
Categoria rejeitou proposta dos empresários na noite de terça-feira, mas sindicato decidiu fazer uma votação plebiscitária|Foto: Samir Oliveira
Jaqueline Silveira
Os grupos de oposição ao Sindicato dos Rodoviários da Capital irão mobilizar a categoria para ir ao Ministério Público do Trabalho, na tarde desta quarta-feira (21), pedir providências em relação “às atitudes” da entidade que representa os trabalhadores. Na noite de terça-feira (20), ocorreu uma assembleia dos rodoviários para avaliar a proposta de 8% de reajuste oferecida pelas empresas de ônibus e mais R$ 2 no vale-refeição, mas a categoria rejeitou o percentual. No entanto, mesmo com a negativa da maioria dos trabalhadores presentes em relação ao índice, a diretoria do sindicato decidiu fazer “uma votação plebiscitária”. A direção ficou de se reunir com o departamento jurídico para definir o processo de votação. A consulta deverá ser feita nas empresas com a instalação de urnas.
“O Estatuto diz que a assembleia é soberana e a proposta patronal foi rejeitada pelos trabalhadores. O sindicato desrespeitou a vontade dos trabalhadores”, protesta Luis Afonso Martins, um dos líderes de oposição à atual direção da entidade sindical. Ele conta que, ainda na noite de terça-feira, a categoria fez “uma assembleia paralela” em frente ao ginásio da Escola de Educação Física da Brigada, local da reunião anterior, quando se manifestou contra a proposta. Lá, ficou definido que a concentração desta quarta-feira ocorrerá na Praça da Florida, a partir das 15h, de onde os trabalhadores partirão a pé para o Ministério Público do Trabalho, localizado na Rua Ramiro Barcelos.
Sobre a possibilidade de os rodoviários fazerem greve como forma de pressionar o sindicato da categoria, o líder sindical não descartou. “Tudo passa pela vontade dos trabalhadores. Vamos entrar em contato com os trabalhadores da base e o que eles decidirem, nós acataremos”, adianta Martins, enfatizando que espera que “o povo não saia prejudicado”, em virtude dos episódios envolvendo sindicato e a categoria. No início de 2014, os rodoviários fizeram uma greve de 15 dias, paralisando Porto Alegre.
A proposta apresenta pela categoria é de 11,5% de reajuste, calculado levando em conta a variação da inflação do ano passado e mais 5% de aumento real, e 25% no vale-refeição, que hoje é de R$19 por dia. Inicialmente, os patrões ofereceram 5% que foi rejeitado pelo Sindicato dos Rodoviários. Na proposta apresentada pelas empresas na terça-feira, além dos 8%, ofereceram um reajuste em R$ 2 no vale passando a R$ 21. Os trabalhadores também reivindicam o pagamento do benefício nas férias, mas os empresários propõem pagar 50% do vale para 30 dias de férias, no caso seriam liberados 15 tickets seriam liberados. Já a principal pauta dos grupos de oposição é a redução da jornada de trabalho para seis horas.
Atualmente, o salário de um motorista é de R$ 2.008, 10. Os cobradores recebem R$ 1.206,15. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Adair da Silva, considerou a proposta de 8% como boa e que deve ser aceita pela categoria, frisando que a primeira foi de 5%. Já um dos líderes da oposição à entidade sindical e também da greve, Alceu Weber, a classificou “como média”, uma vez que em 2014 conseguiram um percentual superior de aumento real: 2,2%. Já a inflação do ano passado foi superior a 6%.