Educação
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21 de agosto de 2024
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17:07

Atempa questiona anúncio de retorno das aulas em todas as escolas e aponta falta de planejamento

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
EMEI Tio Barnabé, no bairro Azenha, está entre as escolas mais danificadas e ainda está em obras, o que obrigou a realocação dos alunos para outras instituições | Foto: Divulgação
EMEI Tio Barnabé, no bairro Azenha, está entre as escolas mais danificadas e ainda está em obras, o que obrigou a realocação dos alunos para outras instituições | Foto: Divulgação

A Secretaria Municipal de Educação (Smed) anunciou na segunda-feira (19) que retomou as atividades nas últimas sete escolas de Porto Alegre que estavam com aulas suspensas desde que foram atingidas pela enchente de maio. No entanto, como alertaram leitores do Sul21 em nota sobre o assunto, a retomada das aulas nas 14 escolas da cidade que foram alagadas em maio não é integral. Esta situação é confirmada pela Associação dos Trabalhadores em Educação do Município (Atempa), que tem acompanhado a retomada das atividades e alertado para o problema.

A principal reclamação dos leitores era quanto à situação da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Tio Barnabé, no bairro Azenha, que não está entre aquelas que teve o retorno anunciado pela Smed. Procurada pela reportagem nesta quarta-feira (21), a secretaria informou que a escola já estava com a situação considerada como resolvida, uma vez que todos os alunos já teriam sido realocados em outras instituições. O prédio da escola, uma das mais danificadas pela enchente, está em obras, segundo a Smed, mas não há previsão de quando poderá ser reocupado.

Foram atingidas pelas enchentes as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) João Goulart (bairro Sarandi), Ver. Antônio Giúdice (Humaitá), Liberato (Sarandi), Porto Alegre (Centro) e Migrantes (Sarandi); e as EMEIs Vila Elizabeth (Sarandi), Miguel Velazques (Sarandi), Humaitá (Humaitá), Tio Barnabe (Azenha), Passarinho Dourado (São Geraldo), Patinho Feio (São Geraldo), Meu Amiguinho (Floresta), Cantinho Amigo (Azenha) e Ilha da Pintada (Ilha da Pintada). Elas totalizam 4.147 e todas as instituições estariam aptas a recebê-los, seja nos próprios prédios ou em espaços alternativos.

A Atempa, no entanto, tem outro entendimento dos fatos. Diretora da associação, Rosele Cozza Bruno de Souza pontua que a entidade realizou visitas às escolas atingidas entre o final de julho e o início de agosto e tem mantido contato com os diretores das instituições por meio de grupos em aplicativos de conversa. O principal problema percebido seria a falta de informações por parte da Smed a respeito das obras que seguem ocorrendo nos prédios.

“Nós visitamos essas escolas e o que a gente percebeu que é comum a todas, com exceção da Escola Antônio Giúdice, não existe um escopo de obra, não existe um planejamento que as direções tenham tido acesso e uma previsão: a obra vai começar tal dia e vai acabar tal dia, vai ser feito isso, vai ser feito aquilo, porque vai ser feito. Não existe. E isso foi uma fala unânime em todas elas, a falta de um planejamento, de um escopo”, afirma.

Exceção à regra, a escola Antônio Giúdice foi reformada por uma parceria da Prefeitura com o Instituto Jama, que forneceu obras e serviços ao Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática. A instituição recebeu pintura interna e externa, lavagem do forro, reforma do piso, substituição de vidros, reparos elétricos, além da demolição do pavilhão e pintura em grafite do muro. Além disso, a direção da escola conseguiu agilizar a ligação da subestação de água que atende o local para retomar o abastecimento.

“A Giúdice conseguiu voltar, mas as outras, por exemplo, a João Goulart, que foi muito atingida e estava sendo atendida na escola Paixão Cortes, agora voltou para ser atendida no segundo andar. Então, toda a parte de baixo do primeiro andar que foi atingida ainda não está pronta. Os alunos estão indo, estão entrando, mas estão acessando o segundo andar para ter aula. A última vez que a gente foi lá, no recesso de julho, não tinha ainda o escopo de como seria a obra, de como iam fazer”, diz Rosele.

A diretora da Atempa afirma que, mesmo em escolas que a Smed considera que retomaram as aulas, os diretores relatam que o atendimento não é pleno. “Estão com algumas turmas, alguns horários. O atendimento pleno, com todas as turmas, não retornou. Isso a gente tem acompanhado bastante. O que nos preocupa é essa falta de transparência e de planejamento”, diz. “Tem várias crianças sem aula. Muitas porque as famílias também foram atingidas e algumas não se sabe por onde estão, mas muitas porque acaba que a turma não está sendo chamada porque a escola não tem condições de atender, ou estão com horário parcial, estão com atendimento de revezamento, isso está acontecendo. Então, assim, um atendimento a pleno, de todas as turmas, isso não está acontecendo”, complementa.

No caso da Tio Barnabé, Rosele diz que a informação que a Atempa tem é de que parte dos alunos está sendo atendida em escolas particulares, por meio da compra de vagas pela Prefeitura. Mas há situações particulares para cada escola, como é o caso da Cantinho Amigo, próxima ao Ginásio Tesourinha, cujos alunos estão sendo atendidos em salas de aula cedidas pelo Colégio Militar.


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