
Nícolas Pasinato
No terceiro e último dia de greve nacional de professores e servidores da educação, o Cpers/Sindicato realizou uma tribuna popular em frente ao Palácio Piratini. O tema da mobilização desta quarta-feira (19) foi “falta de professores no Estado: mito ou verdade?”. O assunto se refere à entrevista que o secretário estadual da Educação, José Clóvis de Azevedo, concedeu para a Rádio Gaúcha, afirmando que a falta de professores no Estado é “um mito”.
No ato de hoje, representantes de núcleos do sindicato de diferentes regiões subiram no palanque para denunciar carência de professores e funcionários em suas escolas, além de apontar problemas de estrutura nos prédios. Uma representante da Escola Especial Padre Reus, instituição de Canoas que atende alunos surdos que são alfabetizados na língua brasileira de sinais (LIBRAS), disse que, desde junho do ano passado, o colégio encontra-se interditado por problemas de energia. Atualmente, os alunos estão estudando em uma igreja e, além disso, segundo ela, faltam professores nas disciplinas de artes e matemática.

Professores e funcionários de escolas de cidades, como Esteio, Sapucaia, Triunfo, Caxias do Sul, Passo Fundo, Santo Ângelo, Santa Maria e Uruguaiana também alegaram falta de professores e servidores em suas escolas.
A mobilização teve início na sede do Cpers, no centro da Capital, por volta das 10h. Durante o percurso até o Piratini, o ato contou com gritos contra o governador do Estado, Tarso Genro, como “o Tarso mão de tesoura, cortou o piso da minha professora!” e “o Tarso fora da lei, de esperar eu já cansei!”.
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A presidente do Cpers/Sindicato, Rejane de Oliveira, também não poupou críticas ao governador. “É um governo que mente que paga o piso, mente que o tema da falta de professores é um mito no Estado e também mente sobre o percentual de adesão da greve”, disse ela. O sindicato contabiliza que 60% da categoria aderiu a greve nacional. “Algumas escolas pararam integralmente e outras parcialmente”, afirma Rejane. Segundo levantamento feito pela Seduc, ontem, do universo de 2.570 escolas, apenas 74 paralisaram totalmente, representando 2,8%, e somente 276 escolas aderiram parcialmente ao movimento, o que chega a 10,7%.
A presidente do Cpers avaliou como positiva a paralisação de três dias e falou sobre a perspectiva de nova greve. “Vamos avaliar esse movimento e debater com a categoria para ver os próximos passos. Mas, com certeza, não daremos um minuto de descano para o governo Tarso enquanto não cumprir a promessa que fez para a nossa categoria”, destacou.
A greve, encerrada hoje, integra a paralisação nacional articulada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em âmbito nacional. A categoria espera pressionar o governo federal para a aprovação de um piso salarial nacional. No âmbito estadual, o sindicato reivindicou ainda a nomeação de professores e funcionários aprovados no concurso do magistério, realizado em 2013. Até agora, conforme a categoria, apenas 5% foram convocados.
A classe reivindica ainda a implementação de 10% do PIB na educação pública, criação do piso para funcionários de escola, mudança no vale refeição e reajuste do piso de acordo com o custo-aluno.
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