
Luís Eduardo Gomes
O Hospital Beneficente São Vicente de Paulo, de Osório, está suspendendo a realização de partos e cirurgias devido a falta de verbas para manter o bloco cirúrgico aberto. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o principal motivo para as dificuldades financeiras do local é a diminuição do valor repassado pelo governo do Estado.
De acordo com assessoria, desde que o bloco cirúrgico reabriu, no dia 2 de fevereiro deste ano, o hospital opera com um déficit mensal de R$ 200 mil. Em decorrência desse déficit, os médicos que trabalham no bloco estão sem receber há dois meses. Em maio, os demais funcionários do bloco receberam seus vencimentos no dia 15 e não há previsão de quando receberão neste mês.
Para sanar o déficit, o hospital optou pelo fechamento do bloco cirúrgico, que é um setor de custo elevado, demitiu médicos e realocou técnicos para outros setores. Como não haverá capacidade de proceder quaisquer operações decorrentes de problemas no parto, o hospital também não realizará partos normais.

Segundo a assessoria, o hospital recebe atualmente em torno de R$ 900 mil por mês de repasse do governo do Estado, o que corresponde a maior parte de seus recursos. Na gestão anterior, o repasse de verbas estaduais definidos por contratos girava em torno de R$ 1,2 milhão, o que, segundo a assessoria, seria o necessário para manter o bloco cirúrgico aberto. Além dos repasses do governo do Estado, o hospital recebe repasse de verbas da prefeitura de Osório (em torno de R$ 400 mil) e trabalha com convênios e atendimentos particulares.
Pacientes devem procurar outras cidades
O hospital trabalhava com uma média mensal de 120 partos por mês – o número médio de cirurgias não foi informado -, que deverão agora ser realizados em hospitais de Tramandaí e Capão da Canoa, principalmente. Estes hospitais, bem como a rede hospitalar de Porto Alegre, também passarão a receber as cirurgias que não poderão mais ser feitas em Osório. Como estes locais já estão operando acima de suas capacidades e também sofrem com a diminuição de repasses, resta saber se terão condições de absorver os pacientes oriundos de Osório.
Esta não é a primeira vez que o bloco cirúrgico do São Vicente de Paulo fecha. No ano passado, o espaço esteve fechado devido a um incêndio. Após ser reformado e receber equipamentos novos, o hospital foi reaberto em fevereiro. Com a suspensão das operações, estes aparelhos deverão ser retirados de operação e apenas receber manutenção no aguardo de que o repasse de verbas seja reajustado para permitir que o setor volte a operar.
Além da própria cidade de Osório, o hospital São Vicente de Paulo atende as cidades de Santo Antônio da Patrulha, Capivari do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, Caraá e Tavares. Os demais serviços do hospital continuarão sendo realizados normalmente.
O que diz o governo do Estado
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, o Hospital São Vicente de Paulo vem recebendo, desde janeiro de 2015, um valor mensal de R$ 900 mil, correspondente ao pagamento dos serviços prestados ao SUS e de incentivos estaduais. O órgão diz ainda que os repasses estão em dia e que, além desses valores, o hospital recebeu este ano R$ 1 milhão, em duas parcelas, para a reestruturação, após o incêndio de 2014.
De acordo com o secretário João Gabbardo dos Reis, a direção do São Vicente de Paulo já foi recebida três vezes pelo gabinete da SES, sendo duas audiências realizadas em Porto Alegre e uma no próprio município de Osório. “ O hospital está pleiteando um reajuste de 80% nos valores mensais, por isso não houve e acreditamos que não será possível um acordo, apesar de toda a disposição para encontrarmos um denominador comum e garantir o atendimento da população”, informou por meio de nota.