Geral
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24 de julho de 2015
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19:15

Tropa de choque da BM usa bombas e gás de pimenta contra servidores em São Leopoldo

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Tropa de choque da BM usa bombas e gás de pimenta contra servidores em São Leopoldo
Tropa de choque da BM usa bombas e gás de pimenta contra servidores em São Leopoldo


Luís Eduardo Gomes

Ao menos cinco servidores municipais e três vereadores ficaram feridos durante um tumulto em frente à Câmara de Vereadores de São Leopoldo, na noite de quinta-feira (24), envolvendo funcionários públicos da cidade, em greve há mais de 50 dias, e a polícia militar.

Segundo, Aida Maria de Souza, presidente da Sindicato dos Servidores Públicos e Municipais de São Leopoldo (SSPM-SL), os ânimos estavam acirrados desde terça-feira, quando foi votada a criação de uma Comissão Processante para avaliar o pedido de cassação do prefeito Anibal Moacir da Silva (PSDB) – rejeitado por 7 votos a 6. Em decorrência de confusões que ocorreram após esta sessão, a segurança foi reforçada para a noite desta quinta-feira pela Guarda Municipal e pela Brigada Militar.

A pedido do presidente da Câmara, Aurélio Schmidt (PSDB), a tropa de choque da Brigada Militar foi acionada para fazer a segurança do lado de fora e a entrada na Câmara foi limitada para pessoas que receberam senhas distribuídas pela Casa. De acordo com a presidente do Sindicato dos Professores Municipais de São Leopoldo (Ceprol-SL), Andréia Nunes, um grupo de servidores municipais tentava entrar na Câmara para acompanhar uma sessão legislativa quando foram alvejados por bombas de efeito moral e gás de pimenta.

Aida afirmou que, durante a tarde, os servidores receberam apenas 20 senhas para a sessão, em que seriam votados dois projetos do governo. “Passava das 18h30 e não liberavam a entrada. Alguns servidores que tinham senha entraram, mas outros a BM não deixou entrar”, disse. “A gente entende que excessos ocorreram. Nós somos só professores, servidores da saúde, a maioria mulheres. Não tinha necessidade daquele aparato todo”, complementou.

Segundo Andreia, a ação ocorreu exclusivamente por parte da tropa de choque da Brigada Militar, que teria avançado sem ser provocada pelos manifestantes. “A gente estava na porta quando a BM jogou bombas. Começou do nada. Ninguém foi fazer o enfrentamento com a Brigada”, disse Nunes.

Professora tenta conversar com policiais durante a confusão em frente à Câmara de Vereadores de São Leopoldo | Foto: Lucas Campos
Professora tenta conversar com policiais durante a confusão em frente à Câmara de Vereadores de São Leopoldo | Foto: Lucas Campos

Por outro lado, o major da BM André Luis Stein afirmou que um grupo de cerca de 20 manifestantes tentou forçar a entrada da Casa – que ainda não estava lotada – e a Brigada então decidiu agir. “O pessoal extrapolou o limite da razoabilidade e o direito à manifestação”, disse o major.

Stein negou excesso por parte da Brigada e afirmou que os armamentos utilizados corresponderam ao mínimo necessário para evitar um confronto corpo a corpo. Segundo Stein, cerca de 100 pessoas se encontravam do lado de fora da Câmara no momento do tumulto, mas a maioria delas protestava pacificamente.

O major defendeu a limitação do acesso como uma medida necessária para garantir a segurança dentro da Casa e afirmou que o grupo que tentou invadir a Câmara não respeitou a entrada de “uma pessoa de cada vez”. Ele ainda afirmou que os policiais foram alvo de pedradas após o início da confusão, que teria começado por volta das 18h30 e se encerrado antes das 20h.

Pelo menos cinco servidores ficaram feridos e foram encaminhados para o Hospital Centenário de São Leopoldo. Além disso, segundo a bancada do PT, o vereador Luiz Antônio Castro dos Santos (PT) também foi hospitalizado devido à irritação provocada pelo gás de pimenta. Outros dois vereadores do PT, Carlos Roberto Fleck e Nestor Pedro Schwertner, também foram alvo do gás, mas não precisaram de tratamento médico. A bancada alega que eles foram atingidos quando tentavam apaziguar os ânimos.

Duas pessoas foram presas por desobediência ao se sentarem em frente à tropa de choque com as senhas de acesso na mão. Segundo a BM, elas foram algemadas “para a própria segurança”, uma vez que poderiam ser alvo de estilhaços de bomba e do gás.

Um vídeo (acima) gravado no momento da confusão mostra uma professora e os vereadores sendo alvejados por gás de pimenta quando tentavam apaziguar os ânimos entre os servidores e a tropa de choque.

A sessão da Câmara foi encerrada mais cedo por causa da confusão.

Greve já dura 50 dias

A ocorrência desta quinta-feira é mais uma etapa no longo impasse entre os servidores municipais e a prefeitura de São Leopoldo. Segundo Aida, do SSML, todas as categorias da cidade estão paralisadas desde o dia 3 de junho, o que inclui uma paralisação total de algumas escolas da cidade e o funcionamento entre 30% e 40% dos serviços da Saúde.

Os servidores não aceitam a proposta do prefeito de parcelar o índice da inflação, 8,41%, até 2019 e reclamam dos atrasos nos salários – eles estão recebendo os vencimentos em parcelas. “A gente já ganhou na Justiça o direito de receber em dia e foi aferida uma multa, mas mesmo assim o prefeito não paga em dia. Esse é o principal motivo (da greve)”, diz Aida.


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