Cultura
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1 de novembro de 2024
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19:16

Em parceria com a UFRGS, MinC lança 1ª formação pública e gratuita para novos escritores

Por
Bettina Gehm
bettinagehm@sul21.com.br
Lançamento do programa contou com a presença da ministrs Margareth Menezes. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Lançamento do programa contou com a presença da ministrs Margareth Menezes. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

A primeira formação pública e gratuita do Brasil para novos escritores foi lançada nesta sexta-feira (1º). Trata-se do programa Territórios da Escrita, uma parceria entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura e do Instituto de Letras.

O curso vai contemplar mil pessoas de todo o Brasil e será ministrado por professores da UFRGS, de forma online, abordando sete gêneros literários: poesia, crônica, conto, dramaturgia, narrativa longa, literatura juvenil e literatura infantil.

O edital de seleção dos alunos será publicado neste sábado (2), no site da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, e as inscrições serão aceitas até 30 de novembro. Entre os participantes, cem pessoas serão selecionadas para receber uma bolsa de R$ 2 mil a serem investidos na continuidade da obra literária.

Jeferson Tenório. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

O escritor radicado em Porto Alegre Jeferson Tenório considera a iniciativa uma forma de democratizar a escrita. “O meio literário, nos últimos anos, tem se tornado um pouco mais democrático. Mas o mercado editorial ainda é muito fechado, principalmente para quem está começando e não sabe muito bem como funciona, não sabe como apresentar um livro para uma editora. Ainda temos algumas barreiras para que um jovem consiga publicar um livro, principalmente vindo da periferia”, afirmou em entrevista ao Sul21.

Autor de O Avesso da Pele e Estela sem Deus, Tenório conhece bem o caminho a ser trilhado até publicar romances de sucesso. “Minha experiência foi bastante difícil. Só consegui publicar um livro com 33 anos e demorou três anos depois que o livro foi escrito”, relatou. “Recebi muitas negativas, justamente por não ser um nome conhecido e não ter relações influentes para conseguir chegar nesses lugares”. 

O edital de seleção para o Territórios da Escrita contará com ações afirmativas para pessoas negras, indígenas e com deficiência.

Presente no lançamento do programa, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, comemorou o que chamou de “ação inovadora que vai trazer oportunidades para formar a expressão do nosso grande povo brasileiro”. Completou dizendo: “A cultura quem faz é o povo”. 

Secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano dos Santos Piúba adiantou que a primeira experiência com o Territórios da Escrita vai criar “parâmetros e referências para 2025 e 2026”. A intenção do Ministério é ampliar o projeto para outras universidades, pelo menos uma em cada região do país. A parceria com a UFRGS será mantida. 

 

Ministra da Cultura, Margareth Menezes, ao lado do secretário de Formação, Livro e Leitura, Fabiano Piúba. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Tenório acredita que não só a escrita, mas também a leitura pode ser popularizada através do programa. “Dentro dessa formação, estaremos também formando leitores. Para escrever é preciso se tornar um leitor mais crítico, mais especializado”, explicou.

“A leitura é uma coisa que toca em nós, desperta em nós e reflete em nós. Quando você escreve aquilo que é despertado em você, está escrevendo para você e para o outro”, disse a ministra. “Um curso como este tem a dimensão de entender que todo mundo é capaz de trazer uma verdade a respeito do imaterial, do sentimento”.


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