
A volta aos treinos na quarta-feira mostrou que os profissionais de Grêmio e Inter não teriam qualquer condição de trabalhar na terça, dia em que todos foram impactados pelo acidente com o avião da Chapecoense, perto de Medellín. A morte de amigos, parceiros, companheiros de profissão deixou jogadores e técnicos arrasados.
No reinício dos trabalhos foi assim: lamentos do técnico Lisca e do zagueiro Ernando no Beira-Rio, choro incontrolável de Renato (a ponto de se ver forçado a interromper a entrevista) na Arena. Todos falaram das perdas e do drama das famílias.
Ernando: ‘Ainda estou em choque‘
– É uma angústia que fica por dentro. São pessoas com quem a gente jogava contra, assistia, torcia. As pernas ainda tremem ao pensar na tragédia, no desespero de todo mundo. Não tem como esquecer. Na próxima viagem, pensarei, por mais que seja ao Rio de Janeiro. Você pensa “será que vale a pena ficar longe dos familiares sem saber que voltará?”. Mas não é só conosco. É com todo cidadão. Você não sabe se voltará em razão de um acidente, um assalto.
Renato: ‘Todo mundo é Chapecoense’
Na Arena, logo depois dos primeiros treinos (em que os jogadores fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos mortos no acidente), o técnico Renato Portaluppi já surpreendeu ao chegar à sala de imprensa vestido com a camiseta número 18 da Chapecoense. Abalado, disse que foi tão difícil falar que recusou todas as entrevistas da terça-feira para reforçar os depoimentos sobre a tragédia. Não saberia o que dizer.
Um dia depois, ainda comovido, falou no assunto – e em certo momento, ao fazer uma relação com a morte de seu pai, caiu no choro. Ao parar, decidiu encerrar a entrevista.
– Ainda estou abatido pela tragédia que aconteceu. Até porque no Grêmio com certeza eu seja a pessoa que mais trabalhou com pessoas da Chapecoense. Foi uma coisa muito ruim, muito triste. É uma maneira de homenagear o clube, a torcida, todas as pessoas usando a camisa da Chapecoense. E é difícil falar nessas horas. Se eu estou sofrendo aqui, pessoas do Brasil e no mundo todo, eu imagino o sofrimento destas famílias. Por um conforto às famílias, palavras de que são e sempre vão ser heróis, pais de família, jornalistas, o que posso fazer de minha parte é meus sentimentos a todos. Cada um procura homenagear as pessoas da sua forma. Importante é que não temos clube, cor, todo mundo é Chapecoense, todo mundo veste o verde. As homenagens que o mundo todo está prestando à Chapecoense.