Geral
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26 de setembro de 2024
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19:16

Dmae admite que sistema de drenagem não é capaz de evitar alagamentos e aponta falta de verba

Por
Yasmmin Ferreira
yasmmin@sul21.com.br
Alagamento na Avenida Cristovão Colombo após chuva intensa pela manhã | Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Alagamento na Avenida Cristovão Colombo após chuva intensa pela manhã | Foto: Isabelle Rieger/Sul21

O diretor-geral adjunto do Dmae, Darcy dos Santos, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (26), concedeu informações referentes aos eventos climáticos mais recentes. Ao falar sobre os alagamentos registrados em pontos de Porto Alegre, afirmou que estes não possuem qualquer relação com a enchente de maio, mas reconheceu que “o sistema de drenagem não suporta a quantidade de chuva que caiu nas últimas 20h”. 

“O evento de hoje não tem nenhuma relação com a inundação que aconteceu em maio. Sim, tivemos transbordamento do Rio Guaíba, do Gravataí e de outros rios naquela ocasião, mas isso não tem nenhuma possibilidade de ocorrer agora. Os níveis dos rios estão baixos e o evento de hoje é apenas de uma chuva intensa, além da capacidade do sistema de escoamento”, disse. 

De acordo com Santos, o sistema de drenagem tem um limite para escoar a água da chuva. Assim, quando chove “muito em pouco tempo”, ele fica sobrecarregado, o que causa alagamentos. Em resumo, disse que o sistema foi feito para lidar com uma quantidade específica de precipitações, então, em casos de temporais, ele não dá conta.

Quando questionado sobre quais mudanças ocorreram desde a enchente de maio, o diretor apontou o mapeamento das obstruções de canalizações, a aquisição de equipamentos novos para as casas de bombas e o planejamento de projetos para melhorar a operação e manutenção do departamento. “Nós temos muitos projetos de engenharia em andamento, como bacias de contenção de água, que já ajudaram a mitigar alagamentos em áreas como a Chácara das Pedras. Outros seis projetos de bacias estão em fase de implementação, aguardando recursos”.

Para evitar novos alagamentos, a estratégia do Dmae seria a de desentupir pontos críticos. “Desde o início da previsão de chuvas intensas, na segunda-feira, preparamos equipes adicionais para atuar durante a noite e a madrugada, verificando as condições das casas de bomba e o nível dos pontos de chegada. Vamos continuar desentupindo e revisando as canalizações nas áreas mais baixas da cidade”, declarou Santos.

Ao ser perguntado se a população deveria se acostumar com este tipo de situação – alagamentos constantes –, Santos declarou que o maior impedimento para melhorar o cenário da Capital é a falta de verba. “O sistema das casas de bomba, que atende as áreas mais baixas da cidade, foi implantado numa época em que havia menos impermeabilização. Hoje, ele é muito mais exigido. O sistema de drenagem da cidade como um todo precisa de grandes investimentos e obras, com uma estimativa de R$ 5 bilhões para expandir sua capacidade”, pontuou. 

Em complemento, foi mencionado que, ainda que os recursos financeiros fossem disponibilizados, as obras seriam de longa duração, entre quatro e seis anos para serem finalizadas. Outro empecilho importante são as casas de bombas que tiveram perdas significativas em equipamentos, como motores, geradores e transformadores, desde a enchente. Mas o diretor ressalta que “muitos desses equipamentos foram adquiridos novamente, e o sistema está operando hoje”. 

Com relação às chuvas previstas para as próximas horas, Santos admitiu que pode voltar a ocorrer acúmulo de água em pontos da cidade, “mas o importante é que o sistema está funcionando”. “Quando a chuva diminui, a água escoa rapidamente, o que mostra que os condutos estão operando bem”, disse.

No que diz respeito a obstruções no sistema, deixou claro que esta não é uma possibilidade descartada e que, desde maio, foram mapeados 500 km de canalizações que estavam “excessivamente entupidas”.


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