Eleições 2024
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8 de outubro de 2024
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17:57

É verdade que a vereadora mais votada de Sapucaia do Sul não foi eleita?

Por
Josué Gris
josuegris@sul21.com.br
Candidata ficou de fora do legislativo. Arte: Matheus Leal/Sul2
Candidata ficou de fora do legislativo. Arte: Matheus Leal/Sul2

Gabriela Ortiz (PDT), atual vereadora de Sapucaia do Sul e candidata à reeleição, fez a maior votação da história do município para vereadora: 2.484 votos. Apesar da votação expressiva, Ortiz não se reelegeu devido ao Quociente Partidário (QP). Dos 11 vereadores eleitos em Sapucaia do Sul, o mais bem votado recebeu 2.317 votos, 167 a menos que a votação de Ortiz.

A derrota da vereadora se deve ao formato eleitoral brasileiro, que é dividido em dois sistemas: majoritário e proporcional. No majoritário, é eleita a candidatura com maior número de votos e é usado para eleger prefeito, governador, senador e Presidente da República. Já o sistema proporcional é usado para eleger vereadores, deputados estaduais e federais.

Na eleição proporcional, a candidatura será eleita se atingir 10% do quociente eleitoral e se estiver entre os mais votados de seu partido – e o número de eleitos por partido dependerá do quociente partidário alcançado coletivamente.

O quociente eleitoral é calculado da seguinte forma: divide-se o número total de votos válidos da eleição pelo número de vagas na disputa. No caso da Câmara Municipal de Vereadores de Sapucaia do Sul, o cálculo funciona assim: 66.565 (votos válidos) divididos por 11 (vagas). O resultado da equação indica o Quociente Eleitoral (QE), ou seja, 6.051,36. Considerando que o primeiro passo para a candidatura ser eleita é ultrapassar 10% do QE, os candidatos de Sapucaia do Sul deveriam ter recebido, no mínimo, 605 votos.

Gabriela Ortiz (PDT) alcançou o QE e até ultrapassou a marca com facilidade, mas esbarrou no Quociente Partidário (QP), que é calculado a partir da divisão entre o total de votos válidos destinados ao partido e o QE. O resultado da divisão indica o número de vagas que o partido terá direito. No caso do PDT de Sapucaia do Sul, o partido somou 3.356 votos. Ao dividir o montante por 6.051 (QE), o Quociente Partidário ficou em 0,554 vagas. Portanto, o partido não atingiu a quantidade mínima de votos para garantir uma das vagas no legislativo municipal.

Os quocientes também foram motivo para derrotas em Porto Alegre. Ferronato (PSB) e Cláudio Conceição (União Brasil), atuais vereadores e candidatos à reeleição, ficaram de fora da próxima legislatura devido ao quociente partidário. Todos somaram mais de três mil votos (garantindo o QE), mas esbarraram no QP. 

Em entrevista ao Jornal do Almoço, Gabriela Ortiz reconhece que a eleição foi democrática. “Em momento algum a gente questiona a democracia e o sistema, eu acho que a gente hoje tem que entender o que aconteceu e não repetir”, complementa.

 

Essa checagem faz parte de um projeto nacional de combate à desinformação nas eleições, liderado pela Énois e que reúne 10 veículos de imprensa de todas as regiões do Brasil.


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