
Débora Fogliatto
Os moradores da Ocupação Saraí, no centro de Porto Alegre, receberam neste sábado (26) dezenas de pessoas que foram à esquina da rua Caldas Júnior com a Avenida Mauá apoiar a comunidade. O evento começou por cerca das 16h, com brechós de roupas e sapatos, camisetas personalizadas para vender, atividades para as crianças e exposição de desenhos. Mistura de manifesto de luta com festa cultural, a Defesa serviu como forma de visibilizar a situação das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade ocupando o prédio há cerca de oito meses.
Ao longo da tarde, começaram as apresentações musicais, cujo auge foi a performance das crianças da Saraí, que cantavam no microfone palavras sobre direito à moradia, por volta das 18h. Os participantes também tiveram a oportunidade de ajudar a confeccionar suas próprias camisetas personalizadas de estêncil, com palavras de apoio à ocupação, em troca de uma contribuição espontânea. Os moradores ainda venderam comidas e bebidas, que foram sendo feitas ao longo do evento.

O abaixo-assinado que defende a desapropriação do prédio para moradia popular também circulou, angariando apoiadores. Embora a maioria das atrações do evento acontecessem na rua, que foi fechada para carros neste sábado, o primeiro andar do prédio estava aberto para visitações. Lá é o espaço de convivência, onde fica a cozinha em que estavam sendo feitos bolos, caldinho de feijão e quentão. No salão, iluminado fracamente pelas poucas lâmpadas que os moradores conseguem sustentar, os apoiadores puderem ver as pinturas sobre luta pela moradia e apoio à ocupação feitas nas paredes.
Outra novidade para os moradores da Saraí são as aulas de alfabetização para adultos, ministradas pela moradora Paula Soares, alfabetizadora certificada pela Secretaria de Educação. “As aulas são para os adultos, mas as crianças vêm e ficam junto, querem participar”, conta. Iniciado na semana passada, o projeto acontece no próprio espaço de convivência, foi iniciado na semana passada e conta com 14 alunos.
O Defesa Pública da Saraí acontece três dias antes da audiência de conciliação determinada pela juíza Cláudia Maria Hardt, em que os moradores devem se reunir com os representantes do governo do estado e os proprietários. O secretário estadual de Habitação, Marcel Frison, já afirmou que o interesso do governo é em adquirir o imóvel para desapropriá-lo para moradia popular, o que ainda vai depender de negociações com a Risa Administração e Participações LTDA, que possui o prédio mas o mantém sem utilização.
Considerada um símbolo da luta pela moradia, a Ocupação Saraí é a quarta naquele prédio. Além de ser a mais longa, é também a primeira em que existe a possibilidade real de os moradores não serem despejados e conquistarem o direito de permanecer lá. O ato de sábado serviu também como protesto contra a lógica da especulação imobiliária e como forma de apoio à causa social da luta pela moradia.
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