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7 de abril de 2014
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22:07

Em Porto Alegre, Aécio Neves critica fim das privatizações e diz aguardar definição de Ana Amélia sobre cargo de vice

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br

Fernanda Morena

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Em coletiva à imprensa, Aécio Neves não revelou a definição das alianças entre PSDB e PP no Rio Grande do Sul. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O pré-candidato à presidência da República, senador Áecio Neves (PSDB-MG), está em Porto Alegre nesta segunda-feira (7) para participar do 27º Fórum da Liberdade e aproveita a passagem pelo estado para articular possibilidades de alianças com o PP gaúcho, porém nada ainda foi definido. É o que ele revelou em coletiva à imprensa na tarde desta segunda, realizada na Assembleia Legislativa. A formação da chapa majoritária tucana no pleito nacional segue inconclusa, uma vez que o PP gaúcho ainda não definiu se a senadora Ana Amélia Lemos será a candidata ao Piratini ou se será vice de Aécio na candidatura ao Planalto.

O comparecimento do tucano na cerimônia de posse de governador Alberto Pinto Coelho (PP) em Minas Gerais fortalece a tese de que o PSDB deverá ter o PP na chapa principal como vice ao Planalto. Esta seria a primeira vez que os tucanos formariam aliança com os progressistas, já que o partido vem ocupando cargos ministeriais nos governo do PT e integra a base aliada do Planalto desde as gestões do ex-presidente Lula.

Para seu braço direito no pleito majoritário, Aécio contempla a ideia de atrair a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos, pré-candidata do PP ao Palácio Piratini em outubro e liderança nas pesquisas de intenção de voto divulgadas até o momento – ficando um à frente do governador Tarso Genro (PT), que tem aparecido na segunda colocação. Ana Amélia não participou dos encontros com Aécio no estado, pois cumpre agenda em Montevidéu. Entretanto, os dois se encontraram na posse de Pinto Coelho em Belo Horizonte e jantaram juntos na sexta-feira.

“Ana Amélia é o fato novo no Senado. Acredito nas coisas naturais na política, e devemos ter um entendimento até junho”, apontou o candidato mineiro. Ele acrescentou que o palanque rio-grandense será uma oportunidade para aumentar a visibilidade das propostas tucanas. Questionado se ele preferiria ter o palanque gaúcho com Ana Amélia como candidata a governadora ou como vice-presidente em sua chapa, Aécio respondeu com uma piada: “Você esqueceu que sou mineiro?” Ele disse aguardar a definição da presidência de ambas as legendas, que deverão aproveitar a vinda da comitiva ao estado para delinear as ações de aliança.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A ex-governadora Yeda Crusius participou da comitiva que recebeu o candidato em Porto Alegre. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A passagem de Aécio Neves pela Assembleia Legislativa gaúcha foi acompanhada do presidente do PP no Rio Grande do Sul, Celso Bernardi, da ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) e dos deputados federal e estadual Onyx Lorenzoni (DEM) e Paulo Borges (DEM).

Atrás na campanha

Outro passo importante em uma aliança com o PP no Rio Grande do Sul por meio de Ana Amélia seria aumentar a diferença entre ele e a presidenta Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de voto. Conforme revelou uma pesquisa Ibope publicada nesse sábado (5), se dependesse dos gaúchos, a candidata petista venceria já no primeiro turno, com 43% das intenções de votos, mais do que o dobro do percentual atingido pelo tucano (21%). O mesmo ocorreria em nível nacional, com a campanha tucana amargando uma lanterna distante da candidata petista, que também seria eleita no primeiro turno, com 38% dos votos. Em 2010, porém, o candidato tucano ao Planalto, José Serra, venceu a disputa no Rio Grande do Sul.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Conforme Aécio, Dilma aparece à frente nas pesquisas de intenção de votos porque o horário eleitoral ainda não foi aberto aos candidatos. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Conforme Aécio, os baixos percentuais de intenção de voto dos demais candidatos que concorrem com Dilma se daria pela falta de campanha e publicidade na televisão e demais veículos de comunicação de massa. Ele aponta que as pesquisas não levam em consideração esse desconhecimento e que, por isso, seria necessário cautela. Na pesquisa do Datafolha, realizada em nível nacional e publicada no sábado (5), Dilma aparece com dez pontos percentuais atrás do revelado pelo mesmo levantamento dois meses atrás. “Quem tem que estar preocupado é o governo”, avalia Aécio.

