“Estabeleceremos projeto de governo, de Estado, e não um projeto de poder”, diz Sartori na Federasul

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Satrtori foi acompanhado pelo candidato a vice José Cairoli (PSD) e ao Senado Beto Albuquerque (PSB) |Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Débora Fogliatto

Em entrevista coletiva na Federasul, em Porto Alegre, o candidato ao governo do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori (PMDB) falou sobre a relação de seu partido nos âmbitos estadual e federal, de possíveis soluções para a dívida, educação e condição das estradas.

Sartori participaria de um almoço com empresários no local após a coletiva, mas o compromisso foi cancelado após notícia da morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB), candidato apoiado pela coligação O Novo Caminho para o Rio Grande.

O candidato começou falando de sua trajetória, que começou aos 13 anos no grêmio estudantil de sua escola, ainda em Antônio Prado. Aos 18 anos, foi morar em Caxias do Sul, onde foi presidente do Diretório dos Estudantes da universidade e veio a construir sua carreira política. Deputado estadual por cinco mandatos e federal por dois anos, Sartori interrompeu o mandato quando foi eleito prefeito da cidade da serra gaúcha, em 2004, e reeleito em 2008. “Estabeleceremos projeto de governo, de Estado, e não um projeto de poder”, defendeu.

Sartori mencionou diversas vezes a necessidade de haver “diálogo e aproximação” entre os governos e a população. Ele começou criticando a situação financeira do estado, que passa por “dificuldade”, segundo ele. “O Rio Grande do Sul, naquilo que não depende do governo, cresce, se desenvolve. O que não vai bem é o poder público estadual”, afirmou. O candidato lembrou que um bom governo precisa “entregar o governo melhor do que recebeu” e disse ter “convicção de que o atual não vai conseguir”, citando a dívida de R$ 10 bilhões.

Perguntado sobre sua confiança nas pesquisas eleitorais, que o apontam como terceiro colocado à disputa pelo Piratini, Sartori apenas falou que acreditava nelas até concorrer à prefeitura de Caxias. “Se fosse pelas pesquisas eu não teria sido prefeito de Caxias do Sul nem em 2004 nem em 2008”, brincou.

Ele defendeu maior interação entre o governo e os cidadãos e a prioridade ao serviço público. “O serviço público tem que chegar com qualidade pra população”, afirmou. Sobre enxugar o número de secretarias, o candidato preferiu não se comprometer, colocando que “o mais importante é secretarias trabalharem integradamente, que haja confluência em direção ao plano do governo”.

PMDB estadual x nacional

Questionado mais de uma vez sobre possíveis dificuldades devido às divergências do PMDB gaúcho com o nacional, Sartori demonstrou tranquilidade. “Participei de uma pré-convenção, me submeti a ela e obtive em torno de 73% e todos sabiam a minha opinião e minha posição. Precisamos encontrar novos caminhos para o estado e o país”, colocou, sobre a posição de seu partido no âmbito estadual de apoiar a coligação do PSB, enquanto nacionalmente participa do governo de Dilma Rousseff (PT).

Sobre uma possível parceria com o governo federal, caso seja eleito e Dilma também, Sartori lembrou que não teve problemas de relacionamento na época que era prefeito de Caxias do Sul. “PMDB sempre foi partido democrático que respeitou divergências. Sempre tive um bom relacionamento com Dilma e sempre que apresentamos projetos qualificados obtivemos bons resultados”, afirmou.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
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Dívida do estado

Sobre a dívida, o ex-prefeito ponderou que o importante é realizar “grande negociação política” que venha com a diminuição das prestações. “Não se pode parar o Estado para arrumar a casa. É preciso fazer o equilíbrio financeiro. O acordo proposto é perverso que não resolve a situação para fazer investimentos na infraestrutura”, colocou.

Ele também citou que a liderança do PMDB na Assembleia já solicitou ao Tesouro gaúcho informações sobre a realidade dos investimentos e dos recursos, mas ainda não obteve resposta.

Educação

Sartori afirmou que acompanha a luta do magistério desde 1979, quando era vereador, e o movimento de professores começou a se articular. “Os professores estão esgotados e cansados dessa realidade e querem produzir juntos essa possibilidade de mudança e de alteração. Precisa ter treinamento, capacitação, mudar a gestão das escolas”, refletiu, acrescentando que tudo deve ser feito de forma “coletiva para o bem da população”.

EGR

Sobre a manutenção da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), criada pelo governador Tarso Genro, Sartori garantiu que “nada é descartado nas condições atuais para que se possa atender as necessidades de melhoria de infraestrutura”, mas criticou que “não adianta terminar com pedágios e estradas continuarem esburacadas”.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
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Ele afirmou que acredita na possibilidade de realizar parcerias público-privadas e concessões regionais, mas sempre sob o controle público. Para o candidato, é preciso “avaliar muito bem” as formas como a empresa pode progredir. Ele colocou que não é porque a EGR foi feita por outro governante que será descartada caso eleito. “Eu nunca desfiz o que os outros realizaram. Se não tiver bem, vamos modificar. Se tiver bem, vamos dar continuidade e melhorar. Mas acho que está ainda com muita dificuldade, porque o que encontramos nas rodovias é dificuldade e lentidão”, apontou.

Segurança

Para Sartori, o problema da segurança é nacional e sua resolução precisa partir do governo federal, que investe apenas 0,4% de sua receita na segurança. “Não existe possibilidade de mudar a segurança sem maior investimento, inclusive nas fronteiras. É por lá que entra a matéria-prima que depois se transforma em droga e liquida com nossa juventude. E não existe o controle de fronteira que deve ser feito pelo governo federal”, criticou. Ele defendeu também que se mude o “sistema prisional brasileiro como um todo”.

 


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