Política
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14 de dezembro de 2024
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08:35

Polícia Federal prende general Braga Netto

Walter Braga Netto foi preso pela PF na manhã deste sábado (14) | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Walter Braga Netto foi preso pela PF na manhã deste sábado (14) | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Federal prendeu, na manhã deste sábado (14), o ex-ministro da Defesa e general Walter Braga Netto. Ele é um dos alvos do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado no país após as eleições de 2022. Ele estaria atrapalhando as investigações, na livre produção de prova durante a instrução do processo penal.

Braga Netto foi preso no Rio de Janeiro. A PF realiza buscas na casa do general da reserva, em Copacabana. Os mandados de prisão preventiva, busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Braga Netto será entregue ao Comando Militar do Leste e ficará sob custódia do Exército.

Os agentes cumpriram ainda mandado de busca e apreensão na residência do coronel Peregrino, assessor de Braga Netto.

Braga Netto foi candidato a vice-presidente em 2022 na chapa com Jair Bolsonaro. Antes, ocupou os cargos de ministros da Casa Civil e da Defesa. Em 2018, comandou a intervenção federal na segurança do estado do Rio de Janeiro.

Em relatório enviado ao STF, no mês passado, a Polícia Federal apontou que Braga Netto teve participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito, inclusive na tentativa de obstrução da investigação. Na ocasião, a PF indiciou o militar e mais 36 acusados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal (PF) apurou ainda que uma das reuniões realizadas para tratar do plano golpista para impedir a posse e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi realizada na casa do general Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022.

Nas investigações do inquérito do golpe, divulgadas em novembro, a polícia afirmou ter na mesa do coronel Peregrino, na sede do Partido Liberal (PL), um esboço de ações planejadas para a denominada “Operação 142”. O nome dado ao documento faz alusão ao artigo 142 da Constituição Federal que trata das Forças Armadas e que, segundo a PF, era uma possibilidade aventada pelos investigados como meio de implementar uma ruptura institucional após a derrota eleitoral do então presidente Bolsonaro. O documento encerra o texto com frase “Lula não sobe a rampa”.

De acordo com a jornalista Andréia Sadi, do G1, as investigações da PF apontaram que o general ajudou a financiar o movimento golpista, tendo inclusive dado dinheiro em uma sacola de vinho a participantes dos atos. A conclusão da PF, segundo o G1, era de que Braga Netto era o “arquiteto do golpe”, uma vez que ele era a mais alta autoridade envolvida no planejamento dos atos e quem dava respaldo para demais membros das Forças Armadas envolvidos. No entanto, ele estaria sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ainda segundo o portal, a PF aponta que o general tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração firmado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foi preso pela primeira vez em maio de 2023, durante investigações sobre a falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e assessores. Cid fechou um acordo de delação premiada em setembro daquele ano e deixou a prisão, mas voltou a ser preso em abril deste ano.

Segundo a CNN Brasil, o depoimento de Mauro Cid foi um dos elementos centrais que levaram à prisão de Braga Netto. Em depoimentos concedidos em 21 de novembro e 5 de dezembro, Cid teria detalhado a atuação do general no planejamento dos assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes.

Braga Netto também teria tentado controlar informações e alinhar versões dadas por investigados a respeito dos atos golpistas.

O G1 informou ainda que o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, encaminhou ao STF uma manifestação favorável à prisão do general.

*Com informações da Agência Brasil, G1 e CNN Brasil. 


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