De Poa
|
19 de outubro de 2023
|
14:04

Matheus Gomes: A bancada negra tem sido protagonista e precisa estar na chapa da esquerda

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Matheus Gomes é o convidado desta semana do podcast De Poa | Foto: Reprodução
Matheus Gomes é o convidado desta semana do podcast De Poa | Foto: Reprodução

O episódio desta semana do podcast De Poa recebe o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). Ele conversa com Luís Eduardo Gomes sobre o papel da bancada negra na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa, bem como a indicação de seu nome pelo Movimento Negro Unificado (MNU) para compor chapa nas eleições a prefeito de Porto Alegre em 2024.

Para o deputado, a presença de integrantes da chamada bancada negra, eleita em 2020 para a Câmara de Vereadores e dois anos mais tarde para a Assembleia Legislativa, em uma eventual chapa de esquerda unificada é essencial para mobilizar o eleitorado dos partidos, uma vez que as eleições destes parlamentares seriam a principal novidade política da cidade nos últimos anos.

“Eu acho que a gente precisa estar conectado com os elementos mais progressivos que têm na realidade política da nossa cidade no último período. E, quando eu faço essa adjetivação progressivo, tem a ver com da onde vem o projeto alternativo à Prefeitura, quais são os polos de resistência, as formas de articulação que no último período conseguiram criar um movimento político na cidade que chamasse a atenção da sociedade e, a partir daquilo ali, ganhasse apoio massivo e respaldo da população. Na minha opinião, no âmbito da esquerda, os protagonistas desse tipo de processo no último período foram os integrantes da bancada negra. Então, necessariamente, nós precisamos ter representação na chapa que está sendo formada”, diz.

Veja mais episódios do De POA:
Maria do Rosário: Meu nome está colocado para disputar a Prefeitura, mas não como imposição
De Poa: professores do IPH explicam os riscos de substituir o Muro da Mauá
Luciano Fedozzi: ‘Nós mostramos que há alternativa para o Cais Mauá’
Mari Pimentel: Em 6 meses, Smed recorreu mais a dispensa de licitação do que a Prefeitura inteira
Bruna Rodrigues: ‘O Melo construiu um muro invisível na cidade’
Ubirajara Toledo: ‘Nunca se fala de Porto Alegre como uma cidade negra’
Paulo Brack: Novas mudas levarão 40 anos para chegar ao porte das cortadas no Harmonia
Francisco Aquino: ‘Os eventos climáticos se intensificaram no mundo, não seria diferente no RS’
Filipe Leiria: Em seis meses, teremos que discutir novamente a forma de financiar o IPE Saúde
Karen Santos: ‘O negro sempre foi objeto de denúncia, mas não era sujeito para falar em 1ª pessoa’
Clarice Oliveira: Plano Diretor ‘muito liberal’ de Melo pode ser cheque em branco ao mercado
Eber Marzulo: grandes empreendimentos servem para investimento, não são para as pessoas
Alex Cardoso: Geramos mais lixo e reciclamos menos porque os lixões são um grande negócio
Germano Bremm: ‘o mercado da construção civil não pode nunca ser demonizado’
Lucia Pellanda: ‘Não foi decretado o fim da pandemia’
Hique Gomez: ‘As leis de incentivo dão lucro para os cofres públicos, por isso que elas existem’
Renato Dornelles: ‘A sociedade odeia o crime masculino, mas admite. Agora, o feminino não’

O De Poa, parceria do Sul21 com a Cubo Play, é um programa de entrevistas sobre temas que envolvem ou se relacionam com a cidade de Porto Alegre. Todas as quintas-feiras, conversamos com personagens ilustres ou que desenvolvem trabalhos importantes para a cidade. Semanalmente disponível nas plataformas da Cubo Play e do Sul21.

Confira a seguir alguns trechos da conversa com o deputado estadual Matheus Gomes.

Luís Gomes: Deputado, eleições 2024. No dia 30 de setembro, o Movimento Negro Unificado (MNU) indicou o seu nome para formar uma chapa unificada de partidos de esquerda na disputa pela Prefeitura de Proto Alegre? Como é que tu está vendo as conversas, como é que tu te insere nessas conversas?

