
Segunda vereadora mais votada de Porto Alegre, Karen Santos (PSOL) foi reeleita com 20.207, cerca de cinco mil votos a mais do que na eleição de 2020, atrás apenas de Jesse Sangalli (PL), que fez 22.955 votos e foi o vereador mais votado da Capital.
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Puxadora de votos no PSOL, Karen credita a grande votação ao trabalho permanente desempenhado pelo seu coletivo, o Alicerce, em determinados territórios da cidade. Para ela, essa atuação possibilita a construção de um voto qualificado, para além da quantidade. “Boa parte de quem vota no nosso mandato é porque conhece a nossa construção”, explica, ressaltando que seu voto é uma expressão maior do que sua própria figura como mulher negra. “São muitas pessoas comprometidas e que trabalham o ano inteiro.”
Karen acredita que sua votação no pleito deste domingo (6) mostra haver espaço para desenvolver uma política de esquerda em Porto Alegre, desde que construída junto com o eleitor e não de cima para baixo. Ao analisar o crescimento da bancada do PSOL de quatro para cinco vereadores, com votações superiores aos candidatos do PT, ela avalia que os parlamentares do partido têm demonstrado combatividade em seus mandatos, fazem a disputa política ideológica e a crítica ao capitalismo.
Em relação ao PT, pondera que o partido liderado pelo presidente Lula costuma governar aliado com forças políticas ligadas ao centro e mesmo à direita, o que, na sua avaliação, acaba evidenciando o PSOL como “alternativa de transformação radical”.
“Esse é o fenômeno do nosso partido e o motivo da nossa existência. É uma briga nossa que o PSOL siga sendo combativo e acima das negociações para se manter no poder. Não vale tudo para ter mandato”, afirma.
A eleição de Atena Roveda (PSOL) e Natasha (PT), as primeiras mulheres trans vereadoras de Porto Alegre, foi celebrada por Karen Santos como uma demonstração de que o eleitor da cidade mostrou haver espaço e necessidade de candidaturas deste perfil.
“São mulheres potentes e comprometidas. Elas sabem o que tiveram que passar, porque tem preconceito na direita e na esquerda. Porto Alegre pode ser conservadora, mas tem muita gente pensando ‘fora da caixa’”, diz Karen, destacando que os mandatos das duas novas vereadoras eleitas serão importantes para desconstruir o imaginário da população trans.