
O artesão Vanderlei Oliveira Soares, de 59 anos, saiu do supermercado Hoffmann, localizado na Avenida João Salomoni, na Vila Nova, por volta das 15h desta quinta-feira (22), como costuma fazer sempre. Morador do bairro, é frequentador assíduo do estabelecimento. Carregando a sacola de compras, deixou o local normalmente e saiu caminhando. Andou cerca de uma quadra até que, desprevenido, foi abordado por um homem que lhe agarrou, jogou no chão e começou a lhe dar chutes no corpo e socos no rosto.
“Não entendi nada do que ele dizia. Me pegou pelo pescoço, me jogou no chão, me deu socos. O cara bateu e me espancou”, recorda a vítima.
O agressor era o segurança do Hoffmann e o acusava de ter roubado produtos do supermercado. Atordoado, o artesão foi levado de volta ao local para que fossem checadas as câmeras de vigilância. Ele recém havia passado como de costume pelo caixa e dado seu CPF para pagar as compras. Ao regressar ao mercado, foi reconhecido pela funcionária do caixa, que confirmou que ele é cliente do local. As câmeras de segurança nada mostraram de errado no seu comportamento.

“Foi uma coisa inédita, nunca tinha me acontecido nada assim. O cara me bateu e me espancou”, afirma Soares. Indignado, chamou a polícia, que levou cerca de 1h para chegar no supermercado. Na sequência, foi encaminhado para fazer exame de lesão corporal e registrou um boletim de ocorrência.
“Quem é responsável é o supermercado. Qualquer pessoa poderia ter sido vítima”, afirmou Elaine Oliveira Soares, de 54 anos, na manhã desta sexta-feira (23), revoltada com a violência desferida contra seu irmão, um homem negro.
Elaine enfatiza que seu irmão está abalado pela humilhação de apanhar na rua onde circula diariamente, vindo do supermercado que frequenta. “As marcas (da agressão) vão sair, mas a humilhação fica para o resto da vida.”
A família busca agora imagens de um prédio localizado próximo da Escola Estadual de Ensino Médio Alberto Torres, onde Soares foi agredido, para ver se a violência foi registrada. Um ato de protesto está sendo organizado para ocorrer diante do supermercado Hoffmann neste sábado (24), às 10h. A família também pretende processar o estabelecimento comercial – e nunca mais ser cliente.
Procurado nesta manhã pela reportagem do Sul21, o supermercado Hoffmann disse que o gerente não estava e depois não atendeu mais as ligações telefônicas.