Matheus Gomes: O Movimento Negro Unificado me deu a tarefa de ser interlocutor do movimento no debate sobre as eleições de 2024 em Porto Alegre e nos colocou no cenário de discussão sobre possíveis candidaturas. Nós já estamos em pré-campanha, isso partiu do prefeito Sebastião Melo inclusive, que se auto declarou como candidato 2024, começou a organizar os partidos políticos numa frente para buscar a sua reeleição e, a partir disso, a esquerda e a oposição começaram também as suas articulações. Nos chamou a atenção que os partidos de esquerda, e aí de conjunto, PSOL, que é o partido do qual faço parte, PT, PCdoB, não estavam apresentando nomes que refletem essa transformação importante nas duas últimas eleições. A gente tem lideranças políticas negras, eleitas, muito bem votadas, eu tenho a responsabilidade de ter sido o candidato a deputado estadual mais votado na cidade de Porto Alegre na última eleição. E, da mesma forma, todas as parlamentares negras eleitas tiveram uma expressão muito significativa em Porto Alegre nas urnas. E nós estávamos, até então, fora do debate quando o MNU apresentou essa proposta na sua assembleia estadual, eu achei muito importante e me dispus a cumprir essa tarefa de entrar na discussão com o conjunto dos partidos e, ao mesmo tempo, fazer um debate que vai para além do meu nome enquanto um possível candidato a prefeito ou vice-prefeito, mas parte da compreensão de que nós temos que ter a representação negra e periférica nessa chapa de oposição, porque a possibilidade da gente derrotar a candidatura do Sebastião Melo no ano que vem parte dessa conexão que a gente precisa fazer. Onde a eleição de Porto Alegre foi decidida contra a esquerda em 2020? Foi nesses territórios nas comunidades. Então, nós precisamos conectar uma força aqui que parta daí também. Isso obviamente tem um vínculo com os nomes, mas também com o projeto, que aí tá representado pelo movimento social negro, pelas articulações comunitárias que a gente tem impulsionado no último período e que, na nossa opinião, têm que ser protagonistas desse processo. Eu fiquei contente com a repercussão porque deu uma chacoalhada já e eu acho que, a partir daí, a gente começa a colocar outras cartas na mesa, para pensar a forma que a gente vai disputar para vencer as eleições do ano que vem.

Luís Gomes: Tu acha que é possível a oposição derrotar o prefeito Sebastião Melo sem que a bancada negra faça parte desse projeto?

Matheus Gomes: Eu acho que a gente precisa estar conectado com os elementos mais progressivos que têm na realidade política da nossa cidade no último período. E, quando eu faço essa adjetivação progressivo, tem a ver com da onde vem o projeto alternativo à Prefeitura, quais são os polos de resistência, as formas de articulação que no último período conseguiram criar um movimento político na cidade que chamasse a atenção da sociedade e, a partir daquilo ali, ganhasse apoio massivo e respaldo da população. Na minha opinião, no âmbito da esquerda, os protagonistas desse tipo de processo no último período foram os integrantes da bancada negra. Então, necessariamente, nós precisamos ter representação na chapa que está sendo formada. Nós fazemos um chamado nesse momento a PSOL, PT e PCdoB, foram os partidos que já iniciaram as conversas no âmbito das suas federações, o que inclui também PV e Rede, mas queremos discutir com todo o campo democrático progressista essa necessidade a partir de agora. Eu acho que, se a gente for por esse caminho, nós temos condição, sim, de criar uma chapa que seja representativa desse sentimento que dialoga com a necessidade de mudança. São 20 anos com uma alternância dos mesmos grupos políticos na cidade de Porto Alegre. Se a gente não olhar pra onde tá o impulso mais forte de mudança dessa situação, nós vamos entrar numa eleição sem chance de disputar uma vitória real. Então, nós queremos trabalhar com essa perspectiva de vencer. Para vencer, temos que estar conectados com aquilo que pode nos impulsionar à vitória.

