

Luís Eduardo Gomes
Apesar de anunciar no início da semana a suspensão do funcionamento de seu bloco cirúrgico por falta de recursos, o que acarretaria na não realização de cirurgias e partos, o Hospital Beneficente São Vicente de Paulo, de Osório, anunciou em nota que manterá o setor aberto até, pelo menos, a próxima terça-feira.
O hospital alega que não tem dinheiro para pagar os médicos e funcionários do bloco cirúrgico, que estaria gerando um déficit mensal de R$ 200 mil – a instituição recebe atualmente cerca de R$ 900 mil mensais em repasses do governo do Estado.
Após mediação do deputado estadual Ciro Simoni (PDT), ficou definido que os serviços serão mantidos até que seja realizada uma reunião entre a direção do hospital e a Secretaria Estadual da Saúde, marcada para a próxima terça-feira (16).
Contudo, caso não haja um acordo sobre novos repasses para manter o bloco cirúrgico aberto, ainda há possibilidade de fechamento. “Cabe ressaltar que nunca foi objetivo do hospital de Osório paralisar os serviços. A medida havia sido tomada devido à extrema crise que o mesmo enfrenta. Caso não haja um entendimento na próxima semana, tal ação será inevitável”, diz a nota do hospital.
Segundo a assessoria de imprensa do São Vicente de Paulo, se não aumentar o repasse do governo do Estado, em breve o hospital não terá recursos para pagar fornecedores e comprar medicamentos, o que prejudicará as demais áreas que conseguiriam ser mantidas em funcionamento com o fechamento do bloco cirúrgico.
De acordo com a Secretaria da Saúde, a suspensão das operações do bloco cirúrgico, se vier a ocorrer, configuraria uma quebra de contrato entre o hospital e o governo do Estado. Como consequência, a secretaria solicitaria o descredenciamento da natureza filantrópica do São Vicente de Paulo e o encerramento dos repasses para a instituição.
Justiça vai analisar cancelamento de repasse para Guaíba
Na última segunda, a secretaria anunciou o cancelamento do repasse mensal para outro hospital, o Livramento, de Guaíba. Contudo, o prefeito da cidade, Henrique Tavares, recorreu à Procuradoria-Geral do Município para garantir a realização de uma audiência com o Poder Judiciário e o Ministério Público para tentar evitar o cancelamento da verba, R$ 78 mil mensais.
“Sem esse pequeno valor, o hospital vai fechar. Como médico, digo: a crise financeira não pode estar acima dos pacientes”, defendeu o prefeito em nota.
A Justiça marcou a audiência para o próximo dia 23 de junho e intimou o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, a participar.