
Os ajustes que ainda precisam ser feitos na Usina do Gasômetro não terão custo para a administração municipal e devem ser feitos “nos próximos dias, à medida que forem identificados”. É o que informou ao Sul21 a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), sem fixar um prazo para tais ajustes. O prédio passou sete anos fechado para reformas. No dia de sua reabertura, na última quarta-feira (1º), a falta de luz e as goteiras fizeram com que a cerimônia de posse do prefeito Sebastião Melo (MDB) fosse adiada.
“A Usina do Gasômetro é um prédio de quase 13 mil metros quadrados de área, que foi totalmente reformado, e as duas goteiras identificadas após as fortes chuvas do dia 1º fazem parte dos reparos necessários que estão sendo feitos para o recebimento da obra”, alegou o titular da Smoi, André Flores.
De acordo com o secretário, o valor estipulado inicialmente para a obra foi de R$ 11,4 milhões. No entanto, acabaram sendo gastos R$ 25,9 milhões. “Esse valor contempla a parte civil e elétrica da obra. O projeto de engenharia foi subdimensionado no orçamento e nas necessidades, pois não contemplava a totalidade das necessidades funcionais, estruturais, elétricas e de automação”, afirma Flores.
Durante as obras, foram detectadas questões estruturais mais agudas do que o inicialmente previsto, conforme o secretário, bem como a necessidade de qualificar a automação e acessibilidade do projeto original.
Para o vereador Pedro Ruas (PSOL), a reforma da Usina não está concluída. “Acho um absurdo ter levado 7 anos para fazer praticamente só uma pintura e alguns acabamentos. A reforma não funciona. Não é como a Casa de Cultura, que pode receber peças, onde se pode andar de elevador. A Usina era assim e é assim que deve ser: um lugar para usufruto da população”, pontua.
Em 2021, Ruas tentou abrir uma CPI para investigar a reforma na Usina, mas não obteve o número suficiente de assinaturas. O parlamentar diz que conseguiria as assinaturas atualmente e que o tema “merece uma CPI”, mas vê como prioridade a investigação sobre a tragédia na Pousada Garoa.
O vereador considera ainda que faltou transparência durante o processo da reforma: “Um desastre”, resume. “Começou no governo Marchezan, quando já não se sabia o que acontecia. Foram mais quatro anos de governo Melo sem saber o que acontece. Quando vão inaugurar, o elevador pifa, não tem luz, chove dentro da Usina. É inacreditável”.
Originalmente, a Usina do Gasômetro pertencia à multinacional estadunidense Bond & Share. Em 1959, o local foi encampado pelo governo Brizola e foi criada a CEEE. Durante o regime militar, foi novamente encampada por meio da Eletrobras, que em 1982 cedeu o terreno ao município por tempo indeterminado.
Como a Eletrobras foi privatizada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Ruas questiona de quem é a propriedade da Usina do Gasômetro. “Do meu ponto de vista, como é um símbolo de Porto Alegre, se não está em nome do município, o prefeito tinha obrigação de pedir uma doação ao município [para a reforma]”, diz.
Questionada, a Procuradoria-Geral do Município (PGM) não respondeu sobre como a gestão municipal enxerga a propriedade da Usina.