
Na noite deste sábado (21), as novas direções central e dos 42 núcleos do Cpers tomaram posse em uma cerimônia na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre. A professora Rosane Zan assumiu a presidência da entidade para o período de 2024 a 2027.
Em seu discurso de posse, a educadora destacou a importância da união e do engajamento de todos os professores, tanto ativos quanto aposentados. “Conclamo a todos a ocuparem seu espaço em nossa estrutura para que ninguém solte a mão de ninguém”, afirmou Rosane. Ela também enfatizou a necessidade de um Cpers fortalecido, como um espaço de debates amplos, plurais e qualificados, que permita avançar nas pautas da categoria e enfrentar as políticas consideradas prejudiciais “por um dos piores governos que o movimento sindical já enfrentou”.

Rosane foi eleita com 71,1% dos votos válidos para suceder Helenir Aguiar Schürer, que presidia o Cpers desde 2014. A nova presidente ingressou no magistério estadual em 1997 e, desde então, começou a construir sua jornada no movimento sindical. Diretora-geral em duas ocasiões em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, ela chega agora na presidência do Cpers com muitos e grandes desafios pela frente.
Em entrevista ao Sul21, Rosane destacou como um dos objetivos mais importantes para a nova gestão fazer o Cpers se aproximar dos professores que trabalham com contratos emergenciais. “[Eles têm] que enxergar que existe a política e que somos seres políticos. Essa construção nós vamos ter que voltar a fazer em formação política sindical. Não fazer formação política sindical para nós mesmos, que já temos uma construção, mas ir atrás dos jovens, parece que eles também não entendem a importância do sindicato”, analisa a nova presidente.
Ciente de que o trabalhador brasileiro mudou e que a escola também não é mais a mesma de décadas atrás, Rosane vislumbra que um novo caminho precisa ser trilhado e que ele passa, necessariamente, por “voltar ao chão da escola” para alcançar a almejada unidade da categoria.
Em assembleia geral no dia 6 de dezembro, o Cpers aprovou a pauta de mobilização da categoria para o ano de 2025, o que inclui temas como a cobrança por melhor atendimento no IPE Saúde, do pagamento do Piso do Magistério para todos os funcionários de escola e a inclusão integral da categoria na reestruturação das carreiras de agentes educacionais, pela valorização salarial.
O sindicato pretende ainda lutar contra o projeto do governo Eduardo Leite (PSDB) de implementar Parcerias Público-Privadas (PPPs) nas escolas estaduais. Este último tema foi um dos mais discutidos pelos educadores reunidos na assembleia, que temem que a terceirização na educação, prevista para iniciar pela gestão dos serviços de limpeza, merenda e vigilância, poderá chegar no futuro à gestão pedagógica.
A PPP da educação prevê que as empresas contratadas atuem na reforma e adequação das escolas aos requisitos de segurança e acessibilidade. Serviços de limpeza, merenda e vigilância também estão incluídos na parceria, que vai abranger os ensinos fundamental e médio. A previsão do governo Leite é realizar, em fevereiro do ano que vem, o leilão para a contratação das PPPs para 99 escolas de 15 municípios em um contrato de 25 anos. O valor aplicado será de R$ 4,8 bilhões.
A pauta das PPPs na Educação vem ganhando força em todo o Brasil nos últimos anos. No modelo gaúcho, não há previsão de concessão da gestão pedagógica das escolas, que permanece com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), mas diversas falas durante a assembleia do CPERS destacaram que em outros estados, como em São Paulo, já discussões para que parceiros privados influenciam também no conteúdo programático trabalhado em sala de aula.