
Samir Oliveira
Desde o dia 2 de abril, Porto Alegre não assistia a uma marcha contra o aumento da passagem pelas ruas da cidade. O ato que ocorreu na noite desta quinta-feira (24), organizado pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público, reuniu algumas centenas de pessoas e saiu da prefeitura em direção ao Largo Zumbi dos Palmares. Os militantes buscam a revogação do reajuste da tarifa de ônibus, que foi elevada de R$ 2,80 para R$ 2,95 no dia 4 de abril.
O trajeto da marcha foi curto e os manifestantes se demonstraram bastante animados ao longo da caminhada, cantando as palavras de ordem tradicionais do movimento, como: “vem pra rua, vem, contra o aumento”, “não vai ter Copa e nem aumento”, “que sacanagem querer pagar a Copa com o aumento da passagem”, “da Copa eu abro mão, eu quero é dinheiro pra saúde e educação” e “a luta não se reprime, protesto não é crime”.

Desta vez, um verso bastante comum durante as manifestações de 2013 voltou a ser usado: “quem apoia pisca a luz”. Trata-se de uma convocação às pessoas que assistem à passagem da marcha das janelas e sacadas de seus apartamentos. Ao longo do trajeto, muitas pessoas se debruçaram nas janelas para saudar o ato e piscaram as luzes de suas casas. O prédio no número 992 da Avenida Borges de Medeiros foi um dos que registrou um grande número de adesões das sacadas, empolgando os militantes que estavam na rua.
A concentração para o ato teve início às 18h e a marcha começou por volta das 19h30. Às 19h55, o grupo chegou no Largo Zumbi dos Palmares e permaneceu no cruzamento da Avenida Loureiro da Silva com a Rua José do Patrocínio, onde realizou pronunciamentos coletivos e intervenções em um megafone. Uma das falas alertava para a necessidade de que as manifestações se tornassem massificadas: “Como vamos conseguir barrar a Copa? Massificando. Meu colega de aula tem que estar aqui. Meu colega de trabalho tem que estar aqui. Minha mãe tem que estar aqui. Minha irmã tem que estar aqui. Os rodoviários têm que estar aqui”, conclamaram os militantes.

A dispersão acabou ocorrendo a partir das 20h15, com um chamado para a assembleia que o grupo realizará na segunda-feira (28). Ao longo de todo o trajeto, a Brigada Militar acompanhou os manifestantes pela parte de trás da marcha e através de deslocamentos realizados em furgões pela parte da frente. Quando o grupo chegou às proximidades do Largo Zumbi, os policiais ficaram posicionados na Rua José do Patrocínio. A polícia realizou o fechamento da Avenida Loureiro da Silva, de modo que não havia congestionamentos no trânsito ao redor dos ativistas.
Última marcha, realizada no início de abril, foi dispersada pela Brigada Militar
No dia 2 de abril, uma manifestação realizada pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público não conseguiu caminhar por mais de 15 minutos no Centro, tendo sido dispersada pela Brigada Militar logo após seu início. Desde então, os militantes optaram por realizar uma assembleia popular no dia 7 para expor um projeto de lei que municipaliza o transporte público na Capital e iniciar uma coleta de assinaturas para protocolar a proposta na Câmara Municipal sem a necessidade de subscrição por algum vereador. A estratégia veio acompanhada da montagem de um acampamento – já no dia 8 – na Praça Montevidéu, em frente à prefeitura, que permaneceu em funcionamento por oito dias.

Nesse período, o Bloco realizou dois atos: um no dia 10 e outro na semana passada, no dia 16. No primeiro, houve intervenções culturais e pronunciamentos no microfone do carro de som. O segundo acabou se transformando em uma roda de conversa sobre as ações já tomadas pelo movimento e um planejamento dos próximos passos. O ato ocorreu no mesmo dia em que havia sido encerrado o acampamento na Praça Montevidéu. Com isso, os ativistas tomaram a decisão de descentralizar a coleta de assinaturas, fazendo um trabalho de base junto às periferias da cidade.
Militantes estarão na Vila Conceição no próximo domingo
Neste domingo (27), os militantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público realizaram atividades na Vila Conceição, no bairro Partenon, em Porto Alegre. Os ativistas pretendem dialogar com a comunidade sobre o projeto de municipalização do transporte público e arrecadar assinaturas para que ele possa ser protocolado na Câmara Municipal.
Na assembleia da próxima segunda-feira (28), o grupo decidirá o calendário das próximas atividades nas vilas e periferias da cidade. A intenção do Bloco é estar na região do Parque dos Maias no dia 10 de maio e no Morro Santana no dia 3.