Do blog de Mário Marcos.
A pausa na Libertadores, pelo jeito, não fez bem ao Inter. O entrosamento e a força mostrados nos confrontos com o Independiente, principalmente na vitória de 2 a 0 no dia 27 de maio, parecem ter sido perdidos nos jogos no Brasileirão. Lento, sem alternativas de ataque, prejudicado pelas lesões e pelo rodízio, o time voltou a perder – e, desta vez, no Beira-Rio, onde mantinha invencibilidade desde outubro do ano passado. Levou 3 a 1 do Atlético-MG, no início da noite deste domingo, e tirou a paciência do torcedor.
Com a derrota, o Inter termina a rodada perdendo três posições. Baixou de 11º para 14º, com 13 pontos – dez pontos abaixo dos primeiros colocados e apenas três acima do grupo de rebaixados. O Atlético chegou a 23 e recuperou a liderança que o Grêmio ocupava depois da vitória sobre o Santos.
Se alguém tem dúvidas sobre as qualidades perdidas nesta pausa basta pensar no que aconteceu nas duas últimas rodadas. Em apenas cinco dias, no espaço entre a quarta-feira do Recife e o domingo de Porto Alegre, o Inter sofreu duas derrotas e levou seis gols, de Sport e Atlético-MG.
Ou seja: Diego Aguirre terá mais uma tarefa nos próximos dias, antes da primeira semifinal contra o Tigres, no próximo dia 15, a de recuperar o ritmo, a força e principalmente a confiança do time.
Aguirre manteve no jogo contra o Atlético o padrão de sempre: além dos desfalques provocados por lesões, ele poupou Nilmar, escalou Nílton como segundo volante e insistiu com Jorge Henrique, lento e improdutivo, no meio. Teve D’Alessandro, mas ele acabou sendo prejudicado pela parceria.
Para complicar, Anderson se irritou com uma falta marcada aos 16 minutos do segundo tempo, xingou o auxiliar Bruno Boschilia e acabou expulso. A partir daí, o jogo que já estava difícil com o gol do Atlético marcado aos 13 ficou definitivamente comprometido. Com a vantagem de um jogador a mais, o time mineiro passou a jogar com inteligência, trocando passes, evitando perder a posse de bola e dominando o Inter.
Mesmo no primeiro tempo, quando o jogo foi equilibrado, o Inter mostrava sérias dificuldades para encontrar espaços e atacar. Lisandro López era bem marcado, Anderson rendia menos como meia do que na posição de volante, em jogos anteriores, e os laterais também não funcionavam.
O Inter teve uma boa chance aos 14 minutos, quando Rodrigo Dourado desviou de cabeça. A bola passou perto da trave direita. Voltou a ficar perto de marcar aos 32: Anderson avançou pela direita e chutou colocado, cruzado. Mais uma vez, a bola saiu. O Atlético só não marcou aos 34 porque William jogou o corpo na frente da bola bem no momento do chute de Maicosuel. E, aos 41, Lisandro López desperdiçou ao concluir mal.
Nada mudou na volta para o segundo tempo. Muriel defendeu com dificuldades um chute de Carlos César logo a 30 segundos. Aos seis, lançado por Nílton, Géferson entrou livre, mas chutou fraco demais, facilitando a defesa de Victor. Aos sete, Pratto, sozinho no meio da área, cabeceou fraco. Aos 13, o gol que fez o Inter desabar – e que começou com um erro da arbitragem: Lisandro López foi puxado por Edicarlos no ataque (ele seguiu, mas com o puxão perdeu a vantagem), o árbitro nada marcou, e na resposta, o Atlético avançou em velocidade até que Maicosuel, já na área, completou sem dificuldades para fazer 1 a 0.
Três minutos depois, o auxiliar marcou falta de Anderson em disputa com o marcador, no ataque. Irritado, Anderson xingou – e foi expulso. Foi o momento decisivo. Com um jogador a mais, o Atlético passou a dominar amplamente, sem dificuldades.
No mesmo momento, Aguirre trocou Jorge Henrique, que sentiu lesão muscular, por Alisson Farias. Foi a única mudança do técnico, apesar dos problemas do time.
O segundo gol foi consequência. Aos 31, Maicosuel entrou livre na área e só desviou. Dois a zero. O terceiro surgiu três minutos depois, com extrema facilidade: o Atlético trocou passes no ataque, sem que o Inter conseguisse impedir, até que Rafael Carioca lançou Tiago, às costas de Géferson. O chute saiu de primeira, rasteiro. Três a zero.
Foi o momento em que a torcida perdeu a paciência e passou a deixar o estádio. Muitos nem viram o gol de Lisandro López, aos 40, aproveitando falha de Jémerson (ao tentar afastar, ele pegou mal na bola, que sobrou para a conclusão do atacante).
Agora, Aguirre vai buscar a remontagem da equipe para buscar a vitória sobre o Flamengo na próxima quarta-feira, outra vez no Beira-Rio. No domingo, na última partida antes da volta a Libertadores, enfrenta o Joinville em Santa Catarina.