Luís Gomes: E como é que tu tem visto as conversas internas sobre a formação da chapa? Mudou alguma coisa, por exemplo, desde que o MNU indicou o teu nome?

Matheus Gomes: Até o momento, a gente não teve ainda reuniões formais, espaços para desenvolver essa discussão. O MNU vai tomar essa iniciativa. Então, a partir de agora, procurando diretamente as direções partidárias do PSOL e da federação com a Rede. Da mesma forma, com o PCdoB, PT, PV, com outros movimentos que já estão pautando o debate eleitoral. A gente vai tomar essa iniciativa enquanto movimento e incidir naquilo que ambos os partidos têm discutido como uma possibilidade, que é o tema de tu ter um espaço mais amplo, em que não só as direções partidárias definam o que vai ser a candidatura, que as pessoas possam opinar também. Eu sou muito simpático a ideia da gente ter um processo de prévias, mas ampliado, onde os movimentos sociais também podem participar. No PSOL, de alguma forma, isso não foi apenas uma ideia no último período, mas se concretizou já em diferentes momentos. Em 2018, por exemplo, nós tivemos a candidatura do Guilherme Boulos e da Sônia Guajajara, ambos com filiações do partido que tinham caráter de filiação democrática. O Boulos era, naquele momento, liderança do MTST, da mesma forma que a Sônia era liderança da APIB, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. E o partido se abriu para ambos os movimentos apresentarem uma alternativa que contemplava o nosso programa e, ao mesmo tempo, também era disruptiva na forma em que se apresentou. Então, os movimentos têm que ter também a possibilidade de incidir no processo político e eleitoral. Isso tem ampliado o diálogo da esquerda com a sociedade. E, aqui no Brasil, infelizmente, o que acontece no Rio Grande do Sul, acho que a gente ainda é muito conservador nessas fórmulas. Eu tive a oportunidade no ano passado de representar o PSOL no primeiro turno das eleições colombianas. E lá, com todos os grupos que eu conversei, foi unânime a ideia de que, se não tivesse prévias, a Francia Marques não teria sido escolhida a candidata a vice do Petro, porque foi nas prévias que ela puxou também esse sentimento do que era a necessidade de ter uma mulher negra, que tem todo seu vínculo na luta pela paz, que vem da experiência da luta das mulheres na floresta, no campo, e que trazia ali um sentimento de mudança que contagiava a população colombiana. Eu vi isso com os meus próprios olhos. Na periferia de Bogotá, nos bairros que eu fui, tinha muito mais campanha para a Francia do que para o Petro, isso foi decisivo na eleição. E as prévias ajudaram. No Chile, da mesma forma, o Gabriel Boric passou por um processo de prévias. A gente tem esse processo na Argentina, no Uruguai tem mecanismos mais amplos para fazer a definição das candidaturas e o Brasil fica muito atrás. A gente vê os partidos acomodados em decisões de cúpula. Eu acho que isso, por mais que a gente esteja falando do âmbito político, organizativo, partidário, tem impacto também no que tá acontecendo nas ruas, porque as pessoas querem renovação e querem sentir também a possibilidade de incidir naquilo que vai ser o projeto político que vai disputar as urnas. Então, a gente tem que se abrir, tem que criar novas possibilidades.

Luís Gomes: Como seria uma prévia hoje? Essa discussão foi muito forte em 2020, eu lembro que a Luciana falou, Manuela de alguma forma falou sobre o assunto também. Enfim, foi forte como ideia, não como possibilidade real. Lembro que eu até perguntava na época “como é que vai ser do ponto de vista prático?” Tu já pensou em como poderia se organizar, como é que isso poderia ser realizado?

Matheus Gomes: Eu, primeiro, quero discordar de ti, porque eu acho que não foi forte em 2020. Acho que foi uma discussão formal, os partidos falavam isso para se defender, e eu sei porque na época eu era da direção do PSOL, ainda sou.

Luís Gomes: Vou trocar forte por veio à tona.

