
O Aeroporto Salgado Filho vai retomar suas operações totais na próxima segunda-feira (16), a partir das 8h da manhã no horário local. Toda a extensão de 3.200 metros da pista de pouso e decolagem será reaberta, além da área do aeroporto destinada às autoridades, como Polícia Federal e imigração. Hoje funcionando somente das 8h às 22h, o aeroporto vai voltar a operar 24h por dia. O anúncio foi feito pela concessionária Fraport na manhã desta quinta-feira (12).
Desde a retomada parcial das operações após a enchente, estava liberada apenas uma extensão de 1.730 metros da pista, o que impossibilita a manobra de voos com maior carga e acaba encarecendo os voos. Com a retomada, os voos podem ficar mais acessíveis do que os valores atuais, mas a Fraport não confirma que os preços vão baixar de fato. As passagens são de competência das companhias aéreas.
Os voos internacionais também serão retomados no Salgado Filho ainda em dezembro, além de dois novos destinos domésticos: Recife (PE) e Salvador (BA). A partir do dia 16, o aeroporto vai operar com 13 destinos domésticos e 5 destinos internacionais. No momento, três companhias aéreas estão operando em Porto Alegre, número que passará para 7 a partir da próxima segunda.
Confira o cronograma de retorno das operações:
A TAP Linhas Aéreas, que comercializa voos diretos de Porto Alegre a Lisboa, ainda não tem previsão de retomada da operação no Salgado Filho.
Pedro Navega, gerente de aviação comercial da Fraport, afirma que após a enchente o Salgado Filho chegou a operar somente com três destinos. Atualmente, são 11.
Antes da enchente, em abril deste ano, uma média de 164 voos chegavam e partiam todos os dias do Salgado Filho. Agora o aeroporto opera com uma média de 110, mas a Fraport espera que esse número chegue a 124 em janeiro de 2025.
Fabricio Cardoso, diretor de operações da Fraport, destaca que o movimento registrado atualmente é “proporcionalmente maior do que havia antes da enchente, se levarmos em consideração as 14h de operação (diárias) comparando com as 24h de antes de maio”.
“Esperamos que julho de 2025 seja um dos melhores meses de julho em termos de passageiros internacionais”, adianta Navega.
A reconstrução do Salgado Filho já custou cerca de R$ 550 milhões. Rafael Guerra, gerente de comunicação e marketing da Fraport, afirma que esse valor ainda não está fechado: “alguns equipamentos foram comprados e não chegaram ainda, mas não impactam na retomada do aeroporto”, diz.
Em agosto, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) definiu em medida cautelar o aporte de R$ 425 milhões do governo federal à Fraport. A concessionária havia solicitado uma recomposição total estimada em R$ 925,1 milhões para a reconstrução do aeroporto. “Num primeiro momento, se falou em cifras muito maiores, uma projeção feita ainda com água dentro do aeroporto. Foram 45 dias de testes para entender o impacto da enchente”, afirma Guerra.
O Sul21 revelou em junho detalhes do contrato de seguro firmado entre a Fraport e a Chubb Seguros Brasil para a proteção do Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre, que prevê a cobertura até o limite máximo de indenização contratado — estipulado em R$ 2.955.867.200,00 (R$ 2,9 bilhões) — para perdas e danos materiais causados ao aeroporto em caso de alagamento e inundação.
Alguns ajustes finais, como o sistema de balizamento da pista, só poderão ser feitos na virada do dia 15 para o dia 16. Durante esta semana, a Aeronáutica está operando sobrevoos sobre a pista para aferir os equipamentos de auxílio à navegação. A Anac também está presente no Salgado Filho, fazendo a inspeção final da infraestrutura. “Até o momento, corre tudo bem”, garante Cassio Gonçalves, diretor de infraestrutura e manutenção da Fraport.
Ainda segundo Gonçalves, estruturas secundárias também precisam ser finalizadas. A mais visível é a faixa de táxi do Pátio 1, que precisa de reconstrução no concreto.
Perguntado se a Fraport chegou a elaborar um plano de contingência para futuras catástrofes ambientais, Gonçalves explicou que o aeroporto já tinha um sistema de drenagem composto por cinco bacias de amortecimento que se conectam ao sistema municipal de proteção. O sistema do aeroporto, de acordo com o diretor, está “completamente recuperado”.
Em junho, o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) denunciou, a partir de uma série de documentos da Prefeitura de Porto Alegre, que as obras realizadas pela Fraport no Aeroporto Salgado Filho fragilizaram o Sistema de Proteção Contra Cheias (SPCC) de Porto Alegre, potencialmente agravando a inundação que atingiu a zona norte entre maio e junho. As obras foram realizadas após a Fraport vencer a concessão do aeroporto, em 2017.
“A cidade tem um sistema de proteção contra cheias que tem essa função de proteger contra catástrofes. Esse sistema fica fora do nosso raio de ação, é do município”, disse Gonçalves. “O ponto principal é ter confiança que o município vai conseguir recuperar esse sistema, é o que vai conseguir nos dar conforto”.