Geral
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9 de agosto de 2021
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19:11

Cacique da Terra Indígena do Guarita nega clima de violência contra mulheres: ‘Tô sabendo não disso’

Por
Marco Weissheimer
marcow@sul21.com.br
Reserva Guarita abrange 23 mil hectares, onde vivem cerca de sete mil índios. (Foto: Arquivo/Assessoria de Comunicação/Funai)
Reserva Guarita abrange 23 mil hectares, onde vivem cerca de sete mil índios. (Foto: Arquivo/Assessoria de Comunicação/Funai)

O cacique da Terra Indígena do Guarita, Carlinhos Alfaiate, negou nesta segunda-feira (9) a existência de um ambiente de violência contra mulheres no território que administra. “Tô sabendo não disso. Aqui não”, disse o cacique à reportagem do Sul21. Carlinhos Alfaiate admitiu que a reserva enfrentou esse tipo de crime no passado, mas que hoje essa realidade não existiria mais. “Isso (a existência de um ambiente de violência) depende da pessoa que fala. Estamos tentando fazer o nosso melhor trabalho como liderança. Antigamente isso acontecia e ficava impune. Agora não vai ficar impune”, assegurou.

O cacique falou sobre as investigações sobre a morte da jovem kaingang Daiane Griá Sales, de 14 anos, cujo corpo foi encontrado na semana passada, próximo a uma lavoura da região, dilacerado da cintura para baixo. “A gente está bastante preocupado. Cheguei agora da delegacia onde fui ouvido pelo delegado e pedi para que o caso seja resolvido o mais rápido possível”.

Pela conversa com o delegado, o cacique acredita que o inquérito deve ser concluído nos próximos dias. “Dentro de dois a três dias vai sair o resultado da perícia. Pelo que o delegado disse, cerca de 90% do inquérito está concluído”, afirmou.

Carlinhos Alfaiate disse ainda que é muito difícil hoje controlar a circulação de todo mundo que vive e passa pela área da Guarita, um contingente em torno de 8 mil pessoas, segundo ele. “A gente não consegue ver onde anda toda essa gente”, acrescentou, salientando que a morte de Daiane não ocorreu dentro da terra indígena. 

Ele apontou como um problema a realização de bailes clandestinos ao ar livre fora da área da reserva em torno de carros com caixas de som que reúnem jovens da região e envolvem consumo de bebidas e drogas. E citou dois vídeos que mostrariam um desses bailes na Vila São João, distrito de Redentora, onde Daiane Griá Sales apareceria dançando.

O cacique assegurou que o crime não ficará impune e que o responsável pela morte de Daiane será identificado. Mulheres kaingang, preocupadas com casos de violência ocorridos nos últimos anos, estão se articulando para divulgar esta semana um manifesto exigindo justiça por Daiane e por todas as vítimas de violência.


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