Matheus Gomes: É, não tinha uma disposição da direção majoritária do PSOL, em 2020, de ir até o processo de prévias, como também não tinha, na minha opinião, da direção majoritária do PT e do PCdoB naquele momento. Foi um debate formal para ambas as candidaturas se defenderem e explicar porque não teve a unidade já no primeiro turno. Agora, eu acho que é o momento diferente, porque nós tivemos uma unidade na eleição de 2022, que se mostrou correta da candidatura do Edegar Pretto com o Pedro Ruas, e isso foi muito importante no processo eleitoral do ano passado. Por pouco, inclusive, a gente não foi ao segundo turno. E criou condições de, na cidade de Porto Alegre, nós temos essa unidade também entre os cinco partidos que compõem as duas federações. O processo de prévias, ao meu ver, ele pode partir da participação dos filiados nos partidos e também das listas que os movimentos sociais, dispostos a integrar esse processo, vão construir. O MNU, por exemplo, para pegar um caso concreto, é um movimento social que tem a sua filiação. Poderia partir dali já. Mas, se um coletivo comunitário lá do Rubem Berta ou da Lomba do Pinheiro quer se integrar nesse movimento, ele pode fazer o seu alistamento e nós termos um cadastro único das pessoas que vão votar e decidir. Tem que ter acordo, obviamente, dos partidos de respeitar o resultado eleitoral e nós precisamos chegar no critério comum sobre a forma em que as candidaturas se apresentam. Se é uma por partido ou por movimento, a maneira em que a gente vai estruturar os nomes que estarão ali na lista para as prévias decidir.

Luís Gomes: Tu acha que ainda dá tempo de fazer isso para o ano que vem?

Matheus Gomes: A gente tá correndo contra o tempo, a meu ver. Porque, se deixar pra organizar isso em 2024, nós não vamos ter prévias, a gente vai ter novamente as direções dos partidos tomando as suas definições. Óbvio, podem estar conectado com um sentimento de mudança, com algo que está presente entre a população de Porto Alegre, mas, na minha opinião, perde a potência. Porque as prévias, quem teve experiências anteriormente no PT ou mesmo no PSOL, que são militantes dos partidos, eu vivi nos dois, porque acompanhava as prévias do PT com meu pai, com a minha mãe e hoje construiu já uma série de processo de prévias a nível nacional no PSOL também, às vezes têm uma um sentimento de que é um processo desgastante e a disputa faz a gente atrasar a discussão. Nesse caso em Porto Alegre, eu acho que a gente tinha que olhar por outra ótica, porque nós precisamos nesse momento de um movimento que sacuda a cidade, que chame as pessoas para participar do debate político. Nós não estamos numa conjuntura em que tu tem protestos de rua que estão pautando um projeto alternativo pro transporte, como nós fizemos lá atrás, ou o movimento muito amplo de ocupações que tá mudando o caráter do debate sobre moradia, a especulação imobiliária na cidade de Porto Alegre, incidindo fortemente no Plano Diretor, da mesma forma na questão ambiental. O que que eu tô querendo dizer? O protagonismo popular, nesse momento, é pequeno, e isso me preocupa, porque pra esquerda vencer uma eleição, precisa ter um processo de mobilização social forte. No ano passado, nós vivemos isso em torno da candidatura do Lula, porque ele e a disputa que nós estávamos fazendo tinha já um potencial de mobilizar a sociedade. No ano que vem, nós vamos para uma discussão diferente, que é uma eleição na cidade de Porto Alegre. Então, o que nos mobiliza pra gente conquistar essa vitória? Nós deveríamos estar discutindo isso de conjunto já.

Luís Gomes: E a prévia poderia ser um momento para ter essa resposta da população?

Matheus Gomes: Exatamente, e organizando não só a disputa dos nomes, mas os temas. Eu não tenho dúvida de que a gestão do prefeito Sebastião Melo ela é muito ruim, e tá piorando a qualidade de vida na cidade de Porto Alegre.

