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5 de janeiro de 2017
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21:14

MPL propõe sistema para que Distrito Federal tenha tarifa zero nos ônibus

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Sul 21
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MPL propõe sistema para que Distrito Federal tenha tarifa zero nos ônibus
MPL propõe sistema para que Distrito Federal tenha tarifa zero nos ônibus
Manifestantes protestaram na Rodoviária do Plano Piloto, dia 2, contra aumento das tarifas no Distrito Federal | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Mariana Tokarnia

Da Agência Brasil

Aumentar a tarifa não é a única saída possível para custear o transporte público no Distrito Federal, segundo o Movimento Passe Livre (MPL). “Existem outras soluções, inclusive soluções que você coloca a população de verdade na posição de debater e não só à mercê da vontade do governador (Rodrigo Rollemberg-PSB) e dos empresários”, defende a integrante do movimento Maria Paiva Lins, em coletiva de imprensa.

O MPL apresenta nesta quinta-feira (5) à Câmara Legislativa uma proposta para gerir o transporte no Distrito Federal. A ideia, em vez de aumentar cada vez mais as passagens, é progressivamente chegar à tarifa zero, para toda a população. Para isso, o movimento diz ser necessária uma reforma em todo o sistema de transporte. A administração, hoje feita por concessão ou permissões a empresas privadas com subsídio do governo, passaria a ser feita por empresa pública, criada para esse fim.

O financiamento viria da camada mais rica da população, por meio de aumento progressivo de impostos a empresas e grandes fortunas. Com a empresa pública, os funcionários ganhariam também maior estabilidade trabalhista. O movimento defende ainda a gestão popular, por meio de comitês regionais, nos quais a população diria o que deseja do transporte e o governo executaria. “O transporte não é objeto para lucrar, e sim, direito da população”, diz Maria Paiva Lins.

Aumento

O governo do Distrito Federal anunciou o aumento na virada do ano, no dia 30 de dezembro. Os preços das passagens passaram de R$ 2,25 para R$ 2,50; de R$ 3 para R$ 3,50 e de R$ 4 para R$ 5, de acordo com o trecho e o modal utilizado, a partir da última segunda-feira (2). Segundo o governo, o ajuste é necessário para manter benefícios à população. Em 2014, o governo bancava 16,7% das passagens de transporte público no DF com gratuidades. Esse número subiu para 22% em 2015 e para 27,8% em 2016. A estimativa é reduzir, em 2017, cerca de R$ 180 milhões em gastos.

O anúncio do aumento, feito por meio de decreto, causou mal-estar a deputados da Câmara Legislativa, contrários ao reajuste. A Câmara chegou a cogitar um projeto de decreto legislativo para derrubar os efeitos da medida do governador Rodrigo Rollemberg. O presidente da Câmara Legislativa do DF, deputado Joe Valle (PDT), anunciou na terça-feira (3) a convocação extraordinária dos deputados distritais para sessão no próximo dia 12 para debater o decreto que reajustou as passagens.

A Câmara também começa a discutir, com o corpo técnico e entidades sociais, os efeitos do aumento. Uma das reuniões ocorre hoje, com participação do MPL.

Revogação do aumento

Para o MPL, a situação só se resolve com uma mudança total do sistema de transporte público, como ele funciona e com a revogação do aumento. “E não (com) a revogação do aumento, como moeda de troca, proibindo e coibindo o passe livre estudantil ou dos idosos. É a manutenção do passe livre e ampliação das pessoas na tarifa zero”, explica Maria Lins.

Sobre uma das possibilidades cogitadas pelo governo para reduzir o aumento, que é restringir o passe livre estudantil em escolas particulares, de acordo com a renda, o MPL posiciona-se contra. “O estudante tem direito de ir para sua escola gratuitamente, somos população, temos direito de ir e vir, e este direito está sendo cobrado. Estão nos cobrando R$ 10 para ir e vir da nossa escola”, diz Bianca Campos, que integra o movimento.

Em relação às manifestações que ocorrem desde o anúncio do aumento, o MPL diz que não é “dono da revolta”. “A gente está desenvolvendo a luta pelo transporte como usuários de transporte público que somos, vários outros grupos e usuários também estão indignados”, diz Leila Saraiva, também do MPL. Estão previstos novos atos hoje (5) em Taguatinga, e amanhã (6), em Ceilândia, Planaltina e São Sebastião.


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