Educação
|
28 de novembro de 2024
|
17:07

Ao celebrar 90 anos, UFRGS anuncia novos projetos relacionados à emergência climática 

Por
Yasmmin Ferreira
yasmmin@sul21.com.br
UFRGS define plano e estratégias para o enfrentamento da emergência climática e ambiental. Foto: Secom/Gustavo Diehl
UFRGS define plano e estratégias para o enfrentamento da emergência climática e ambiental. Foto: Secom/Gustavo Diehl

Na manhã do seu aniversário de 90 anos, nesta quinta-feira (28), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) anunciou planos para o desenvolvimento de três novas iniciativas relacionadas à emergência climática. Em coletiva, Marcia Barbosa, atual reitora, e Pedro Costa, vice-reitor, abordaram as propostas já em andamento – o projeto de uma Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais (SEECAM), um Painel Intergovernamental de Emergências Climáticas e Ambientais do Sul e um Centro de Gestão de Riscos Climáticos e Ambientais.

Encaminhada para o Conselho Universitário e em fase de avaliação, a SEECAM, se aprovada, terá como objetivo coordenar as ações da universidade em relação à gestão de riscos climáticos e ambientais. Além disso, a Secretaria visa proteger a comunidade acadêmica durante eventos climáticos extremos e promover a sustentabilidade ambiental. 

Segundo Marcia Barbosa, a implementação do órgão não custará nenhuma verba adicional, o que facilita sua consolidação. De acordo com a reitora, a expectativa é de criar uma estrutura centralizada e integrada para tratar de questões complexas, como as emergências climáticas e ambientais. A ideia é evitar respostas fragmentadas e contraditórias por parte da instituição, como as que ocorrem quando diferentes áreas de conhecimento (como economia, engenharia, ciências sociais, etc.) apresentam visões conflitantes sobre o mesmo problema.

A Secretaria deve reunir profissionais de diversas disciplinas em um único espaço para que, ao compartilhar suas perspectivas, possam construir uma visão mais abrangente e coesa. O intuito é que, por meio dessa colaboração, seja gerado um posicionamento unificado e fundamentado em evidências, resultando em um único documento ou recomendação que reflita a combinação das diferentes áreas. “(Com a SEECAM) a UFRGS terá um posicionamento, e será baseado em evidências, e será uma verdade inconveniente”, afirma Barbosa.

Em relação ao Painel Intergovernamental de Emergências Climáticas e Ambientais do Sul, a reitoria informou que, inspirado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, da sua denominação em inglês Intergovernmental Panel on Climate Change), a ideia é produzir um organismo regional focado em monitorar e orientar ações referentes a situações climáticas extremas. Se estabelecido, o painel iria conectar-se com organizações nacionais e internacionais, acompanhando reconstruções, gerenciando programas de extensão e promovendo capacitações em gestão de riscos. Também, o painel realizaria o monitoramento de sistemas de segurança contra desastres, como inundações.

Possivelmente o mais aguardado (e complexo), o Centro de Gestão de Riscos Climáticos e Ambientais será, conforme a universidade, um espaço para monitoramento e análise de dados oceanográficos, meteorológicos, hidrológicos, biológicos, de marcadores microbiológicos de risco ambiental e de saúde pública, e de poluição. O centro deve coordenar ainda um sistema de suporte e subsídio técnico precoce para eventos meteorológicos de grande proporção, com conexão direta a municípios, defesas civis e ao Corpo de Bombeiros. Igualmente, irá monitorar, avaliar e propor políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas, promovendo a conexão entre a universidade, o governo o e a sociedade.

De forma bastante resumida, o centro planeja colocar sensores no oceano. “É preciso saber a temperatura exata do oceano. O oceano, ao aquecer, modifica o regime de ventos e o regime de chuvas. Falam muito pouco disso”, diz Barbosa. “A gente já detectou que no Rio Grande do Sul temos um problema sério de ter baixo monitoramento, pouco diálogo etc. […] Nós precisamos ter um sistema melhor pra proteger vidas. […] Nós vamos precisar ter informações na hora. ‘Onde (irão ocorrer tempestades)?Exatamente onde?’. Não os mapas que a gente tá recebendo agora, de doze em doze horas”, pontua. 

Com um orçamento inicial previsto em torno de R$ 45 milhões, o projeto têm buscado financiamento junto a parlamentares.


Leia também