Luís Gomes: Qual é a visão que tu tem sobre o governo Melo?

Matheus Gomes: Os temas fundamentais da nossa população estão esquecidos na agenda do prefeito. Ele conseguiu diminuir o investimento em educação, jogar mais de R$ 110 milhões fora, com essas compras que não serviram para nada e abriu um verdadeiro escândalo na Smed [Secretaria Municipal de Educação], e ao mesmo tempo nós temos um déficit de vagas de 6 mil na educação infantil, professores e professores que não recebem o tratamento adequado, não tem reajuste salarial, creches conveniadas que têm um repasse muito pequeno e não conseguem garantir a qualidade que deveriam no ensino, apesar de todo o esforço, toda dedicação de quem tá envolvido nesse processo. Então, o que eu tô querendo dizer com isso? Ele tinha condições de qualificar a educação, não fez por incompetência e por um projeto que só visa a transferência das responsabilidades do setor público para o ambiente privado. O que mais o governo aumentou no último período foi os seus gastos com a terceirização de serviços que são totalmente ineficazes pra população de Porto Alegre e, ainda por cima, ensejam ali uma série de irregularidades, de questões que estão sendo investigadas, de situações de corrupção, inclusive. Então, é uma gestão que só é eficaz para os interesses do mercado imobiliário, do grande mercado imobiliário, é bom que a gente diga isso, e de setores que estão lucrando mais com as políticas que o governo tá fazendo. Transporte, da mesma forma, o prefeito é responsável pela crise que nós estamos vivendo agora, porque ele resolveu apresentar um projeto que piorou o transporte da cidade de Porto Alegre, que é a trinca, venda da Carris, consolidado agora no negócio que a própria secretária Ana Pellini diz que foi ruim para a cidade de Porto Alegre, a retirada das isenções, que tá incidindo diretamente na evasão escolar. Nós saímos de dezenas de milhares de estudantes que pegavam o cartão TRI hoje para um número irrisório, ou seja, retirou um direito da maior parte da população e atacou outras isenções também. E o projeto de extinção dos compradores, que também não teve impacto positivo nenhum. E, ao mesmo tempo, a gente tá vendo diminuição de linhas, de horários, ou seja, a população tá pegando menos ônibus hoje e não consegue ter o seu direito à mobilidade e à circulação efetivado na cidade de Porto Alegre. A saúde, ele transferiu toda para iniciativa privada, também diminuiu os investimentos no último período, isso em meio à pandemia. Enquanto a gente deveria ter qualificado ainda mais esse serviço essencial, o prefeito não fez e o impacto tá sendo sentido pelas comunidades diretamente lá nas unidades básicas de saúde. O serviço é precário, o atendimento não chega e, enfim, a gente não consegue garantir esse direito. Ou seja, naquilo que são as áreas mais sensíveis à população trabalhadora da cidade de Porto Alegre, a Prefeitura não comparece. Da mesma forma, a gente poderia falar da Assistência Social, o investimento na FASC também diminuiu muito, o prefeito não compra nem cesta básica para fazer as distribuição às famílias que nesse momento não têm outra alternativa que não seja pedir dinheiro no sinal ou sobreviver com a ajuda de ONGs e de associações que estão, nesse momento, fazendo o trabalho de garantia de segurança alimentar e nutricional. Então, é uma agenda de alto custo social, que tá tentando transformar Porto Alegre numa cidade de negócios em que só aqueles que fazem os negócios lucram. Tem um estudo muito bacana do Observatório das Metrópoles que mostra que o grosso de investimento na cidade de Porto Alegre tá concentrado no Centro Histórico, no Quarto Distrito, na Orla, enquanto nas periferias a ação do prefeito Sebastião Melo é tapar buraco, é fazer um serviço que é necessário para a qualidade de vida das pessoas, mas tá muito aquém das necessidades. Nós precisávamos de um plano de revitalização no Rubem Berta, na Restinga, na Lomba do Pinheiro, de medidas eficazes que ampliassem o atendimento de saneamento básico, qualificassem os espaços de moradia.


Leia também