Opinião
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29 de julho de 2010
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14:09

Experiência de leitura no Kindle

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Por Gabriela Zago

Esta semana terminei de ler um livro pela primeira vez no Kindle. Antes que alguém pergunte, não, o post não é sobre o livro (talvez em um post futuro eu comente sobre ele), e sim sobre a própria experiência de usar um leitor digital para… leitura.

Minha experiência com o Kindle começa um pouco antes de adquirir esse primeiro livro pela Amazon Kindle Store. No primeiro dia de uso do novo brinquedinho resolvi navegar pela Kindle Store a partir do próprio aparelho, que vem equipado com um chip 3G. A experiência foi interrompida assim que comprei sem querer um livro, antes mesmo de ver o título da obra ou o preço. Fui clicar para abrir uma categoria de livros e sem querer cliquei mais de uma vez ao mesmo tempo no botão de navegação. Foi o suficiente para não só abrir a página de um livro qualquer como efetuar a compra do produto. Como o aparelho ofereceu a opção de cancelar a compra, cancelei antes ainda de saber que produto havia comprado. Em seguida recebi um e-mail, pelo computador, informando o livro que havia comprado e o preço – era um livro com dicas para usar o Kindle, cujo custo era U$2.99. Se soubesse antes do valor irrisório, talvez tivesse mantido o livro no aparelho. Mas como me assustei, e na confirmação da compra não havia menção nem ao nome do livro nem ao preço pago por ele, procurei cancelar o mais rápido possível. Na fatura seguinte do meu cartão de crédito veio a cobrança e o estorno do valor desse livro. No fim a brincadeira me saiu R$0,07 referentes a taxa de conversão cobrada pelo banco.

Superado o trauma inicial da compra com um clique, nas primeiras semanas de uso resolvi utilizar o aparelho para leitura de arquivos em PDF, em especial para as leituras do mestrado. Para isso, baixei o programa Calibre para converter os PDFs em arquivos .mobi. Embora ele faça um bom trabalho, permitindo, por exemplo, que posteriormente se possa aumentar ou diminuir a letra do texto no Kindle, não consegui me livrar de cabeçalhos e rodapés dos artigos, e tive que aprender a abstrair a presença desses elementos na hora de ler algum texto no Kindle. Outro problema que também não consegui contornar é como fazer para ler PDFs de textos em duas colunas no Kindle. Dá para enviar o próprio PDF para o Kindle, mas como não tem como mudar o tamanho da letra, fica tudo muito pequenininho.

Foi só na semana passada que comprei um livro pela primeira vez na Amazon Kindle Store – The Shallows, de Nicholas Carr. O livro tem o preço padrão cobrado por um lançamento para Kindle na Amazon: U$11.99. Após a compra, recebi via 3G no aparelho em poucos minutos.

O aspecto mais interessante da leitura no Kindle é que é possível sublinhar os trechos mais interessantes, tal qual na leitura do papel. Também é possível fazer “anotações nas margens” (na verdade, as anotações se tornam espécies de notas de rodapé no texto), digitando num tecladinho simpático em miniatura que vem no próprio Kindle. O aparelho vem com um dicionário de inglês acoplado, então é só parar o cursor diante de uma palavra desconhecida e ele já mostra na tela o significado. (O recurso foi bem útil na leitura do livro. Confesso que quando comecei a ler eu não sabia nem ao menos o significado da palavra “shallows” no título do livro.)

Pontos negativos incluem, por exemplo, a extrema facilidade com que deletei sem querer esse mesmo livro agora há pouco quando fui tentar abri-lo para rever as anotações. Ao clicar com o botão de navegação sem querer coloquei para baixo também e *puf*, o livro sumiu, evaporou, desapareceu. Pelo menos consegui recuperar as anotações no arquivo “My Clippings”, que reúne todas as anotações feitas em todos os livros no Kindle.

Apesar de ter gostado da experiência de leitura no Kindle – não cansa a vista, como em monitores de computador – odiei o botão de navegação do Kindle. Tal qual muitos celulares, ele possui um botão de navegação que pode ser movido para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita, e também pode ser clicado no centro. Em 99% das vezes que tentei clicar nesse botão, meu clique foi acompanhado de um leve direcionamento para uma das posições que o botão se move, o que pode significar desde simplesmente não funcionar o clique, até apagar o livro inteiro ao invés abri-lo. Por essas e outras também não gosto de usar touchpads clicáveis em notebooks…

Assunto relacionado: O advogado Marcel Leonardi conseguiu sentença favorável na Justiça brasileira para comprar o Kindle sem impostos. Interessados em tentar seguir o mesmo caminho podem acompanhar a saga do advogado neste post.


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