
Quem passa diariamente pelo Centro de Porto Alegre já se acostumou a desviar de obstáculos por causa das obras, que começaram ainda em 2022. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) prevê entregar no fim deste ano o calçadão da Rua dos Andradas e o Viaduto Otávio Rocha, obras que já estavam atrasadas antes da enchente de maio.
A previsão inicial era finalizaro lado direito do Viaduto Otávio Rocha em dezembro do ano passado. O prazo para a conclusão geral era de 18 meses, ou seja, maio de 2024. Em março, no entanto, a Smoi informou que a reforma seria entregue em junho. Até agora, nenhum dos lados do viaduto está totalmente liberado.
“À medida em que for ficando pronto, vamos liberando por trecho”, garante o secretário André Flores. O titular da pasta afirma que, além da enchente, o atraso nas obras foi causado por dificuldades na drenagem dos prédios vizinhos e infiltrações na altura da escadaria.
A vigilante Patrícia Rodrigues trabalha das 6h às 20h no Teatro de Arena, que fica na escadaria do viaduto. Ela relata o medo que sente ao sair do trabalho para pegar o ônibus à noite, principalmente nos finais de semana, porque o viaduto está sem iluminação. “Não tem uma viva alma”, diz.


O chão da escadaria está coberto por um revestimento que Patrícia relata ficar muito escorregadio quando chove. “Eu já caí aqui, estava descendo e fui parar lá embaixo. Isso aqui é um sabão quando está molhado”, diz apontando para o chão.
Desde abril, a obra vem sendo executada também à noite, das 20h às 5h. A Smoi estima investir R$ 13,7 milhões no total da reforma. A Prefeitura pretende conceder o espaço à iniciativa privada quando a obra estiver pronta. Para isso, contratou a empresa São Paulo Parcerias, por R$ 1,69 milhão, para fazer os estudos de concessão do Viaduto.
Também ficou para o fim do ano a conclusão do calçadão da Rua dos Andradas. Com a parte central da rua cercada para as obras, os pedestres dividem espaços estreitos nas laterais de um dos passeios mais importantes de Porto Alegre.
“A previsão era [entregar a obra] no segundo quadrimestre de 2024”, diz Flores. “Encontramos dificuldades, principalmente com o cadastramento do subsolo, e tivemos adaptações na execução para mitigar impactos ao comércio, aos pedestres e à mobilidade”.

Fiscal de loja há 14 anos num estabelecimento que fica na esquina da Andradas com a Mal. Floriano Peixoto, Flávio de Lima Vieira está otimista com o resultado da obra. “Isso aqui, uma hora ou outra, tinha que ser feito. Como toda e qualquer obra, atrapalha e dá sujeira”, admite. “Mas, depois que estiver pronto, vai melhorar. Pode ter certeza que vai ter gente de fora vindo ver como ficou”, afirma.
Enquanto não termina, no entanto, a obra causa transtorno. “O nosso sábado aqui no centro era muito promissor. Vinha gente da Serra e da Região Metropolitana só para passear e fazer compras – eu já percebo quando as pessoas não são daqui”, explica Flávio. “Tenho percebido que esse pessoal não está vindo, quem circula é gente de Porto Alegre. Choveu muito nos últimos meses, então quem vem de outras cidades vai ao shopping para não se molhar. Mas também por causa da obra, isso aqui com chuva é um barral”, destaca.
A obra no calçadão da Andradas faz parte do projeto de revitalização do Quadrilátero Central, que também começou em 2022, e vai custar R$ 20,2 milhões.
