
Vitória Cabreira (*)
Nos últimos dias, o debate sobre o fim da escala de trabalho 6×1 tem ganhado força nas redes sociais e nas ruas. Esse é o momento de aprofundarmos o diálogo com a população sobre a questão econômica no Brasil, ampliando a mobilização e pressionando o governo por políticas e ações com um viés popular e de esquerda.
A luta por condições de trabalho dignas não é novidade para nossa geração; observamos as conquistas das gerações anteriores, como o 13º salário, as férias remuneradas e outros direitos fundamentais. Agora, é nossa vez de avançar, de reivindicar não só melhores condições de trabalho, mas também uma vida com dignidade, onde o tempo de lazer, a cultura e o convívio familiar sejam reais e acessíveis a todos.
Mas como reduzir a jornada de trabalho fará diferença se os trabalhadores continuam recebendo salários baixos e enfrentando dificuldades para arcar com o custo de vida? , oferecendo uma remuneração justa e acesso a políticas públicas que aliviem a rotina de cuidados domésticos, que recaem quase sempre sobre as mulheres.
A raiz dessa questão passa por um problema estrutural: as altas taxas de juros no Brasil. Atualmente, o país carrega a segunda maior taxa de juros do mundo, que impacta diretamente a vida de milhões de trabalhadores. O que isso significa? Em resumo, enquanto o dinheiro dos trabalhadores é escoado em dívidas e encargos, grandes bancos e investidores se beneficiam, acumulando lucros à custa da estagnação do poder de compra do povo. Enquanto isso, o trabalhador comum, como o seu João, segue na rotina exaustiva de seis dias de trabalho por um salário mínimo, e a dona Maria, além de enfrentar a mesma jornada, ainda arca com os cuidados da casa e dos filhos. Ela se vê sem alternativas, uma vez que faltam políticas públicas que ofertem lavanderias, cozinhas coletivas e creches.
Sem um investimento social robusto e com uma política econômica comprometida com o teto de gastos e pautada na austeridade neoliberal, como a que vem sendo conduzida pelo ministro Haddad, será difícil reverter esse cenário. É essencial que os movimentos sociais se fortaleçam para disputar o espaço público e pressionar por uma resolução efetiva dos problemas.
Portanto, a luta por condições dignas de trabalho e vida não deve se restringir a mudanças pontuais. Trata-se de uma batalha que exige enfrentar as raízes da desigualdade e da exploração. Precisamos de uma sociedade em que o desenvolvimento econômico esteja a serviço da população e não dos interesses de poucos. É hora de exigirmos uma economia que funcione para todos, com políticas públicas e econômicas que realmente atendam ao trabalhador brasileiro.
(*) Coordenadora da Juventude Pátria Livre | Porto Alegre
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