
Marco Weissheimer
Os servidores da Companhia Riograndense de Artes Gráficas (Corag) estão mobilizados contra a ameaça de extinção ou privatização da empresa que vem sendo cogitada por setores próximos ao governo José Ivo Sartori (PMDB). Nas últimas semanas, a companhia foi incluída em listas de órgãos públicos que poderiam ser extintas ou privatizadas, divulgadas em meios de comunicação. A Associação dos Servidores da Corag e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Porto Alegre estão fazendo um trabalho de divulgação dos números da empresa, que está longe de ser deficitária. A Corag, destacam, é autossuficiente do ponto de vista financeiro, contribuindo inclusive com recursos para o caixa único do Estado. Em seus 41 anos de vida, acrescentam, o Estado não precisou injetar um centavo no custeio da empresa, que sempre se sustentou com recursos próprios.
De 2008 a 2014, a empresa repassou ao governo mais de R$ 56 milhões, além de ter cumprido todos os seus compromissos, incluindo aí a folha de pagamento. Nos três últimos governos, destacam ainda as entidades, a Corag teve um lucro atualizado de aproximadamente R$ 134 milhões. Em 2013, a empresa teve uma receita total de R$ 50.958,731,00 e uma despesa total de R$ 40.286.602,00, o que gerou um resultado positivo de R$ 10.672.129,00. Já em 2014, a receita total chegou a R$ 58.690.973,00 e a despesa a R$ 44.927.272,00, com um resultado positivo de R$ 13.763.701,00.
O parque gráfico da companhia atende o Estado, publicando o Diário Oficial, entre outros serviços gráficos. Além disso, realiza trabalhos para o Banrisul, Detran, Junta Comercial e Procergs, mantendo ainda convênios com a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, Superintendência de Serviços Penitenciários e outros órgãos públicos. A empresa também presta serviços para a iniciativa privada. A quem interessa a extinção de uma empresa com esse desempenho? – questionam os servidores.
A Corag conta hoje com um quadro de cerca de 230 funcionários, sendo que 55% deles tem no mínimo 15 anos de experiência na empresa. A companhia possui um parque gráfico moderno, responsável por cerca de 25 milhões de impressos em 2014, produzidos para os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo o Sindicato dos Gráficos e a Associação dos Servidores, “a empresa pode chegar a resultados ainda melhores e absorver, por exemplo, impressos hoje contratados pelo Estado na iniciativa privada, através de gráficas que, além de incorrerem em um custo maior, ainda repassam milhões em porcentagem e comissão às agências de publicidade”. Esses serviços, assinalam, deveriam ser repassados à companhia conforme o Decreto nº 48.091/2011, que estabelece vinculação à Corag na execução de serviços gráficos.
Entre os principais produtos da empresa, destacam-se o Diário Oficial do Estado e o Certificado de Registro Veicular (CRV), emitido pelo Detran. Este é, segundo as entidades dos trabalhadores, um bom exemplo do que significa a Corag para o Estado em relação às gráficas privadas. A partir de 2009 estes documentos passaram a ser impressos pela empresa pública, com um custo cerca de 30% menor e com maior segurança. O mesmo acontece, acrescentam, com os talões de Nota Fiscal do Produtor Rural, um serviço prestado por intermédio da Secretaria da Fazenda com um custo aproximadamente 20% menor em relação ao preço cobrado pela iniciativa privada.
O faturamento anual do Diário Oficial ajuda a entender também os interesses que embalam os discursos dos defensores da extinção ou privatização da empresa. De janeiro a novembro de 2014, a Corag teve um faturamento, somente com publicações no Diário Oficial do Estado, de mais de R$ 40 milhões (R$ 40.867.306,63), distribuídos nas seguintes categorias:
Administração direta – R$ 1.587.749,19
Administração indireta – R$ 7.580.815,51
Fundações – R$ 3.042.212,57
Prefeituras e Câmaras – 10.989.527,19
Escolas – R$ 7.233,04
Iniciativa privada – R$ 16.814.126,28
Órgãos federais – R$ 845.642,85
Total: R$ 40.867.306,63
Incluindo outros serviços prestados, além da publicação do Diário Oficial, a Corag teve no mesmo período de 2014 um faturamento acumulado superior a R$ 55 milhões (R$ 55.934.098,00). Na avaliação das entidades que representam os trabalhadores da empresa, esses números ajudam a entender o crescimento da cobiça se setores da iniciativa privada sobre a empresa pública.