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19 de fevereiro de 2015
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10:12

Diretora de Políticas para Mulheres garante que Rede Lilás passa a ser “projeto de governo”

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Diretora de Políticas para Mulheres garante que Rede Lilás passa a ser “projeto de governo”
Diretora de Políticas para Mulheres garante que Rede Lilás passa a ser “projeto de governo”
 Foto: Ascom SJDH
Salma é uma das fundadoras do PMDB Mulher, atuando na pauta das mulheres e direitos humanos há 30 anos | Foto: Ascom SJDH

Débora Fogliatto

A militante do PMDB Mulher Salma Farias Valencio assumiu, nesta sexta-feira (13), a titularidade da diretoria de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH). Uma das fundadoras da ala feminina do partido e atual vice-presidente para a Região Sul, Salma tem buscado dialogar com os coletivos e organizações que se mostraram descontentes com o fim da secretaria voltada para o assunto, extinta pelo governador José Ivo Sartori (PMDB).

A nova diretora afirma que as políticas realizadas ao longo dos últimos anos serão mantidas, com apenas uma “mudança de status”. A Rede Lilás, serviços integrados para articular ações voltadas às mulheres em situação de violência, passará a ser um “projeto de governo”, de acordo com Salma. “A Rede Lilás passa a ser prioritária, não sendo um projeto só da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, mas de todo o governo”, garante.

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O Telefone Lilás – 0800 541 0803 – , para o qual mulheres em situação de violência podem ligar para fazer denúncias, continuará funcionando da mesma forma, também segundo ela. “O problema no momento é a readequação das estruturas, que fica um pouco tumultuada. Estamos há pouco mais de 30 dias tentando nos apropriar da situação e readequar”, explicou ela, que apesar de ter assumido oficialmente há pouco tempo, já colaborava com a secretaria desde o fim de janeiro.

Salma assegura que, além do enfrentamento à violência, seu foco será na autonomia das mulheres, a partir da promoção de iniciativas ligadas à geração de emprego. “Queremos realizar ações buscando fazer com que a mulher tenha mais protagonismo na sua própria vida, saindo dessas situações de risco. Claro que sabemos que isso é uma questão a longo prazo, mas o trabalho é nesse sentido”, disse. A primeira-dama, Maria Helena Sartori (PMDB), nomeada secretária extraordinária para Políticas Sociais, também deve apoiar as ações voltadas aos direitos das mulheres.

Críticas ao fim da SPM

Desde que foi anunciada a extinção da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), coletivos e iniciativas se organizaram para protestar contra seu fechamento. Para a iniciativa Mulheres Unidas, a transformação da SPM em uma diretoria “reduz visibilidade dos temas relativos à busca pela igualdade de gênero, reduz verbas próprias e autonomia na formulação de políticas públicas para as mulheres”, de acordo com comunicado publicado em sua página do Facebook.

Foto: Alina Souza/Sul21
Mulheres protestaram na posse dos deputados contra o fim da Secretaria | Foto: Alina Souza/Sul21

A diretora afirmou estar “a par da polêmica” e contou já ter se reunido com o Fórum de Entidades de Mulheres do Estado na semana passada, quando abriu oficialmente um diálogo em nome da SJDH. “Estamos aqui abertos, é evidente que não temos como pautar nenhum movimento e nem queremos isso. Temos também tranquilidade de saber que não vamos ter uma posição hegemônica”, analisou ela, apontando que as “circunstâncias do momento nos levam a situação de não ser mais secretaria, com o enxugamento da máquina e um reordenamento entre setores”.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos, César Augusto Faccioli, é “um grande aliado”, na visão de Salma. “Ele teve um trabalho incansável no sentido de que a secretaria não se transformasse em coordenadoria, mas sim em departamento. E tem um olhar muito especial em relação à questão com a mulher”, garantiu.

Um artigo do secretário divulgado esta semana, no entanto, tem causado nova polêmica entre grupos feministas. Em texto ao jornal Zero Hora, Faccioli escreveu: “Pretendemos o fim da filantropia clientelista, da política do coitadismo e da vitimização que fragiliza e condena a mulher à dependência permanente da ajuda estatal”. Para Gabriela Pasusch, da Iniciativa Mulheres Unidas, as palavras dele são “as que todo homem machista de direita diz, mas com termos mais elaborados”. O grupo O Roubo da Pitangueira também criticou a declaração em sua página no Facebook. Para ele, ao declarar que as mulheres são “vitimistas”, o secretário usou o espaço para “ridicularizar e menosprezar as políticas para as mulheres do RS”.

O secretário César Augusto Faccioli foi procurado pelo Sul21, mas não retornou nosso contato até o fechamento da matéria.

Março, mês da mulher

A nova diretora esteve reunida nesta quarta-feira (18) com grupos de mulheres para elaborar um calendário unificado para março, em que se comemora o mês da Mulher. “Acredito que tenhamos já avançado com interlocução da sociedade e movimentos de mulheres, elas estiveram conosco na elaboração do calendário unificado. Acredito que o mais importante para todas é a manutenção dos serviços”, afirmou.

A Iniciativa Mulheres Unidas também planeja ações para o dia 8 de março, no chamado Dia de Luta pela Vida das Mulheres, em que serão realizadas rodas de conversa, intervenções artísticas, uma Feira das Mulheres e a ação Mulher Ajuda Mulher.


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