Geral
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23 de agosto de 2021
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12:08

Trabalhadores da Carris protestam contra proposta de privatização da empresa

Por
Luciano Velleda
lucianovelleda@sul21.com.br
Mobilização contra a privatização da Carris nesta segunda (23). Foto: Reprodução/Twitter
Mobilização contra a privatização da Carris nesta segunda (23). Foto: Reprodução/Twitter

Trabalhadores da Carris cruzaram os braços nesta segunda-feira (23) em protesto contra o projeto de lei apresentado pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que propõe privatizar a empresa de transporte público. A mobilização iniciou por volta das 2h da madrugada e foi crescendo até o amanhecer, em frente à garagem da Carris, situado no bairro Partenon, na Zona Leste.

O projeto de privatização da Carris foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e está pronto para ser votado em plenário.

Segundo o presidente do sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abbade, a mobilização de hoje está tendo ampla adesão dos funcionários da empresa. Abbade diz que os trabalhadores querem que o prefeito retire o projeto da Câmara e negocie junto com os funcionários outra solução para melhorar a situação financeira da Carris.

“Queremos construir junto com o prefeito”, afirma o presidente do sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre.

No início da manhã, Melo usou as redes sociais para criticar a paralisação, além de dizer que o alto preço da passagem de ônibus em Porto Alegre é causado pelas isenções e pelo custo da Carris.

“A greve da Carris é inoportuna e acontece justamente no momento em que a cidade busca retomar a normalidade. Ainda há muita gente desempregada e aqueles que possuem salário em dia, às custas do erário público, cruzam os braços. Já foi orientado o corte do ponto e do salário”, afirmou Melo.

Vereadores da Capital responderam, também por rede social, as afirmações do prefeito. “Inoportuno é o teu compromisso em entregar nas mãos dos empresários esse serviço essencial pro nosso povo. Inoportuno, prefeito, é ameaçar demissões e cortes nos salários dos trabalhadores e punir aqueles que exercem seu direito de se indignar. Todo apoio à greve da Carris!”, declarou a vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB).

“Fácil fazer esse discurso quando o objetivo real é justamente desempregar e tirar o salário desses trabalhadores e trabalhadoras que dedicaram a sua vida para a companhia, não pararam durante a Pandemia e assumiram linhas deficitárias da iniciativa privada na periferia. Vergonha!”, contrapôs o vereador Leonel Radde (PT).

Uma reunião entre o prefeito e os trabalhadores da Carris está marcada para ocorrer ainda hoje, às 16h30, no Paço Municipal.

A CUT-RS manifestou apoio a mobilização dos rodoviários de Porto Alegre contra os projetos do prefeito Melo (MDB), que visam privatizar da Carris e a extinção gradual dos cobradores de ônibus.

“Somos totalmente favoráveis à luta dos rodoviários contra a privatização da Carris e o fim dos cobradores de ônibus. O prefeito repete no município a mesma política do presidente Jair Bolsonaro e do governador Eduardo Leite que desmontam o estado e vendem empresas públicas para favorecer a iniciativa privada”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

Segundo ele, “desde os governos Fernando Henrique Cardoso e Antonio Britto, os brasileiros e os gaúchos têm sido vítimas das privatizações. O dinheiro da venda de empresas foi gasto todo, os serviços ficaram precários e mais caros para garantir o lucro dos compradores e a população paga a conta”.

Para o presidente da CUT-RS, a proposta de acabar com os cobradores de ônibus vai aumentar ainda mais o desemprego na cidade e privatização da Carris não vai melhorar o transporte nem baratear a tarifa. “Melo, que virou prefeito em janeiro deste ano, deveria tratar de fazer uma boa gestão da empresa, ouvindo os trabalhadores e os usuários para garantir serviços de qualidade.”

Cenci pondera que a mobilidade urbana teve muitas alterações nos últimos anos com o impacto das mudanças tecnológicas, como a entrada dos aplicativos, e que o tema deve ser estudado com profundidade na buscar por alternativas viáveis para resolver a crise do sistema de transporte.


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