
Da Redação*
Temas como mídias sociais e formação de redes, rádios comunitárias, mulher, mídia e poder e política e comunicação foram abordados no primeiro dia do Seminário Estadual “Comunicação, Democracia e Resistência”, que iniciou na manhã de quinta-feira (01), promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul. Entre os palestrantes do primeiro dia, estão o jornalista Franklin Martins e o sociólogo Emir Sader. O evento se encerra na tarde de sexta-feira (2). A programação do último dia (confira abaixo) prevê mesas temáticas sobre mídia alternativa e ativismo digital e democratização da comunicação.
Na mesa de abertura do seminário, que ocorre no auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), representantes da organização e do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) se manifestaram. O secretário de Comunicação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), Juberlei Bacelo, enfatizou que o momento é importante para debater o assunto. “A comunicação é um tema central para resistir aos ataques dos golpistas, pois sabemos que a mídia pauta e manipula a opinião da sociedade brasileira”, destacou ele, citando como exemplo a cobertura da votação em primeiro turno da PEC 55 no Senado. “Foi uma batalha campal e isso não foi mostrado”, completou ele. O seminário, de acordo com o dirigente sindical, possibilitará tirar propostas de ações para qualificar a comunicação sindical.

Retrocesso na comunicação do RS
Já a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, assinalou que essa é a “hora ideal para a realização de um seminário como esse”. A exemplo do representante da Fetrafi-RS, a professora citou exemplos de distorção pela mídia e como isso influencia a sociedade. “A grande mídia emburrece as pessoas”, avaliou ela, ao destacar que há professores que defendem o pacote do governador José Ivo Sartori (PMDB), que exingue fundações e órgãos públicos e prevê demissões. Presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, Milton Simas opinou que “pensar a comunicação é fundamental para a construção de um mundo mais justo.” No Rio Grande do Sul, conforme ele, a comunicação vive “um triste momento” desde o começo do governo Sartori e citou a extinção da Secretaria de Comunicação, a prisão do repórter do Jornal Já Matheus Chaparini, e agora, o projeto de extinção da Fundação Piratini. “É uma total falta de respeito com a comunicação”, criticou Simas.
Na mesma linha de outros dirigentes sindicais que avaliaram a cobertura da mídia, o secretário do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), Marcos Fuhr, observou que “estamos perdendo a batalha da comunicação.” “Estamos aqui para discutir essa realidade e alavancar a nossa comunicação com políticas específicas e disputar a sociedade”, destacou ele.
Qualificar a comunicação
“Produzimos muito, em conteúdo e tiragem, mas estamos perdendo a batalha da comunicação. Por isso, estamos perdendo”, avaliou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.” Segundo ele, o debate sobre a comunicação pode contribuir muito para esse momento particular e é necessário desenvolver uma estratégia de comunicação. “Há um esforço da CUT-RS para qualificar a comunicação e estamos estudando a possibilidade de ter uma rádio comercial, que atue em rede com rádios comunitárias, a fim de abrir espaço para a nossa pauta, coisa que não encontramos em nenhum dia”, adiantou Claudir.

Na opinião do presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS, Jairo Carneiro, há pouco investimento em comunicação no movimento sindical, “e muitas vezes, os dirigentes sindicais acham que o jornalista deve apenas tirar fotos deles mesmos e isso é um grande erro, pois é através deles que damos a nossa versão”. O sindicalista afirmou que nesta atividade devemos “olhar para dentro e discutir sobre como estamos fazendo a nossa comunicação.”
Secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr avaliou o primeiro dia do seminário como muito positivo pelos temas tratados. “Conseguimos mostrar como a mídia pauta a sociedade”, avaliou ele. Ele defendeu um aperfeiçoamento da comunicação sindical para disputar espaço com a mídia tradicional. Na opinião de Ademir, os movimentos sociais e sindical são considerados “descartáveis” pelos grandes conglomerados de comunicação. “Nós queremos ser ouvidos”, enfatizou o dirigente da CUT.
Programação desta Sexta-feira
9h – Mesa temática “Democratização da Comunicação” com os jornalistas Celso Schroeder (diretor da FENAJ) e Renata Miele (coordenadora do FNDC);
11h – Mesa temática “Mídia Alternativa e ativismo digital” com Carmen Crochemore (Sul21) e jornalista Paulo Salvador (Rede Brasil Atual/TVT).
14h – Mesa temática “Desafios da Comunicação Sindical” com o secretário de Comunicação da CUT Nacional, Roni Barbosa, o secretário de Comunicação da CUT/RS, Ademir Wiederkehr, o diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, a diretora do SindBancários, Ana Guimaraens, e outros sindicatos.
*Com informações da assessoria de imprensa da CUT