
Batizado de SOS Agro RS, um grande movimento de produtores rurais gaúchos planeja ocupar as ruas do entorno do Parque Harmonia, em Porto Alegre, nesta quinta-feira (8). A expectativa é que cerca de 300 tratores e cinco mil pessoas estejam presentes. O ato tem como objetivo cobrar do governo federal medidas de socorro devido às perdas na lavoura causadas pela enchente de maio. A manifestação na Capital é a terceira promovida pelos agricultores, que antes realizaram atos semelhantes em Cachoeira do Sul e Rio Pardo.
Os dois primeiros atos ocorreram antes do governo federal publicar, no último dia 31 de julho, a medida provisória que estabelece as condições da renegociação dos produtores. O documento prevê descontos conforme o percentual de perdas dos produtores, com um patamar para perdas iguais ou superiores a 30% e outro para acima de 60%. Segundo o governo federal, alguns detalhes sobre a renegociação serão definidos por decreto ainda a ser publicado.
Na avaliação da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), no entanto, a medida provisória ainda não atende a demanda dos produtores rurais. A necessidade de publicação de um decreto com mais detalhes também é criticada pela entidade.
Previsto para começar às 9h, o movimento, batizado de “tratoraço”, inclui palestras, um painel sobre a medida provisório e uma abertura oficial com representantes de entidades patronais, como Fiergs, Fecomércio e Federasul, entre outras, além de parlamentares ligados ao agronegócio e, talvez, o governador Eduardo Leite (PSDB). Às 15h está marcada uma caminhada até a sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para entregar a lista de reivindicações dos produtores.
A informação de que em torno de 300 tratores chegarão à Capital causou apreensão em grupos ambientalistas da cidade. Inicialmente, houve o entendimento de que o grande número de tratores ficaria no interior do Parque Harmonia e que tal movimento causaria impactos na flora e na fauna local.
Na manhã desta quarta-feira (7), o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá) chegou a emitir uma nota alertando o Ministério Público Estadual (MPE) e a Prefeitura de Porto Alegre sobre os riscos ambientais de tamanho tráfego de tratores no interior do parque.
O temor, no entanto, não deve ser concretizar. Segundo a empresa Gam3 Parks, detentora da concessão do Parque Harmonia, apenas 20 tratores ficarão no estacionamento do parque. Os demais devem ocupar a Avenida Beira-Rio, ao longo da Orla do Guaíba.
De acordo com a Gam3 Parks, o Harmonia está todo demarcado para receber em breve o Acampamento Farroupilha e não poderia abrigar o ato. A empresa ainda enfatiza que o parque segue sendo público e, tendo autorização da Prefeitura, qualquer manifestação popular pode ser realizada nele e no entorno.