Geral
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25 de julho de 2024
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19:02

Prefeitura estima concluir em 30 dias obras que tornam corredor humanitário definitivo

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Corredor humanitário estabelecido na entrada da Capital. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Corredor humanitário estabelecido na entrada da Capital. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

As secretarias municipais de Obras e Infraestrutura (Smoi) e de Serviços Urbanos (SMSUrb) pretendem concluir em até 30 dias a rampa de acesso em construção junto à alça da Rua da Conceição para possibilitar aos ônibus e veículos que trafegam pela Júlio de Castilhos o acesso ao Viaduto da Conceição em direção à avenida Osvaldo Aranha e à rua Sarmento Leite. A obra é necessária, uma vez que a Prefeitura decidiu, na semana passada, tornar permanente o chamado “corredor humanitário” criado no local durante o mês de maio, quando a região estava inundada.

Com a permanência do corredor, o acesso à avenida Farrapos se dará pela avenida Mauá, à esquerda na rua Carlos Chagas, seguindo pela avenida Júlio de Castilhos e rua da Conceição. A partir daí, o condutor pode seguir para a Voluntários da Pátria ou Farrapos.

De acordo com a Smoi, atualmente está sendo executada a base do pavimento da pista e, posteriormente à criação das rampas, será feito um recorte de canteiro sob a elevada junto à Av. Voluntários da Pátria. A secretaria não possui, no momento, estimativa dos custos das obras, uma vez que estão sendo executadas com materiais e maquinários da SMSUrb.

A decisão de manter o corredor provocará alterações no transporte coletivo. Conforme a Prefeitura, para os ônibus que seguem em direção à Zona Leste, que estão desviando pela João Goulart em razão do corredor humanitário, o roteiro indicado é pela Júlio de Castilhos, Rua da Conceição, no sentido Centro-bairro, até a Voluntários da Pátria embaixo do viaduto, retornando pela rua da Conceição, sentido bairro-Centro, até o acesso à alça do corredor humanitário para ingressar no Túnel da Conceição, no sentido Centro-bairro, e continuar o itinerário normal da linha. Após a alteração, será pintada faixa exclusiva para os ônibus à esquerda no túnel e a orientação aos demais veículos será de circulação pelas outras duas faixas.

O professor Júlio Celso Borello Vargas, doutor em Engenharia de Transportes e Professor de Planejamento Urbano e Mobilidade Urbana no Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Propur/UFRGS), pontua que a decisão pela manutenção do corredor de acesso não altera o traçado das vias, pois se trata basicamente da elevação do leito da pista em mais de 1 metro, mas destaca que é preciso que as conexões que se perderam com a obra sejam refeitas.

“O que acontece é que, ao levantar a pista, desconectou de alguns trechos, principalmente ali na Conceição, ali na saída da Julio de Castilhos, e na Farrapos e Voluntários, que tem uma alça. Isso está desconectado porque a pista está levantada e criou uma barreira de pedra ali. Agora, vão levantar para reconectar e manter a pista elevada, o que parece correto dentro de uma filosofia geral de resiliência ou resistência a inundações, que é levantar tudo, construir tudo mais alto. Desde que se refaça as conexões, está certo”, diz.

Por outro lado, Borello avalia que há duas questões que precisam ser verificadas neste processo: a qualidade das obras e se elas levarão em conta a acessibilidade para pedestres e ciclistas. No dia 10 de maio, a Prefeitura promoveu a demolição da passarela de pedestres localizada em frente à Estação Rodoviária para permitir o tráfego de caminhões pelo corredor humanitário. A Smoi informa que, no momento, a reconstrução da passarela está sendo estudada por técnicas da secretaria, mas não há prazo para esta obra.

“As obras em Porto Alegre, em geral, são tapeadas, malfeitas, baratas, etc. Essas rampas de acesso têm que ter uma inclinação boa, têm que ser bem feitas, com toda a boa técnica de engenharia e qualidade dos materiais”, diz. “Segundo, tem os esquecidos de sempre, a mobilidade ativa, a pé e de bicicleta. Hoje, ali está um problema, não tem a passarela e a inclinação cria uma barreira para atravessar. Quer dizer, essa desconexão, além de atrapalhar atualmente o tráfego de veículos, atrapalha muito mais, mas de uma maneira invisível, pedestre e bicicleta. Ao reconectar com rampas, não sei se não vai continuar ruim para pedestres e bicicletas, sabe-se lá quando teremos a passarela de novo”, complementa.

Ela ainda pondera que pode agravar a separação entre o Centro e o início das avenidas Farrapos e Voluntários da Pátria, uma área já degradada da cidade. “Continuará assim porque está ao lado de uma grande cicatriz rodoviária, que não articula e conecta com o Centro. Então, para requalificar, precisaria de uma solução mais ousada e profunda de integração com o Centro”, afirma o professor.


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