
Jaqueline Silveira
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Rio Grande do Sul aderiu ao movimento nacional e realizou um ato ao meio-dia desta terça-feira (28), em Porto Alegre, contra a política econômica implantada pelo governo federal. O principal alvo das críticas foi o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, além dos banqueiros. Também sobraram críticas à gestão do governador José Ivo Sartori (PMDB) e foram feitas manifestações em defesa da democracia.
Por uma hora, sindicalistas de diversos segmentos se revezaram nas manifestações em frente à sede do Banco Central, na Capital. Com bandeiras da CUT e do Sindibancários, principalmente, os representantes das entidades sindicais ocuparam apenas uma parte da Avenida Alberto Bins. Uma faixa demonstrava a insatisfação com a política de ajuste fiscal da gestão da presidente da República, Dilma Rousseff: “Ato contra aumento dos juros. Dilma, basta de juros altos!”

Representante da Federação dos Bancários no Estado, Denise Falkemberg frisou que as mulheres são as primeiras a terem dos direitos reduzidos e a perderem o emprego, reflexos da política econômica. “Todos contra esse arrocho e nenhum direito a menos”, pregou ela. Presidente da Federação dos Sapateiros, João Batista ressaltou que os trabalhadores não aceitam as altas taxas de juros que têm como consequência, segundo ele, o desemprego no país. “Vamos mostrar às classes que são contra os trabalhadores que somos fortes”, conclamou o Valdemar Jesus da Silva, do movimento comunitário, defendendo a unificação dos sindicatos em prol da pauta.
Em alguns momentos, as manifestações foram intercaladas por gritos de “Fora, Levy”. Do Sindicato dos Petroleiros, Fernando Maia afirmou que, além de se posicionar contra a política econômica, os trabalhadores do setor estão engajados em barrar o projeto de autoria do senador José Serra (PSDB) que prevê a quebra da hegemonia da Petrobras na operação do pré-sal. Já a secretária da Mulher trabalhadora da CUT e representante do Sindibancários, Isis Marques, disse que a categoria tem legitimidade para cobrar mudanças no rumo da economia. “Foi um governo que nós elegemos, por isso temos legitimidade para fazer respeitar nossas pautas. Nós somos contra o monopólio dos bancos e exigimos garantia dos direitos sem retrocesso”, justificou ela.
Trabalhadores não podem pagar a conta
Diretor colegiado do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (Semapi), Edgar Costa Sperrhake observou que tanto no país quanto no Estado estão sendo “escolhidas as pessoas erradas para pagar por esse momento que estamos passando”, referindo-se às medidas para superar a crise financeira.
A exemplo de outros sindicalistas, o presidente do Sindibancários, Everton Gimenis, reforçou o fato de que os trabalhadores não elegeram a política econômica implantada pelo governo Dilma. Segundo ele, essa era a linha defendida pela oposição durante a campanha eleitoral. “Ela gera recessão, desemprego”, criticou o dirigente sindical, afirmando que serão cobrados do governo taxas de juros menores. Gimenis também pregou que os trabalhadores não irão aceitar “o golpe” e que, se necessário, irão às ruas para defender a democracia. “Vamos impedir o golpe, porque os trabalhadores não vão aceitar retrocessos”, concluiu ele, numa referência ao pedido de impeachment da presidente Dilma que foi protocolado na Câmara dos Deputados.

O presidente da CUT no Estado, Claudir Nespolo, encerrou o ato, oportunidade em que agradeceu os sindicalistas presentes e os trabalhadores do comércio ao redor. Ele fez duras críticas aos bancos. “Os banqueiros têm muito poder na hora de decidir a política econômica”, disparou ele. Nespolo acrescentou que as instituições financeiras têm “muita influência” na alta de juros. “Nós não temos dúvida que o Copom é um ninho de tucanos (PSDB)”, afirmou o sindicalista, sobre o Comitê de Política Monetária, responsável por estabelecer a taxa de juro básico no país.
O presidente da CUT enfatizou, ainda, que se os governos estadual e federal têm de fazer ajuste fiscal não podem “passar o ônus aos trabalhadores”. Para isso, Nespolo sugeriu a taxação de grandes fortunas e o combate à sonegação com investigações das contas do HSBC na Suiça e da Operação Zoletes , que apura a suspeita de pagamento de propina por um um grupo de empresas a integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais com o fim de anular multas tributárias milionárias.
No Brasil
No país, o ato contra as medidas do ajuste fiscal ocorreram em diversas capitais. Em Brasília, os trabalhadores se reuniram em frente ao Ministério da Fazenda.