Ainda sobre a disputa de popularidade com o PT, o senador mineiro diz que a maior herança dos governos Lula e Dilma é o “crescimento pífio, a demonização das privatizações e a falha em melhorar as condições das áreas sociais”. “Somos o patinho feio do Pisa [exame internacional que elenca a melhor educação no mundo], a saúde é uma vergonha, e a segurança deixou de ser responsabilidade da União”, criticou. “Para mim, quem é candidato é indiferente. Se é candidata a Dilma ou se é candidato o Lula, o que eu quero é derrotar esse modelo”, frisou.

Sobre a negociação da dívida dos estados, Aécio criticou a base aliada que impede a votação no Senado e anunciou que o PSDB lidera uma campanha para que o recurso seja votado. Eles também irão apresentar uma moção no parlamento para apoiar a CPI da Petrobras na terça-feira (8).

Propostas

Não é segredo que o PSDB deverá se apoiar na lembrança das políticas financeiras de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso para angariar votos pelo país. Durante a entrevista, Aécio exaltou o exemplo de FHC à frente do governo e criticou as políticas anti-privatização do PT: “Eles demonizam a privatização, afastam o investidor estrangeiro e o Brasil cai no ranking de competitividade internacional”.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Para Aécio, governo federalista, com foco em segurança pública, saúde e educação serão prioridade. Economia deverá rever política contra privatizações. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Além da crítica ao fim das privatizações, Aécio também disse que daria seguimento a uma política federalista, aumentando o debate entre a União com estados e municípios, que faria uma pesquisa sobre a atual situação do Ipea; buscaria o que define como “desvinculação ideológica do país na política externa”; e a criação de uma segunda fase do programa Ciência Sem Fronteiras – em que ampliaria a queda das fronteiras não só para a saída de estudantes brasileiros do país, como para a entrada de especialistas estrangeiros em universidades brasileiras.

Dilma lidera intenção de votos no Brasil e no estado

Tanto no Rio Grande do Sul quanto no resto do país, eleitores demonstraram a intenção de reeleger a presidenta Dilma já no primeiro turno. Dentre os gaúchos, a candidata petista angaria mais votos entre jovens de 25 a 34 anos (48%) e acima de 55 anos (47%), com escolaridade até a 4ª série (49%), renda até dois salários mínimos (49%) e moradores da periferia (50%). Seu pior desempenho fica entre eleitores com curso superior (33%), renda superior a cinco salários mínimos (33%) e moradores da capital (30%).

O senador mineiro figura melhor entre adultos de 35 a 44 anos (25%), com curso superior (33%), renda superior a cinco salários mínimos (32%) e residentes da capital (30%).

Os índices de rejeição da presidenta também são superiores aos de seu maior concorrente: 25% das pessoas disseram que não cogitam votar na petista, ao passo que 16% disseram o mesmo de Aécio.

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Aécio aguarda definição da presidência do PSDB e PP para coligação no pleito nacional. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foi também publicado no sábado a pesquisa Datafolha sobre as eleições presidenciais, contemplando 2.637 moradores de 162 municípios do país todo. No levantamento, Dilma também sairia vitoriosa logo no primeiro pleito, com 38% das intenções de voto – dez pontos percentuais abaixo das intenções registradas em fevereiro. O senador mineiro seguiria na segunda posição, mantendo os mesmos 16% das intenções de voto registradas dois meses atrás. Eduardo Campos (PSB) subiu um ponto percentual, fechando com 10% dos entrevistados.

Uma das razões pelas quais a candidata petista é preferida no estado pode residir no avanço de obras de infraestrutura em solo gaúcho. Ela recentemente assinou contrato para duplicação da ponte do Guaíba, a BR-448 está pronta e a BR-392 (que liga Pelotas a Rio Grande) será inaugurada em breve. Além das estradas, o investimento de R$ 480 milhões em obras de saneamento pelo estado por meio do Pisa, ligado ao PAC, deve também aumentar a popularidade da petista no interior do estado.


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