandro de Barros Behr tem um sobrenome bem conhecido na política da cidade. Ele é filho do ex-prefeito Evandro Behr, que administrou o município na década de 90. Pela primeira vez, ele concorre à prefeitura, mas já teve duas experiências em campanha ao concorrer a vice -prefeito, em 2000, ao lado do ex-prefeito Cezar Schirmer (MDB) e a deputado estadual, em 2002. Com a vice do mesmo partido, a enfermeira Carla Kowalski, Evandro tem como eixo principal do seu plano de governo a retomada do desenvolvimento de Santa Maria.
As seis candidaturas
- Evandro de Barros Behr, candidato a prefeito, e Carla Kowalski, candidata a vice. Ambos do Cidadania. Apoio do Democracia Cristã.
- Jader Maretoli, candidato a prefeito, e Maria Helena, candidata a vice. Ambos do Republicanos. Apoio do PSC.
- Jorge Pozzobom (PSDB), candidato a prefeito, e Rodrigo Decimo (PSL), candidato a vice. Apoio de Podemos, DEM, PTB, PTC e Podemos.
- Luciano Guerra (PT), candidato a prefeito, e Marion Mortari (PSD), candidato a vice.
- Marcelo Bisogno (PDT), candidato a prefeito, e Fabiano Pereira (PSB), candidato a vice. Apoios de PCdoB, Rede e PV.
- Sergio Cechin (PP), candidato a prefeito, e Francisco Harrisson (MDB), candidato a vice. Apoios de PRTB, Patriota, Pros, PL, Avante e Solidariedade.