

Débora Fogliatto
Enquanto realizavam um ato de solidariedade aos professores do Paraná nesta terça-feira (5), integrantes do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) foram surpreendidos pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), que passou pelo ato. De acordo com a diretoria do Cpers, ao ser questionado sobre sua opinião, o governador teria afirmado que a violência policial, que deixou mais de 200 feridos na última quarta-feira (29), era “culpa dos professores”.
Logo que Sartori se aproximou do grupo, um dos manifestantes entregou um panfleto ao governador e pediu que ele manifestasse apoio ao Paraná, ao que ele teria respondido: “Eu amo o Paraná”, em tom irônico. “Perguntamos a opinião dele sobre repressão no Paraná, ele ficou sério e disse ‘o que aconteceu lá foi culpa dos professores'”, afirmou um professor presente no local.
Sartori teria ainda justificado sua posição pelo fato de os professores terem “invadido”, nas palavras dele, a Assembleia Legislativa do estado. Segundo a nota oficial do Cpers, o governador ainda concluiu, ao ser questionado se essa era verdadeiramente a sua opinião sobre a agressão aos servidores: “Tudo bem, vocês sempre têm razão, né”. O Cpers/Sindicato afirmou que “repudia a afirmação do governador, que demonstrou desrespeito com os educadores e fez piada, mais uma vez, com a educação pública”.
Governo nega versão do Cpers
A assessoria de imprensa do governo do estado não confirma a versão do Cpers. De acordo com o Piratini, Sartori veio a pé de uma entrevista e encontrou os professores, os quais cumprimentou individualmente. Ao ser questionado sobre a questão do Paraná, o governador teria dito, segundo a assessoria, “Vocês sabem de onde eu venho e quem eu sou”, dando a entender que não se manifestaria sobre o governo de outro estado.
Violência no Paraná
No dia 29 de abril, enquanto a Assembleia paranaense votava um projeto de lei que mudava a previdência dos professores, proposto pelo governador Beto Richa (PSDB), os docentes tentavam entrar no prédio. Com o pretexto de impedi-los, a Polícia Militar — que também é coordenada pelo governo estadual — lançou bombas de gás lacrimogêneo, utilizou balas de borracha e cachorros pit bulls, que feriram mais de 200 pessoas.