Educação
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31 de julho de 2024
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17:56

Futura reitora da UFRGS planeja criar pró-reitoria de ações afirmativas e secretaria climática

Por
Luciano Velleda
lucianovelleda@sul21.com.br
A professora e pesquisadora do Instituto de Física da UFRGS, Marcia Cristina Bernardes Barbosa, foi nomeada como a nova reitora da UFRGS | Foto: Gustavo Diehl/Arquivo Secom-UFRGS
A professora e pesquisadora do Instituto de Física da UFRGS, Marcia Cristina Bernardes Barbosa, foi nomeada como a nova reitora da UFRGS | Foto: Gustavo Diehl/Arquivo Secom-UFRGS

Vencedora da eleição para nova reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e número um da lista tríplice que será analisada pelo Ministério da Educação (MEC), a professora Marcia Barbosa já começou a planejar as primeiras ações à frente da maior universidade do Rio Grande do Sul tão logo seu nome seja confirmado pelo governo federal.

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Um dos desafios será a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade e também a Secretaria Especial de Emergência Climática e Ambiental. A ideia é levar ambas as propostas para análise do Conselho Universitário (Consun).

“Temos um orçamento para cumprir. E vamos criar, seguindo a definição do Conselho Universitário, ou seja, vamos levar ao Conselho a criação de uma Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Diversidade e, igualmente, uma Secretaria Especial de Emergência Climática e Ambiental. É um desafio porque vamos ter que conquistar o Conselho Universitário para apoiar essas duas propostas”, anuncia, vislumbrando os primeiros desafios da sua gestão assim que assumir o cargo de nova reitora da UFRGS.

Procurando ser cuidadosa com o processo interno vivido pela instituição, Marcia diz que a campanha mostrou que as três chapas que concorreram à reitoria trouxeram propostas distintas à universidade e que todas tiveram uma avaliação bem equilibrada entre os votantes – alunos, professores e profissionais técnico-administrativos. Por isso, ela diz pretender encontrar caminhos para manejar as diferentes visões.

“O grande desafio que a gente vai enfrentar na administração pelos próximos quatro anos, é como contemplar essas três visões, de maneira a ter uma escuta, ter diálogo, trazer o consenso quando possível e trazer a democracia quando o consenso não puder ser construído. Isso será um desafio e, certamente, um desafio grande quando a gente observa o contingenciamento de recursos, mas é um desafio que a gente vai ter que enfrentar”, afirma.

A recente eleição da nova reitoria da UFRGS foi histórica. Pela primeira vez, o Conselho Universitário (Consun) reconheceu a paridade no processo chamado de “consulta à comunidade acadêmica” – a eleição em si. Até 2020, a etapa de consulta à comunidade acadêmica tinha peso maior no voto dos docentes – um cálculo de 70% para os professores, 15% no voto dos alunos e 15% no dos técnico-administrativos. Entretanto, uma resolução de 2023 do Conselho, reafirmada por outra resolução de 2024, instituiu a paridade no peso dos votos de docentes, estudantes e técnicos.

Durante um debate da campanha realizado no Salão de Atos, chegou a ser lido um termo de compromisso das três chapas com a paridade dos votos na consulta à comunidade. Era um sinal de acordo dos candidatos com a regra definida pelo Conselho Universitário, uma demanda antiga da comunidade da UFRGS.

Apesar do acordo entre as chapas e das resoluções do Conselho Universitário, a regra da paridade chegou a ser ameaçada. Dias antes da eleição, o pró-reitor de Inovação e Relações Institucionais da UFRGS, Geraldo Pereira Jotz, obteve liminar na Justiça para que a contagem dos votos voltasse a dar peso maior para os docentes. A decisão judicial trouxe dúvidas ao processo. Se valesse a regra até então tradicional, a chapa 2, de Ilma Simoni Brum da Silva e Vladimir Pinheiro do Nascimento, candidatos a reitora e vice-reitor, respectivamente, seria vencedora; se valesse a paridade, a chapa 3, de Marcia Barbosa (reitora) e Pedro de Almeida Costa (vice-reitor) seriam os vencedores.

O imbróglio foi decidido no dia 19 de julho, quando o Conselho Universitário se reuniu e manteve a decisão pela vigência da paridade, indicando então a professora Marcia Barbosa como vencedora da eleição e número um na lista tríplice enviada ao Ministério da Educação. Tradicionalmente, o conselho ratifica a ordem da eleição feita junto aos docentes, estudantes e técnicos, ainda que não haja nenhuma obrigatoriedade legal nisso.

“O que aconteceu no Conselho Universitário, é que o Conselho, que segue a lei porque ele tem 70% de sua composição por docentes, seguiu o que tinha definido em novembro do ano passado, que é a votação de maneira paritária. Na sua votação, seguiu isso e então nossa chapa ficou em primeiro lugar na lista”, comenta a futura reitora.

Nos últimos quatro anos, a escolha do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em nomear como reitor Carlos André Bulhões, que não havia sido o vitorioso na eleição de 2020, elevou os ânimos na universidade. Durante todo o seu mandato, Bulhões foi considerado um “interventor” pela maioria da comunidade acadêmica da UFRGS.

É nesse contexto que Marcia Barbosa deverá assumir a reitoria da maior universidade do RS. Ciente dos desafios, a professora demonstra confiança na missão que terá pela frente. ”Eu não vejo que tenhamos mais conflitos. Agora, é só a gente começar a transição e, neste momento, o próprio reitor está ofertando estabelecer um processo de transição tranquilo, sem maiores problemas.”


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