Saúde
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10 de abril de 2024
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16:15

Governo estadual apresenta plano para enfrentar superlotação no sistema de saúde

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Posto da Cruzeiro do Sul está com 400% de lotação nesta quarta (10). Foto: Guilherme Santos/Sul21
Posto da Cruzeiro do Sul está com 400% de lotação nesta quarta (10). Foto: Guilherme Santos/Sul21

Cerca de uma semana depois do prefeito Sebastião Melo (MDB) ir às redes sociais apelar pela ajuda do governo estadual para enfrentar a crise no sistema de saúde de Porto Alegre, com emergências e unidades de urgência superlotadas, a proposta de um Plano Estadual de Contrarreferência começou a ser articulada.

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Com o objetivo de auxiliar na melhoria das condições de ocupação da rede hospitalar da Capital, o plano foi debatido, nesta terça-feira (9), pela secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, gestores municipais da saúde de Porto Alegre e Região Metropolitana e representantes de hospitais.

O plano será baseado na regulação de leitos clínicos e na troca de informações entre sistemas de saúde. A intenção é que, no futuro, ele sirva também para ampliar o atendimento a pacientes de alta complexidade em todo o Rio Grande do Sul, com a transferência dos casos menos graves para municípios ou regiões de saúde de origem.

A proposta tem sido elaborada pela equipe técnica da Secretaria Estadual da Saúde a partir de reivindicação antiga da Secretaria de Saúde de Porto Alegre.

Conforme a proposta, após o tratamento necessário (e de acordo com a condição de saúde), o paciente de menor gravidade internado em um serviço de alta complexidade será encaminhado para uma unidade básica, para um serviço menos especializado, para o profissional que o acompanha, para um dispositivo da rede de saúde mental ou para equipes de atenção domiciliar, caso necessite manter o cuidado.

A transferência será realizada por meio do “Gerint”, o sistema de gerenciamento de internações do RS. O município de residência do paciente ficará responsável pelo transporte de contrarreferência para a região de origem e outras tratativas de retorno.

 

Secretária Arita comandou a reunião sobre o plano que estima ampliar o atendimento de pacientes de alta complexidade. Foto: Gustavo Stefanello/Ascom SES

“Nos dois últimos anos, trabalhamos para implantar o sistema de referência de atendimentos no Rio Grande do Sul. Hoje temos um mapa das referências no Estado constituídas por regiões de saúde, macrorregiões da média à alta complexidade, de consultas a internações. Agora precisamos evoluir na regulação de leitos clínicos e criar interoperabilidade entre os hospitais”, ressaltou Arita.

O Plano Estadual de Contrarreferência em elaboração ainda prevê que nos hospitais de média complexidade, os pacientes de contrarreferência poderão ser encaminhados para leitos de retaguarda (clínicos, de cuidados prolongados ou de unidade de tratamento intensivo), conforme a necessidade do caso e segundo a regulação médica. Os hospitais, por sua vez, deverão observar os critérios técnicos para que a transferência ocorra com segurança.

Depois da reivindicação de Porto Alegre, o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, comemora que o governo estadual tenha apresentado a proposta para desafogar as emergências da Capital, causada principalmente pelos pacientes que vem da região metropolitana. “O próximo passo é que ocorram de forma permanente e regular. A ideia é que o plano se expanda a hospitais de alta complexidade de outros municípios do Estado. Seguimos batalhando pela saúde dos porto-alegrenses e de todo o Rio Grande do Sul”, afirmou Ritter, reforçando que a Capital já conta com monitoramento de leitos em tempo real.

De acordo com o governo estadual, o plano será estruturado por macrorregião de saúde do Estado, começando pela Região Metropolitana. Na sequência, será implantado nas macrorregiões da Serra e Vales e Região Sul, em um processo que poderá ser simultâneo. Nos próximos dias, a proposta deverá receber sugestões dos municípios para ser finalizada. A previsão é que o Plano Estadual de Contrarreferência seja lançado em maio.

Nesta quarta-feira (10), a emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com 56 leitos, tem 133 pacientes internados e sete aguardando atendimento, uma lotação de 237%. A emergência da Santa Casa, com 28 leitos, tem 55 pacientes internados, lotação de 195%. O Hospital São Lucas da PUC, com 10 leitos de emergência, tem 26 pacientes internados e quatro aguardando atendimento, lotação de 260%, a pior da Capital no momento.

O Hospital da Restinga, com 18 leitos, tem 40 pessoas internadas e 47 esperando atendimento, uma lotação de 222%. A situação é semelhante no Instituto de Cardiologia, onde existem 14 leitos e 30 pessoas internadas, além de mais uma aguardando atendimento.

Por sua vez, o Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul está com 400% da sua lotação, seguido pelo Pronto Atendimento da Bom Jesus, com 342% de lotação e tempo de espera para atendimento estimado em quase cinco horas. Na UPA Moacyr Scliar, a espera por atendimento nesta quarta-feira (10) é estimada em seis horas.


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