
Inicialmente chamado de Plano Marshall pelo governador Eduardo Leite (PSDB), em referência ao programa de auxílio econômico dos Estados Unidos para a reconstrução da Europa após a II Guerra Mundial, a iniciativa do governo gaúcho para a reconstrução do estado foi batizada de Plano Rio Grande e anunciada nesta sexta-feira (17). O lema é “Todos nós por todos nós”. O plano conta com ações de curto, médio e longo prazo.
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Na ocasião, o governador também comunicou a transformação da Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ) na Secretaria da Reconstrução Gaúcha, liderada pelo mesmo secretário, Pedro Capeluppi.
“Ao invés de constituir uma unidade paralela, entendi que deveríamos reconfigurar a estrutura de governo por dentro para atender melhor a esse propósito. Então, vamos transformar a Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ) na Secretaria da Reconstrução Gaúcha. A Separ já tem um formato de trabalho em que modela soluções especialmente para a infraestrutura e tem condições de dar suporte aos projetos do Plano Rio Grande”, afirmou Leite.
Na Secretaria de Parcerias e Concessões, Capeluppi comandou as privatizações do governo Leite, incluindo o Cais Mauá, agora submerso nas águas do Guaíba. Com atuação voltada para garantir o sucesso das relações com a iniciativa privada, tendo ficado conhecido por não dar muitos ouvidos às ideias e propostas da sociedade civil e instituições de ensino – como no caso do próprio Cais Mauá -, caberá ao secretário agora liderar a enorme tarefa de reconstrução de um Rio Grande do Sul arrasado pela histórica enchente.
Leite explicou que a Secretaria da Reconstrução Gaúcha tem o objetivo de acelerar e organizar os processos e projetos de reconstrução do estado. A pasta terá uma Assessoria Especial de Gestão de Riscos e quatro subsecretarias: Projetos de Reconstrução, Projetos Estruturantes, Inteligência Mercadológica e Parcerias e Concessões.
Pedro Capeluppi é funcionário de carreira da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), foi secretário de Desenvolvimento de Infraestrutura e esteve à frente da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o governo estadual, o Plano Rio Grande atuará em três frentes: ações emergenciais; ações de reconstrução; e o Rio Grande do Sul do futuro. O último tópico envolve ações de longo prazo, voltadas, por exemplo, ao fortalecimento das atividades produtivas gaúchas.
O Executivo encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto de criação do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), que permitirá ao Estado a gestão dos recursos destinados à reconstrução, além de garantir a transparência no uso das verbas.
Durante a coletiva, o governo anunciou também o projeto Cidades Temporárias, por meio do qual o Estado montará grandes estruturas provisórias para acolher os desabrigados, em quatro municípios gaúchos: Canoas, Porto Alegre, São Leopoldo e Guaíba. Essas cidades foram selecionadas porque concentram cerca de 70% dos desabrigados no Estado, tendo recebido também moradores de Eldorado do Sul, município que tem 71% de sua área urbana inundada.
Pela proposta inicial, as estruturas serão montadas no Complexo Cultural do Porto Seco, em Porto Alegre; no Centro Olímpico em Canoas; e no Centro de Eventos em São Leopoldo. Ainda não foi definido o espaço a ser utilizado em Guaíba.
Esses abrigos temporários contarão com proteção térmica e, entre outros espaços, lavanderia e cozinha coletivas, brinquedoteca, banheiros, chuveiros e dormitórios com divisórias.
O projeto considera que os abrigos atuais não possuem estrutura adequada para abrigamento por longo período. Alguns desses espaços são dedicados, originariamente, a outras atividades, como, por exemplo, universidades privadas e escolas que logo precisarão retomar seu funcionamento.
O governo anunciou planejar, ainda, a construção de unidades habitacionais definitivas, estudando diversos modelos.
Por meio do programa Volta por Cima, o Executivo estadual repassará R$ 2,5 mil a cada família em situação de vulnerabilidade e que tenha sido afetada pelas enchentes. Além disso, serão concedidos R$ 2 mil a cada uma delas, por meio dos valores arrecadados pelo pix SOS Rio Grande do Sul.