A fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina nesta quinta-feira (8) anunciou a eleição do novo papa. No segundo dia de conclave, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi escolhido para ocupar o cargo mais alto da Igreja Católica. Aos 69 anos, ele adotou o nome de Papa Leão XIV. Em conversa com o Sul21, o padre Eduardo Moesch, professor da Escola de Humanidades da PUCRS, afirma que a escolha indica a continuidade do legado de papa Francisco.
Prevost se torna o 267º papa da história da Igreja. Ele sucede o papa Francisco, falecido em 21 de abril. Eleito por ao menos dois terços dos cardeais que integram o conclave, sua escolha confirmou a expectativa gerada pela atual composição do Colégio dos Cardeais, de que o novo papa manteria a linha seguida por Francisco.
“Isso já era esperado, uma vez que 80% dos cardeais que votaram tinham sido criados cardeais pelo papa Francisco. E também, na história da Igreja, não existe essa coisa de voltar para trás. Então, eu acho que a escolha do papa Leão XIV tá desta dentro dessa linha de continuidade, mas com um estilo próprio”, aponta o padre Eduardo.
Para o professor da PUCRS, dar continuidade ao legado do papa Francisco implica manter uma Igreja aberta ao diálogo com as questões da sociedade. Algo que, segundo ele, o papa Leão XIV já sinaliza ao adotar esse nome.
“Leão XIII, na história da igreja, ele é autor da Encíclica Rerum Novarum, que é o início daquilo que nós chamamos hoje de doutrina social da igreja. Uma igreja que mostra que o evangelho está aberta a realidade social do mundo”, explica.
Além da escolha do nome, outros aspectos também indicam a orientação progressista do novo papa, como sua trajetória como padre agostiniano e sua atuação por duas décadas como bispo no Peru. “É um papa com uma pauta social muito interessante. Esta linha social que vai vir bem na continuação da linha do papa Francisco”, destaca padre Eduardo.
O professor da PUCRS também destaca que, embora o novo papa sinalize intenção de dar continuidade ao legado de Francisco, deverá imprimir seu próprio estilo ao pontificado. Ele aponta como diferencial o potencial agregador do novo papa, um destaque frente às polarizações internas apresentadas na Igreja.
“Há uma preocupação grande também com a unidade interna da Igreja Católica. Na minha opinião, isso deve ter pesado bastante na escolha dele, porque ele tem um estilo bastante agregador. Até porque a igreja dos Estados Unidos, de onde ele vem, é uma Igreja também que tem essa polarização e parece que ele soube circular bem no meio desses polos. Então, é alguém que é aberto, mas que tem um caráter bastante agregador. O que é muito importante para a Igreja Católica”, aponta.
Nascido nos Estados Unidos, o papa Leão XIV também possui nacionalidade peruana, adquirida após sua atuação no país, entre 1985 e 2013. O padre Eduardo considera essa aproximação com a América Latina um aspecto positivo para o Brasil.
“Ele sendo bispo no Peru, ele era do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e lembrar que quem foi eleito presidente do Celam há pouco tempo atrás foi nosso arcebispo Dom Jaime Spengler. E ele tinha, pelo que eu fiquei sabendo, uma ligação muito boa com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Então, eu acho que a ligação dele com o Brasil vai ser bem forte”, aponta.
