
Fernanda Canofre
Dezesseis dias após o início da greve geral dos professores do Estado, em Assembleia Geral, o Cpers – sindicato da categoria – decidiu nesta sexta-feira (31) suspender a greve até a próxima quarta. A decisão veio para dar “fôlego” às mobilizações que estão sendo organizadas para a próxima terça, quando a Assembleia Legislativa deve retomar as votações do pacote de medidas do governo de José Ivo Sartori (PMDB).
“Retomamos o estado de greve – o que significa que não estamos em greve, mas preparados para qualquer hora voltar. Suspensão significa isso, não acabamos, estamos suspendendo e podemos voltar a qualquer momento. Agora depende do governo”, explica a presidente do sindicato, Helenir Aguiar Schurer.
A proposta da suspensão foi aprovada por unanimidade entre a categoria. “Sabiamente, a categoria decidiu por dar um passo atrás, para poder vir com mais força e fôlego”, avalia Helenir. “Pela consciência dos ataques, que não vão encerrar agora, no final do mês. Então, vamos ter muita luta este ano e é claro que a gente tem que se preservar e acumular forças”.
Segundo a presidente do sindicato, a greve iniciado no dia 15 de março teve adesão de um pouco mais de 10% da categoria. Helenir diz que na região sul, em cidades como Rio Grande e Pelotas, e em Santa Maria, na região central, a adesão foi maior por questões locais.
No final da assembleia, os professores saíram em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros, em direção à Esquina Democrática, para se juntar ao Ato Pela Democracia contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer.

Assembleia aprova auxílio a professores com fundo de greve
Uma das propostas aprovadas na assembleia foi que o sindicato possa cobrir salários de professores que sofreram descontos na folha de pagamento por ter aderido à greve de dezembro, com o dinheiro do fundo de greve. Um professor tentou argumentar, ao microfone, que o apoio deveria ser buscado junto às comunidades escolares, já que o fundo seria insuficiente para isso. Ele chegou a afirmar que a divisão significaria pouco mais de um real para cada professor.
“Eu, particularmente, meu modo de ver o sindicato, ele já ultrapassou há muito tempo aquele sindicato assistencialista. Para mim, se o governo não paga salário, é a nossa força, a nossa luta que vai fazer ele cumprir. Mas, infelizmente, algumas pessoas ainda têm resquício muito forte do sindicato assistencialista. Um desafio que a gente, no novo sindicalismo combativo, tem que trabalhar para ir criando essa consciência”, reforçou Helenir, que foi contra.
O sindicato afirma que aconteceram alguns descontos no final de dezembro, mas não chegaram a atingir todos os professores, nem uma parcela expressiva da categoria. O Cpers ainda aguarda levantamento dos núcleos para divulgar um número de quantos professores teriam sido afetados.
O sindicato estaria em negociação direta com o governo do Estado, que garantiu que os pagamentos seriam liberados este mês. “Se não foi pago, tem mais uma pauta em cima da mesa para resolver”, afirmou Helenir.
