Política
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17 de novembro de 2021
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10:39

É possível vencer a direita golpista, diz presidente da Bolívia em visita à CUT

Por
Sul 21
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Presidente da Bolívia, Luis Arce, participou de encontro na CUT, em São Paulo | Foto: Divulgação
Presidente da Bolívia, Luis Arce, participou de encontro na CUT, em São Paulo | Foto: Divulgação

Em visita à sede da CUT Nacional, em São Paulo, nesta terça-feira (16), o presidente da Bolívia, Luis Arce, passou uma mensagem de que é possível derrotar a “direita golpista”, promover o bem-estar social, diminuir a desigualdade econômica, taxar grandes fortunas, distribuir renda e ainda unir os povos latino-americanos e caribenhos.

Arce foi recebido pelo presidente da CUT, Sergio Nobre, pelo ex-ministro do Trabalho e Previdência, Luiz Marinho, pelo ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, pelo vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), parlamentares, representantes do MTST, da UNE, e integrantes da comunidade boliviana em São Paulo.

No encontro, Luis Arce contou como os socialistas bolivianos conseguiram derrotar a direita, apesar das perseguições, do apoio da mídia conservadora ao seu adversário, em nome de uma suposta constitucionalidade do golpe em curso, e da elite do país que reascendeu um discurso racista contra os povos indígenas, obrigando-os, muitas vezes, especialmente as mulheres, a não usar o traje tradicional de sua etnia.

“A direita conseguiu o apoio da classe média, incentivando o ódio racial, que é o pior dos insultos, satanizando o socialismo e dizendo que as pesquisas davam empate quando na verdade estávamos 22% à frente”, disse Arce.

Segundo Arce, o que tornou a situação favorável aos socialistas foi o incentivo ao povo para votar, esclarecendo que se não ganhassem no primeiro turno a direita se uniria em torno de um candidato. Deixaram claro o risco que havia para a retomada da economia, para os investimentos em saúde e educação. Além de fazer a opinião pública entender que a direita conspirou até o último dia. “Um país cresce mais rapidamente quando há mais igualdade para os pobres”, afirmou.

Já o presidente da CUT, Sergio Nobre, ponderou que a experiência boliviana contra o golpe que derrubou Evo Morales, em 2019, é um aprendizado para o Brasil.

“As mesmas pessoas do sistema financeiro internacional que deram golpe aqui no Brasil, interessadas no petróleo do pré-sal, são as que tentaram dar o golpe na Bolívia, interessadas nas reservas de lítio”, disse. “Aqui Bolsonaro está privatizando aos poucos nossas estatais, que eram fontes de financiamento do serviço público. Ele quer acabar com o serviço público no Brasil. Isso é uma coisa terrível porque o nosso país nunca viveu um momento de crescimento que não tivesse planejamento do Estado”.

Em 2020, Arce foi eleito no primeiro turno, com 55% dos votos válidos. “Se a gente olhar todas as lições de outros países da nossa região verá que sempre foi muito difícil para a esquerda vencer, seja na Venezuela, no Equador, no Peru. E aqui não será diferente”, disse Nobre. “Mas a experiência da Bolívia é muito importante para nós, porque mostra que os golpistas são poderosos, mas não são invencíveis. Vocês venceram lá e nós vamos vencer aqui”, disse ao presidente boliviano.

Presente no encontro, Fernando Haddad destacou a importância da união das esquerdas na América Latina. Segundo ele, somente os governos progressistas têm um projeto de integração da região.

“A América Latina não tem chance de sobreviver nesse mundo, sem se integrar”, disse Haddad. “Sempre achei que a nossa integração ocorria de forma muito lenta. Quem sabe depois dessa hecatombe da extrema direita, a gente tome consciência de fazer essa integração mais rapidamente.”

Haddad afirmou ainda que é preciso derrotar o fascismo no Brasil, de preferência no primeiro turno das eleições de 2022. “Se o fascismo for para o segundo turno, vai disputar corações e mentes. No que depender de mim, vou lutar para Lula vencer no primeiro turno e dar tranquilidade a ele para governar.”

*Com informações da CUT.


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