
A ONG Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos realiza a partir desta sexta-feira (30) o curso para Promotoras Legais Populares: Atuação em Emergências Climáticas, que visa capacitar mais de 40 mulheres, entre líderes comunitárias, Promotoras Legais Populares (PLPs) e Jovens Multiplicadoras de Cidadania (JMCs), para atuação comunitária em contextos de crise climática. O curso é uma resposta direta da Themis às devastadoras enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo do mês de maio.
A Themis destaca que a motivação para o curso vem do dado, divulgado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, de que as mulheres correspondem a 72% das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza em todo o mundo e, por isso, estão mais expostas aos eventos da emergência climática. Já de acordo com ONU Mulheres, embora as mulheres e meninas representem cerca de 80% das pessoas deslocadas pela mudança climática e por desastres naturais, o tema é debatido majoritariamente por homens. Em 2020, apenas 15 dos 133 líderes mundiais que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 28 eram mulheres. A iniciativa da ONG busca colocar as mulheres moradoras de periferia como protagonistas da construção de um futuro mais justo e sustentável.
A organização destaca que o público-alvo do curso são mulheres que desempenharam um papel fundamental em seus territórios durante a enchente, atuando como lideranças em um momento em que os serviços de atenção às mulheres não tinham como funcionar.
Ao longo de 13 encontros, elas percorrerão um caminho prático para a justiça climática e construirão um protocolo de ação adaptado à realidade e às vivências das participantes, com foco na promoção da justiça climática e cuidados com mulheres e demais grupos minoritários.
A aula inaugural, que ocorre nesta sexta-feira (30), contextualizará o histórico de como se chegou ao desastre climático no RS. Os encontros seguintes abordarão conceitos e perspectivas de justiça climática, violência de gênero e racismo ambiental, os desastres climáticos pelo mundo e a experiência de atuação no Rio Grande do Sul, além dos regulamentos internacionais sobre o tema. A formatura ocorrerá em 14 de dezembro.
“No mundo todo, essas prioridades não são levadas em conta com a urgência e a prioridade que as mulheres precisam nesses contextos. Isso não foi diferente no Rio Grande do Sul. Os comitês de crise são formados essencialmente por homens, e são eles quem definem as prioridades. É preciso dar protagonismo às mulheres para priorizar e construir com a sociedade civil e demais movimentos as estratégias necessárias para mitigar os problemas que a população vem enfrentando no Rio Grande do Sul”, afirma a diretora-executiva da Themis, Márcia Soares.
Márcia pontua ainda que o protocolo que será criado pelas mulheres durante o curso é um instrumento efetivo para colocá-las no centro do diálogo sobre o enfrentamento dos efeitos da emergência climática. “O protocolo deve fortalecer a autonomia e a resiliência destas mulheres, promovendo ações preventivas, de resposta e de reconstrução que as protejam em situações de vulnerabilidade climática, ampliando suas vozes e lideranças nas decisões que impactam suas vidas e comunidades”, diz.
A iniciativa é realizada pela Themis, com apoio do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul, Care, Igual Valor, Iguais Direitos, Womanity, Instituto Ibirapitanga, Cummins, Global Fund for Women e Fundação Ford.