Meio Ambiente
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7 de novembro de 2024
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16:54

Pesquisadora estuda como edificações impactam qualidade do ar no Centro Histórico

Por
Sul 21
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| Foto: Luiza Castro/Sul21
| Foto: Luiza Castro/Sul21

Um estudo realizado pela pesquisadora Marluse Guedes Bortoluzzi, mestranda em Arquitetura e Urbanismo na Atitus, mapeou como a disposição e layout dos edifícios, a presença de vegetação e o transporte público influenciam diretamente nas condições do ar e na ventilação urbana do Centro Histórico de Porto Alegre.

Marluse analisou a qualidade do ar do Centro Histórico por meio de quantitativos de aerossóis presentes na atmosfera e simulações computacionais. Sob orientação do professor Alcindo Neckel, ela utilizou imagens de satélites da cidade de Porto Alegre disponibilizadas pela Agência Espacial Europeia (ESA), referente aos anos de 2019, 2020 e 2021, para estudar os aerossóis. “A pesquisa é inédita na área de ventilação natural, utilizando um modelo 3D em tamanho real representando um bairro inteiro de uma metrópole”, diz a pesquisadora.

Ela explica que, para o tratamento das imagens obtidas e a coleta de informações a respeito dos aerossóis atmosféricos, utilizou um software de Sistema de Informações Geográficas. Já para analisar a ventilação urbana da área, realizou uma simulação computacional de fluidodinâmica no software VENTO AEC, resultando em um modelo com aproximadamente 2.993 edificações e uma área total de 22,46 km², toda área do Centro Histórico.

 

Representa a velocidade do vento ao nível do solo e o volume onde a poluição atmosférica apresentou uma maior concentração | Foto: Reprodução

“Através de simulações de fluxo de vento, foi possível observar a formação das áreas em que ocorre a estagnação e recirculação de ar, causando um agravamento na concentração de poluentes dispersos na atmosfera”, diz Marluse.

A pesquisa identificou que a área localizada entre a Praça da Alfândega e a Praça Brigadeiro Sampaio apresentou uma maior concentração de contaminantes. Na região, estão localizados órgãos governamentais, instituições bancárias, órgãos administrativos do município e locais destinados à cultura, lazer e turismo.

 

Áreas que apresentaram os piores níveis de poluição do bairro | Foto: Reprodução

As amostras examinadas apresentaram elementos tóxicos em NPs e partículas ultrafinas, entre eles os mais tóxicos: Arsênio (As), Cádmio (Cd), Chumbo (Pb), Cromo (Cr), Mercúrio (Hg) e Níquel (Ni). Esses poluentes são oriundos do tráfego de veículos motorizados, bem como da proximidade de ferrovias e indústrias.

Marluse ressalta que o estudo mostrou que o impacto da morfologia urbana no comportamento da ventilação é de grande importância para o conforto e, principalmente, para a saúde dos transeuntes, podendo acarretar prejuízos a longo prazo. “Isso mostra a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para identificar as fontes de poluição, além de subsidiar novas obras públicas”, enfatiza.

Outra conclusão do estudo foi a redução da concentração de poluição atmosférica na área durante a pandemia de Covid-19, o que é atribuído à diminuição das atividades industriais no período e, consequentemente, reduções drásticas na libertação de aerossóis para a atmosfera.

 

Indica a distribuição satelital de aerossóis nos períodos de inverno e verão dos anos 2019, 2020, 2021 e 2022. Mostra claramente uma maior concentração de poluentes no inverno de 2019, com uma redução significativa devido à pandemia | Foto: Reprodução

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