
Em conversas com a reportagem do Sul21 no Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (Ceic) a respeito dos estragos causados pelo temporal que atingiu a Capital e o Rio Grande do Sul nesta terça-feira (16), secretários municipais apontam que os trabalhos de recuperação da cidade ainda estão priorizando a remoção de árvores caídas em ruas e avenidas e que o retorno à normalidade depende do restabelecimento da energia elétrica pela concessionária CEEE Equatorial.
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O secretário Marcos Felipi Garcia explicou que a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) tem contrato com três empresas para a poda de árvores — regiões norte, sul e central — e que elas estão, no momento, atuando com 16 equipes na remoção de vegetais que caíram durante o temporal. Além dessas equipes terceirizadas da SMSUrb, outras 10 equipes vinculadas do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) estão atuando no apoio e limpeza das vias.
“Como agora a gente quer dar velocidade, a gente vai acabar desobstruindo a via, em alguns momentos o próprio DMLU vai recolher, em outros momentos a nossa equipe retorna para recolher”, diz.
Segundo o secretário, o temporal também provocou a queda de árvores em praças e parques da cidade, especialmente no Parcão e a Redenção, mas essas áreas são a última prioridade na atuação do rescaldo. “A prioridade são aqueles vegetais que atingiram a casa das pessoas, que a gente atua junto com os Bombeiros, depois são os vegetais nas vias de grande mobilidade, porque tem toda a questão da mobilidade da cidade, as vias secundárias e, por último, as praças e parques”, afirma.
Ele também explicou o pedido feito mais cedo pelo prefeito Sebastião Melo para o empréstimo ou doação de motosserras. Garcia destacou que todas as equipes terceirizadas têm equipamentos, com o contrato exigindo estoque reserva, mas que o pedido de ajuda da Prefeitura ocorreu em razão de voluntários terem se disponibilizado para ajudar no trabalho, bem como outras equipes da Prefeitura também teriam se colocado à disposição.
“A gente tem outros operadores da Prefeitura em condições de fazer serviço, só que é burocrático fazer uma contratação de uma motosserra, tem todo o trâmite legal e uma doação é muito mais rápida, porque a gente necessita. Alguém da Prefeitura ou os próprios parceiros habilitados, eles colocam à disposição, alguma empresa. ‘Olha, eu quero fazer essa região’. Faz um termo de doação de serviço, essa empresa atua, ajuda d cidade e não tem custo para nós. Até porque é um momento da gente se unir para recuperar a cidade o quanto antes”, afirma.
Garcia pontua ainda que a iluminação pública também foi afetada pela queda de energia, inclusive por postes que caíram devido ao temporal. “Nossas equipes hoje já estão trabalhando a iluminação pública. Sempre bom colocar, agora vai anoitecer, se o cidadão ver que tem algum ponto escuro, ele acessa o aplicativo da Prefeitura e aciona ali para nos ajudar a monitorar esse serviço. Tem alguns postes caídos, a gente está em contato direto com a Equatorial, a detentora do poste é a concessionária, não só pela questão dos postes, mas também dos vegetais. Os vegetais caídos estão energizados e a gente precisa do auxílio da Equatorial para para poder agir e fazer o manejo adequado”, explica.
O coronel Evaldo Rodrigues, coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, explica que a prioridade, além de socorrer as pessoas que estão fora de casa, e fornecer a elas suprimentos, como água, colchão e lona. Ele também destaca a importância do retorno da energia elétrica: ” A questão principal para nós também é o restabelecimento de energia elétrica, que vai repercutir diretamente no fornecimento de água da cidade e nas questões que envolvem as unidades de saúde também, que estão aí carecendo disso para ter a rotina normalizada”.
Rodrigues afirma, no entanto, que ainda não há um levantamento do números de moradias afetadas pela tempestade. “A gente tem milhares de casas danificados, com danos menores, com danos maiores, às vezes é uma janela, mas às vezes é a perda total do imóvel. A gente não tem esse quantitativo fechado ainda, as equipes estão na rua, né. A gente depende desse retorno para fazer esse fechamento e o decreto de emergência”, explica.
Já o secretário de Mobilidade Urbana em exercício, Matheus Ayres, destaca que, por volta das 15h30, a cidade ainda estava com 103 semáforos fora de operação, Durante a madrugada, o número havia passado de 200. Conforme o secretário, todos os problemas do momento são relacionados à falta de energia, com eventuais danos causados já tendo sido resolvidos.
“O eixo da Zona Sul tem bastantes semáforos fora de operação, Terceira Perimetral, aquele pedaço que fica para a Zona Sul. Na zona leste, nós temos falta de operação na Bento Gonçalves, Protásio Alves. A princípio, são essas duas regiões que estão sofrendo mais eh com a falta de energia”, afirma.
Quanto a pontos de alagamento, a principal área ainda afetada é Trincheira da Av. Ceará. Ayres disse ainda que 98% da frota de transporte público está em operação, o que seria suficiente para atender a demanda reduzida desta quarta-feira.