
O 12º Congresso da União Brasileira de Mulheres do Rio Grande do Sul (UBM-RS), realizado no último sábado no Centro Cultural da UFRGS, em Porto Alegre, defendeu a ideia de que um dos principais desafios da luta feminista no Brasil é necessidade de radicalizar a democracia para promover a verdadeira emancipação das mulheres em todos os territórios do país. As participantes do evento se comprometeram a alcançar a meta por meio da mobilização coletiva e do fortalecimento da participação das mulheres na formulação e implementação de políticas públicas em todas as esferas.
Entre os temas que mais preocupam as militantes gaúchas está o crescimento dos casos de feminicídio no Estado. Os dados são alarmantes e a postura do governo estadual tem sido criticada por sua inércia diante da crise. Nesse contexto, a recriação da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres foi apontada por diversas participantes como uma medida urgente e necessária.
Fundada em 1988, no mesmo ano da promulgação da Constituição Federal, a União Brasileira de Mulheres atua em defesa dos direitos das mulheres e pela transformação da sociedade por meio do feminismo popular e emancipacionista.
O 12º congresso reuniu de 100 militantes de 17 municípios com o objetivo de eleger a nova direção da entidade e debater os rumos do feminismo popular e emancipacionista. De acordo com a organização, esta foi a maior edição do evento até hoje. “A nova direção é composta por mulheres de diferentes idades, religiões, raças, regiões e segmentos sociais, todas profundamente comprometidas com o fortalecimento da luta feminista no Rio Grande do Sul”, destacou Salete Souza, eleita presidenta da UBM-RS para o próximo triênio.
Presente no congresso, a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB) destacou o papel histórico da UBM nas principais conquistas das mulheres brasileiras. Primeira mulher negra a ocupar o cargo de Procuradora da Mulher na Assembleia Legislativa do RS, Bruna compartilhou sua trajetória no movimento social e reforçou a importância da presença feminina nos espaços de poder como estratégia essencial para transformar a realidade. “Sou filiada à UBM há muito tempo e tenho orgulho da trajetória dessa entidade, que sempre esteve na linha de frente da defesa dos direitos reais das mulheres, como o acesso à creche”, afirmou.
Representando a Executiva Nacional da UBM, Laudijane Domingos reforçou que a defesa radical da democracia é a principal bandeira do movimento neste momento, diante das constantes ameaças da extrema-direita ao Estado Democrático de Direito. “Nós, mulheres, construímos o ‘Ele Não’ e, em 2022, ajudamos a garantir a vitória do presidente Lula. Precisamos seguir firmes na resistência contra a extrema direita e na defesa dos nossos direitos. A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres será um momento crucial nesse enfrentamento”, disse.
O congresso também foi marcado pela homenagem à ex-deputada estadual e ex-vereadora Jussara Cony, uma das fundadoras da UBM e histórica militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). “É uma grande emoção estar aqui com vocês. Tenho muito orgulho da trajetória que construímos até aqui. Não podemos jamais perder o brilho revolucionário do amor pelo nosso povo”, declarou.
