Ciclistas enviam termo de compromisso sobre transporte alternativo aos candidatos ao governo do estado

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Ciclistas enviam termo de compromisso sobre transporte alternativo aos candidatos ao governo do estado
Ciclistas enviam termo de compromisso sobre transporte alternativo aos candidatos ao governo do estado
Ativistas do Mobicidade querem estimular debate sobre transporte alternativo l Foto: Camila Domingues
Ativistas do Mobicidade querem estimular debate sobre transporte alternativo l Foto: Camila Domingues

Caio Venâncio

O tema do transporte alternativo não foi debatido pelos candidatos ao governo do Estado no primeiro turno das eleições. Na segunda etapa da disputa por votos, a situação se repete e o assunto não é abordado nos planos de governo de José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT). Para tentar alterar este quadro, o coletivo Mobicidade, que reúne ciclistas e ativistas de transportes alternativos em geral, criou um termo de compromisso com pautas específicas da área. O documento foi enviado aos dois possíveis futuros governadores do Rio Grande do Sul na última quinta-feira (9), mas nenhum retorno foi recebido até o momento.

As principais reivindicações elencadas são: criação de ciclovias quando rodovias forem duplicadas ou alargadas, bem como em locais de grande movimento de ciclistas; fortalecer e ampliar campanhas educativas do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) que considerem os modais não-motorizados; desonerar de tributos estaduais a cadeia produtiva de bicicletas e assemelhados; incentivar a integração dos modais não-motorizados com o transporte coletivo metropolitano nos grandes centros.

Coordenador de comunicação do coletivo Mobicidade, Marcelo Guidoux lamenta o fato de a temática pela qual milita não estar incluída nos planos de governo. Sem respostas oficiais até o momento, o único retorno que recebeu foi por meio do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), conhecido pela defesa da bicicleta como alternativa de transporte, que alertou a coordenação da campanha de seus companheiros de partido. A partir disso, há a possibilidade de que Tarso assine o compromisso, mas com ressalvas.

Guidoux frisa que o descaso com a questão não é exclusividade dos candidatos a ocupar o Palácio Piratini num futuro próximo. Atualmente, trechos da BR-116 estão sendo alargados. Com isto, o Mobicidade solicitou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que uma ciclovia fosse construída ao lado da rodovia, o que foi negado. “Agora eles vão retirar as vias laterais, que era por onde os ciclistas trafegavam, já que é inseguro fazer isso pelo acostamento. Ou seja, vai piorar a situação pra quem utiliza a bicicleta naquele trecho”, afirma.

A necessidade das vias exclusivas para bicicletas em estradas muito movimentadas é justificada pelo grande número de acidentes. “Onde mais morrem ciclistas é nas estradas e os acostamentos muitas vezes são intransitáveis em função do cascalho”, justifica Guidoux. Segundo o ativista, no Brasil, as ciclovias junto às rodovias seriam uma novidade, mas, na Europa, uma rede de mais de 70 mil quilômetros está sendo construída, envolvendo dezenas de países.

Militantes do tema querem levar a discussão que já iniciou nos municípios também para o nível estadual | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Militantes do tema querem levar a discussão que já iniciou nos municípios também para o nível estadual | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Outro ponto considerado relevante é a criação de campanhas educativas específicas sobre a maneira como lidar com as bicicletas no trânsito, a exemplo do que já fizeram os Detrans do Paraná e do Espírito Santo.

Embora o documento do Mobicidade não tenha recebido muita atenção de Tarso e Sartori até o momento, o coordenador de comunicação do grupo acredita que a atitude é importante para fomentar a discussão. “Infelizmente, não é algo que esteja na cabeça dos nossos representantes políticos, principalmente quando se fala na ciclovia como alternativa de transporte entre diferentes cidades. Atualmente este debate já iniciou de alguma forma nos municípios. É preciso colocar a mobilidade não-motorizada em pauta”, reforçou.


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