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4 de maio de 2019
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19:18

RedeTV não irá exibir entrevista que gravou com Lula

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Lula durante entrevista concedida ao El País e à Folha | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

Da Redação 

Apesar de entrar com uma ação na Justiça para garantir o direito de entrevistar o ex-presidente Lula, a RedeTV decidiu não veicular a entrevista que ele concedeu ao jornalismo Kennedy Alencar na sexta-feira (3). A informação foi confirmada pela assessoria de Lula.

“Fomos informados hoje que a RedeTV decidiu não exibir a entrevista. Registre-se que emissora não só entrou com uma reclamação junto ao Supremo Tribunal Federal para garantir o direito de entrevistar o ex-presidente como gravou a entrevista no dia de ontem. A entrevista deve ser divulgada no exterior na BBC“, diz nota divulgada nas páginas do ex-presidente.

De acordo Alencar, a entrevista deve ser divulgada em um projeto em desenvolvimento com a BBC World News. O jornalista disse, no Twitter, que isso será feito “em breve”, mas não especificou quando — o material também será divulgado em seu blog pessoal. A expectativa era de que a Rede TV exibisse a entrevista com Lula às 19h30 deste sábado.

Ainda na sexta, Alencar divulgou um trecho da entrevista em que Lula fala sobre a possibilidade de progressão de regime. Confira:

Lula: Por que você acha que eu digo que não troco a minha dignidade pela minha liberdade? Porque, de vez em quando as pessoas falam “Ah, mas agora foi julgado e tem a tal da detração [penal] e você já pode sair”. Obviamente, quando os meus advogados disserem “Lula, você pode sair”, eu vou sair. Só sairei daqui se qualquer coisa que tiver que tomar decisão não impedir de eu continuar brigando pela minha inocência.

Kennedy Alencar: A questão da detração, presidente, é um direito que o sr. tem, pq o sr. já tem menos de oito anos de pena a cumprir. E, no regime brasileiro, pode ir para o semiaberto. Como não há vagas, o sr. poderia sair para trabalhar durante o dia e voltar para casa. O sr. vai pedir a detração penal?

Lula: Olha, eu só pedirei no dia em que meus advogados, o Cristiano e o Batochio, disserem pra mim “Presidente Lula, o sr. pode pedir, que, se o sr. pedir, o sr. pode continuar a sua briga pela sua inocência”.

KA: Os advogados já dizem isso.

Lula: Os meus advogados não disseram. Eu vou ter uma reunião com o Cristiano hoje, que eu quero entender bem isso. Tem muita gente dando palpite.

KA: Então, vamos ser claros aqui: se os advogados disserem que sr. pode pedir esse direito e isso significar que o sr. pode continuar dizendo que é inocente, o sr. vai pedir?

Lula: Não é só dizendo, não. Eu quero continuar provando a minha inocência. Aí, eu posso pedir. (…) Olha, se os advogados disserem para mim, “Lula, você pode pedir a detração e você vai continuar brigando pela sua inocência do mesmo jeito que você está”, eu não tenho nenhum problema de pedir, porque eu quero sair daqui.

KA: O senhor vai pedir ou não vai pedir?

Lula: Eu posso pedir.

KA: Pode ou vai?

Lula: Posso pedir se eles me garantirem que eu posso continuar me defendendo.

KA: Seja claro, presidente… se eles disserem, o sr. vai pedir?

Lula: Peço. Eu quero ir para casa. Agora, se eu tiver que abrir mão de continuar a briga pela minha defesa, eu não tenho nenhum problema de ficar aqui.

Esta é a segunda entrevista concedida por Lula desde que foi levado a Curitiba, em 7 de abril de 2018. No dia 26 de abril, ele falou aos jornalistas Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e Florestan Fernandes Júnior, do El País. O Sul21 também entrou com uma ação na Justiça para entrevistar Lula e aguarda resposta.


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