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8 de maio de 2015
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21:42

Prefeito cobra providências para conter violência em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Prefeito José Fortunati pediu ao Secretário de Segurança, Wantuir Jacini, pediu, nesta sexta, ações para conter violênica na Capital
Prefeito José Fortunati pediu ao Secretário da Segurança, Wantuir Jacini, pediu, nesta sexta, ações para conter a violência  na Capital |Foto:Luciano Lanes/PMPA

Jaqueline Silveira

Se dizendo preocupado com o aumento da violência na Capital, o prefeito José Fortunati reuniu-se a portas fechadas, na tarde desta sexta-feira (8), com o secretário de Segurança do Estado, Wantuir Jacini. Na saída, o prefeito disse que o encontro não foi motivado pelos “episódios desta semana”, referindo-se ao assassinato de um dos líderes do tráfico de Porto Alegre, Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), na quinta-feira (7). Fortunati garantiu que havia agendado há 15 dias a reunião com Jacini.

Prefeito Fortunati disse que há grande insegurança na Capital|Foto: Caroline Ferraz/Sul 21
Prefeito Fortunati disse que há grande insegurança na Capital|Foto: Caroline Ferraz/Sul 21

“A preocupação que temos é com o nível de insegurança em Porto Alegre”, justificou Fortunati, que estava acompanhado pelo vice-prefeito, Sebastião Melo. Em resposta, conforme o prefeito, o secretário informou que providências estão sendo tomadas, “ao menos os itens básicos.” “Mas é muito pouco”, avaliou o chefe do Executivo, acrescentando que o governo do Estado está estudando ações pontuais. “A população de Porto Alegre deseja tranquilidade no seu dia a dia. Há uma grande sensação de insegurança em Porto Alegre”, reforçou ele. No último mês, execuções foram registradas à luz do dia e em lugares movimentados da Capital, além de um ônibus incendiado.

Fortunati informou que a prefeitura trabalhará em parceria com a Secretaria de Segurança na tentativa de reduzir os índices de criminalidade na Capital, especialmente com investimentos em tecnologia. Ele acrescentou que deve ir à França junto com o governador José Ivo Sartori para conhecer o Centro de Inteligência da Airbus, em Paris, a fim de implantar um sistema semelhante no Rio Grande do Sul. Para o prefeito, o governo municipal está fazendo a sua parte com a iluminação de parques e instalação de câmeras, que hoje somariam mil unidades. Sobre medidas para frear a violência, Fortunati disse que não caberia a ele apresentá-las ao secretário. “Obviamente, não caberia cobrar horas extras e efetivo”, disse o chefe do Executivo, ao responder um dos questionamentos da imprensa.

A assessoria de imprensa informou que o secretário da Segurança não se pronunciaria porque tinha “uma reunião importante” na sequência. Em nome da pasta, falou o diretor de Gestão Estratégia, tenente-coronel Luiz Porto. A partir de agora, conforme ele, serão realizadas “ações colaborativas”, especialmente no aprimoramento dos gabinetes de gestão da Capital e do Estado. O objetivo, segundo Porto, é fazer parcerias com as prefeituras de todo o Estado para combater a criminalidade no Rio Grande do Sul.

Sem dar detalhes, ele afirmou que foram feitos ajustes na segurança para conter a violência. O tenente-coronel insistiu em afirmar que uma das alternativas para diminuir a criminalidade é o investimento em tecnologia. “Você não produz sensação de segurança só com homens, mas com tecnologia”, argumentou Porto, referindo-se especialmente à instalação de câmeras de monitoramento. Ao ser questionado sobre a ocorrência de crimes em lugares movimentados e gravados, ele respondeu: “As câmeras não vão impedir, mas facilitam a elucidação dos delitos”. Com isso, conforme o representante da Secretaria de Segurança, se permite que os autores sejam rapidamente identificados e “encarcerados”. “Nós (polícia) não conseguimos estar presentes 24 horas por dia”, argumentou ele, sobre a importância do monitoramento.

Diretor de Gestão Estratégia da secretaria, Luiz POrto diz que chamar mais policiais depende das finanças do Estado|Foto: Caroline Ferraz/Sul 21
Diretor de Gestão Estratégia da secretaria, Luiz Porto diz que chamar mais policiais depende das finanças do Estado|Foto: Caroline Ferraz/Sul 21

Déficit de policiais

Quanto à retomada das horas extras cortadas no começo do governo Sartori e a nomeação de mais PMS como medidas mais rápidas para conter a criminalidade, Porto disse que essas questões estão sendo avaliadas pela Secretaria da Fazenda e Casa Civil e que não dependem da Segurança. “Isso depende da questão financeira do Estado”, frisou. “Existe um mundo ideal e o que é possível”, emendou ele, sobre o esforço da secretaria na tentativa de reduzir a criminalidade. Ele admitiu que há um déficit de policiais no Estado, porém disse que não revelaria os números por questão de segurança. “O déficit é grande, mas não vamos entrar em detalhes”, desconversou Porto. Ainda segundo o diretor de Gestão Estratégia, no primeiro trimestre foi possível reduzir os índices de homicídios e furtos, apesar do cenário de violência atual.

Assassinato na Pasc

Sobre o assassinato de Teréu na Pasc e a possibilidade de agravamento da violência com confrontos entre o grupo liderado por ele e outro rival, liderado até janeiro pelo traficante Xandi, assassinado no litoral, Porto procurou amenizar a dimensão: “Ele (assassinato) não representa o caos da segurança pública como um todo.” Ao finalizar, o diretor de Gestão Estratégia reforçou o uso da inteligência como alternativa para combater o poder do tráfico.

Em nota divulgada pelo governo do Estado ao final da tarde sobre a reunião, o secretário informou que, depois da elaboração de um diagnóstico sobre a criminalidade na Capital, serão desenvolvidas medidas para aprimorar o policiamento em Porto Alegre. “Após desenvolvermos o estudo situacional, iniciamos a aplicação da nova metodologia de ação. Agiremos com foco nas regiões de maior vulnerabilidade, através da atuação integrada das nossas vinculadas, balizadas pelas diretrizes estabelecidas pela secretaria”, diz Jacini, na nota.

Depois do encontro com o prefeito, o secretário Wantuir Jacini se reuniu com toda a cúpula da Segurança, inclusive com a presença dos comandantes regionais, para tratar de um planejamento estratégico imediato. 

Sindicato cobra providências

Apesar de reconhecer que o aumento da violência não é problema somente do Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ageirm) divulgou nota cobrando providências da Secretaria de Segurança devido à gravidade do cenário de criminalidade do Estado. A nota critica o fato de a sociedade não conhecer ou não existir um plano de segurança, além do “desmonte da segurança pública”.

Conforme a Ageirm, o trabalho da Polícia Civil está fragilizado pela redução das horas extras em mais 80% e o contingenciamento do combustível em 50%. Na nota, o sindicato também cobra a nomeação de 650 agentes convocados ainda no ano passado para suprir o déficit de policiais. “O Estado deve promover políticas públicas que transcendam as necessárias ações de combate à violência. Quando vemos, na imprensa, o local identificado como “o quartel-general” do traficante morto ontem, fica fácil verificar que ali não tem nada, posto de saúde, creche, políticas de inclusão. O combate à violência se dá por inúmeros fatores, infelizmente, todos negligenciados pelo Estado”, avaliou o presidente do Ageirm, Isaac Ortiz.

 


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